Eleito o herói da vez
Muitas sociedades, que vivem em locais de evidente necessidade de mudanças, buscam elevar determinadas pessoas à posição de herói. Essa necessidade se dá pela carência que apresentam em questões políticas, culturais, sociais, mas principalmente econômicas.
Durante o processo em que se cria um herói, as características negativas da pessoa são esquecidas e suas qualidades exaltadas, havendo um maniqueísmo por parte de quem pretende criar tal herói.
Em geral, os candidatos a herói surgem quase que involuntariamente, elevados por uma mídia nada imparcial e manipuladora de interesses.
Hoje em dia, Luís Inácio Lula da Silva, presidente do Brasil, é visto por muitos como herói popular. O homem de origem humilde, filho de catadores de cana, chegou ao poder depois de enfrentar inúmeros conflitos, mas perseverou e venceu.
''Lula vai acabar com a fome no Brasil'' ou ''Lula é o meu ídolo, ele me deu dignidade'' são discursos possíveis de se ouvir por parte de pessoas auxiliadas pelo presidente, mas será que é única e exclusivamente por parte de Lula que surgem motivações para ajudar os que se dizem necessitados? E mais: será que esse, por si só, é um motivo ou argumento para elevá-lo à condição de herói?
Certas sociedades amparam-se na figura de heróis e esperam que determinados problemas sejam solucionados simplesmente porque os heróis estão lá para nos salvar, enquanto esquecem (ou fingem que esquecem) que não são necessários heróis revolucionários, heróis populares ou qualquer outro tipo de salvador.
Somente a partir do momento em que houver consciência de que esperar que um herói, que é uma pessoa comum, que tem qualidades e, embora omitidos, também tem defeitos, possa estar em vários locais, ajuidando pessoas e resolvendo tudo, é algo utópico, talvez grande parte das sociedades possa encontrar uma resposta real para a eleição de heróis, essa necessidade meramente inspiradora e carente das próprias sociedades.