O SUL-AFRICANO

 

 

Mr. Nicholas Lourens era sul-africano e todos no escritório o chamávamos de Nick, a seu pedido. Vinha, frequentemente, ao Brasil pois tinha negócios com a companhia para a qual eu trabalhava, no setor de exportação. Era magro, alto, simpático e aparentava ter mais de sessenta anos.

 

Eu era a única pessoa, que bem ou mal, falava inglês na firma, de modo que conversávamos sobre contratos, pagamentos, embarques de mercadorias e, para descontrair, algumas amenidades. Ele vivia em Johannesburg, a maior cidade da África do Sul, mas não sua capital, que é Pretória. Embarcávamos MR e WBP Plywood, Blockboard e Plastform para sua empresa, diretamente para os portos de Durban, Cape Town e Port Elisabeth. E, Nick, frequentemente, trazia para as funcionárias do escritório, lindas bijouterias, pulseiras, brincos e colares com as pedras Olho de Tigre e, para os rapazes, garrafas da gostosa bebida Amarula.

 

Já se vão quase vinte anos destes fatos. Entretanto, lembro como se fosse hoje de que ficávamos muito felizes com as lembranças. Eu gostava muito de meu trabalho, principalmente, porque não era monótono. Trabalhávamos em equipe, cada um cuidando de uma parte do processo de exportação. Aprendi a me defender bem com o inglês, muito embora não tenha morado no exterior. Estudei a língua na faculdade e no Centro Cultural Brasil/EUA, porém foi no trabalho que perdi o medo de errar, e foi errando que ganhei experiência e aprendi a falar com certa desenvoltura. Era um trabalho bem remunerado mas exigia de mim grande dedicação e responsabilidade. Telefonemas com as empresas de navegação e clientes eram muitos ao longo do dia. Mensagens via telex e fax também. Mais tarde, a comunicação se fez via computador. E cartas, muuiiitas cartas acompanhadas de contratos assinados e/ou documentos de exportação, as famosas Bills of Ladings, Invoices e Packing, Shipping Lists que quando urgentes não seguiam via correio mas por Couriers como DHL, TNT Skypak and FEDEx.

 

A Empresa importadora de Nick distribuía nossos produtos para toda a África do Sul. Produtos esses, basicamente usados na construção civil, formas para concreto, divisórias, painéis, e lambris, tudo fabricado em Pinus elliotii e Pinus taeda. Conheci muitas pessoas, brasileiras e estrangeiras e foi um grande aprendizado, não só dos processos de fabricação e exportação, como também de vida.

 

Agora que estou aposentada, sinto saudade do escritório e das pessoas com quem convivi. Foram tempos de trabalho intenso, porém altamente compensador, em todos os sentidos. 

 

 

 

Aloysia
Enviado por Aloysia em 03/01/2023
Reeditado em 02/02/2023
Código do texto: T7686068
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2023. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.