A mídia dividida
Desde o surgimento dos primeiros meios de comunicação , tanto impresso quanto eletrônico, sua essência de oferecer informação, praticidade e entretenimento está ligada a interesses financeiros ou pessoais. Essa ambivalência presente em todas as relações comerciais surte efeitos negativos, e no caso da mídia acaba por desnorteá-la da ética profissional, do respeito e compromisso com a sociedade.
Com a sua evolução tecnológica, difusão e influência sobre o povo, atualmente parte dos meios de comunicação está deixando a essência em segundo plano para investir em conteúdos considerados mais rentáveis. Estaria então a mídia dividida entre sua real finalidade e fins lucrativos, muitas vezes sem ética e profissionalismo?
No caso da televisão popular, a maioria das emissoras já não tem mais um limite, sua programação assemelha-se a um grande mercado o qual lhe é altamente lucrativo. Programas religiosos por exemplo, “vendem” soluções e induzem o telespectador á determinada religião, algumas novelas mostram vidas utópicas despertando desejos inalcançáveis e em época de eleição, o favoritismo de partidos aliados á determinadas emissoras é explícito em suas propagandas eleitorais.
Na rede de notícias há, entre outros, o problema da manipulação de informações, no qual as notícias são exibidas e publicadas de acordo com interesses e ordens internas. As emissoras e editoras, usam os escadâlos umas das outras como armas na luta constante pelo monopólio. Um exemplo é a dominante emissora de televisão Globo, criada em 1964, cujo fundador Roberto Marinho
mostrou sua tamanha ambição ao declarar a frase : “ Eu sou o poder, eu uso o poder.”
Em contrapartida, existem também aqueles que honram suas profissões e trabalham com ética e respeito para ligar a sociedade com o mundo e por meio da comunicação ajudá-la e instruí-lá. Programas educativos, fontes de notícias sérias e as variadas formas de entretenimento fazem parte disso. Um meio de não se juntar a esse lado negativo da mídia e protestar contra foi a criação de um grupo de profissionais da área de comunicação, ecologistas, advogados e estudantes, que juntaram seus ideais formando o “Movimento da Democratização da Mídia” , contra a centralização e a prioridade do consumo e do lucro nos meios de comunicação.
É incontestável que a presença e a relevância da mídia no desenvolvimento do país e na vida do povo são grandes, e que seu poder é avassalador. Sendo assim, os princípios éticos para fazerem-na digna e de qualidade, vêm da atitude dos profissionais ao trabalhar por amor e respeito a profissão, ao realmente desejarem usar o que lhes foi dado para o desenvolvimento da sociedade e do país e principalmente ao respeitar o povo, que é o alvo de todo o seu trabalho e seu verdadeiro mantendedor.