Fidel Castro e os homossexuais

 

FIDEL CASTRO E OS HOMOSSEXUAIS

Miguel Carqueija

 

Armando Valladares é um cidadão cubano que ficou preso aproximadamente 22 anos nos infames presídios do regime castrista, vítima de tratamento desumano, juntamente com milhares de outros presos políticos. Durante muito tempo foi mantido em celas de castigo, sem higiene e nem roupas, adquirindo com isso enfisema pulmonar. Foi libertado em 1982 e pôde sair da ilha, graças à campanha internacional feita por sua esposa Martha, com apoio da Anistia Internacional, e finalmente ao pedido que o presidente francês, François Miterrand, endereçou ao governo de Cuba.

O motivo da longa prisão: ter se recusado a colar um adesivo de Fidel Castro em sua mesa de trabalho.

Em seu extraordinário livro “Contra toda a esperança”, publicado no Brasil pela Editora Intermundo, Valladares conta a sua odisseia, as violências, torturas e assassinatos que se cometeram contra presos políticos (dissidentes de um regime, que impõe o pensamento único). E conta também sobre como o regime socialista de Castro tratou os homossexuais:

 

“Acho que há muito poucos exemplos na história da repressão aos homossexuais como a desencadeada pelo governo cubano. Os homossexuais foram perseguidos, acossados. A revolução encarniçou-se contra eles. Detinham-nos nas ruas apenas pelo modo de andar, por usar calças justas ou por usar pó-de-arroz.

Assim, foram levados aos milhares para a província de Camagüey, onde instalaram campos de concentração que chamaram UMAP, sigla de Unidades Militares de Ajuda à Produção. Lá reuniram os desafetos à revolução, os Testemunhas de Jeová, os Adventistas do Sétimo Dia, padres católicos (...) Uma campanha de pressões no exterior (...) obrigou Castro a desmantelar os campos de trabalhos forçados da UMAP.

Os homossexuais foram, então, dispersados por todos os cárceres do país, nos quais abriram-se sessões especiais para eles. (...) Atualmente, existem em todos os cárceres, porque a repressão aos homossexuais nunca cessou.”

 

Valladares relata o caso tétrico de Robertico, um menino de 12 anos preso por brincar na com uma arma de fogo acidentalmente pega por ele, jogado na prisão foi violentado e por causa disso classificado como homossexual.

Este livro foi escrito na década de 1980, após a libertação de Valladares. Não sei como é a situação atual dos homossexuais naquela ilha. Terá melhorado com a morte de Fidel Castro?

 

Rio de Janeiro, 28 de outubro de 2022.