Poncio Pilatos abriu caminho para a legalização do aborto

 

Como lemos no Evangelho de São João:

"Pilatos saiu outra vez e disse-lhes: -Eis que vo-lo trago fora, para que saibais que não acho nele nenhum motivo de acusação." (Jo 19,4)

E no Evangelho de São Lucas:

"Declarou Pilatos aos príncipes dos sacerdotes e ao povo: -Eu não acho neste homem culpa alguma." (Lc 23,3)

Não obstante Pilatos condenou Jesus à morte, assinando a sentença.

Acredito que, apesar de todas as injustiças jurídicas que certamente já se praticavam largamente no mundo, deve ter sido algo inédito um juiz declarar o réu inocente e mesmo assim o condenar à morte.

Pilatos é o pioneiro desta aberração jurídica: a pena de morte para inocentes.

Quando nos tempos modernos Lenin, ditador da União Soviética, legalizou o aborto, estava seguindo os passos de Pilatos. Pois não há dúvida alguma de que o bebê nascituro (que os abortistas não querem chamar de bebê nem de nascituro, mas somente de feto) é um ser humano inocente além de indefeso. A principal aberração, das muitas que acompanham a questão do aborto ou feticidio, é que sua legalização equivale a implantar a pena de morte para inocentes.

E é o supra -sumo da injustiça que uma criança deva pagar com sua vida para acobertar a canalhice de um homem.

Já leram o belo romance de Lima Barreto, "Clara dos Anjos"? É um grande livro que ilustra bem o que eu digo. A protagonista é uma jovem mulata, inculta e ingênua, seduzida por um canalha don-juan que a tenta com palavras melifluas e por fim a deflora e, tendo obtido o que queria, some do mapa. Descobrindo-se grávida e não querendo enfrentar a família Clara resolve abortar em segredo e recorre a uma senhora vizinha para obter o dinheiro necessário, mas graças a Deus esta senhora era uma mulher sensata e dissuade a garota. Clara então deixará sua prole viver.

Há uma grande lição neste romance, de um dos mais notáveis escritores brasileiros e que por sinal era mulato e conheceu bem o preconceito étnico. Se Clara fizesse o aborto estaria condenando uma criança inocente à morte enquanto o homem machista e cafajeste prosseguia impune, Clara não era sua primeira vítima nem seria a última. E convenhamos, é preferível tornar-se mãe solteira (e ninguém tem o direito de condenar, aliás minha mãe costumava observar que nesses casos, "o filho redime a mãe") a tornar-se assassina.

Na verdade não se trata de condenar a gestante que aborta, pois é Deus quem julga as pessoas e há uma forte pressão da sociedade hipócrita e machista para coagir as mulheres a abortarem por qualquer dificuldade. Mas o ato em si deve ser condenado, anotando que no geral nenhuma mulher aborta sozinha. Da família que induz ou coage, passando por amigos e vizinhos mal conselheiros até chegar na equipe da clínica, há uma pequena multidão envolvida, inclusive namorados ou amantes. Se for verificar haverá mais homens envolvidos que mulheres. O aborto é a grande arma de machistas como o Cassi da novela de Lima Barreto, pois assim o libertino machista fica livre de toda e qualquer responsabilidade. Nesta vida é claro, pois Deus não deixará por pouco.

 

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