Enfim, Cuba (XIII)

continuação...

CRIMINALIDADE:

Todo mundo furta. A corrupção é endêmica. O rufianismo e a prostituição são formas de “bico”. Em compensação não existe a criminalidade pesada na ilha. A receita é muito simples: um Código Penal muito rígido e a proibição do uso de arma de fogo. Nem no mercado negro é possível encontrar um revólver.

Também não vimos pessoas drogadas, a despeito do consumo não ser penalizado. O que se penaliza é o tráfico e a posse. O Ministro da Justiça, Roberto Diaz Sotolongo, no Granma International de 4 de abril de 2001, afirmou que no ano de 2000 houve 280 casos de envolvendo drogas no país, deles 66 eram jovens, o que representa 0,0035 da matrícula total do ensino secundário, pré-universitário e tecnológico do país. Afirmou: “ Para Cuba, esta é uma cifra preocupante, embora insignificante se for comparada com a realidade de outros países”.

CRIANÇAS:

A gente fica entusiasmado de ver as crianças cubanas. Não é verdade absoluta que estas não são exploradas, que inexiste mão-de-obra infantil, pois presenciamos, embora poucas, pedindo esmolas, oferecendo charutos, laborando como flanelinhas, ajudando a família nas atividades ilegais. Mas isto é exceção. Na verdade, uma infração à lei.

A regra é todas nas escolas. Vestidas e calçadas decentemente. Limpas. O estudo é obrigatório e os pais que desobedecem levam multa.

Também divertem-se muito. Os esportes e as artes incentivados.

Quanto à educação, é inegável a vitória da revolução cubana. O binômio revolução-educação é inseparável. Para se ter uma idéia, em 1959, ano da revolução, 37,5% da população acima de sete anos era analfabeta. O novo governo realizou uma gigantesca campanha para combater este mal. Atualmente quase não existem analfabetos em Cuba.

Mas, ao contrário do que se pode pensar, a escola não é totalmente gratuita. O ensino primário custa quarenta pesos mensais, o que corresponde a vinte por cento do salário médio.

As universidades não têm vagas para todos. Há uma espécie de vestibular selecionando os candidatos. É justo. O ensino superior deve ser privilégio dos melhores.

Em Cayo Largo tive oportunidade de ficar amigo de um cubanito de 8 anos. Não entendi bem a sua história. Contou que a mãe tinha morrido e que ele estava com seu outro pai e que iria para a Alemanha. A avó tinha morrido por ter comido macarronada. O pai dele estava em Havana. A Sandra e eu ficamos brincando com ele na piscina. Demonstrou ser hábil nadador e arremessador de bola de basquete. Falava um pouco de inglês e francês. Misturava muita imaginação com realidade. Nós não entendendo nada de estar ele ali com outro pai. Descobrimos depois: estava sendo levado para a Alemanha por um “pai” alemão, simpatizante do regime castrista, para estudar. Passaria uns anos por lá e depois voltaria para ajudar na ilha.

Em Havana, andando sozinho nas ruas, conheci uma moçoila, uniformizada, indo para a escola. Estava cursando fisioterapia. Não conseguiu ingressar na medicina. Disse que era de Trinidad. Muito simpática. Provavelmente com dezessete ou dezoito anos. Acabou se oferecendo para um programa. Apenas para ajudar nas despesas.

Não era profissional. É claro que recusei. Se a Sandra fica sabendo...

Sobre esta questão Fidel já disse: as universitárias não se prostituiram. As prostitutas é que se tornaram universitárias. Êta homem bom em criar sofismas!