A felicidade tem que ser compartilhada.

Fácil a vida não era

precisava acordar de madrugada para trabalhar vendendo frutas na feira

fazendo sol ou chuva a rotina era pesada

acordar tomando um café reforçado como dizia

havia uma mania de fazer "um tal fubá suado" que minha mãe colocava queijo

que derretia naquela poderosa e gostosa mistura

quase um almoço

mas minha mãe mais tarde tinha um pouco de vergonha de falar desse desjejum

não sei se pensava que era um "atestado de pobreza"

mas assim era mesmo

meu pai tinha alguns ajudantes na lida da feira

tinha o Totônio por um tempo que veio morar em nossa cas

o Tobias que ficou um tempo em casa

e muitos outros que passaram pelo exigente aprendizado de meu pai

que tinha algumas manias de ler todos os jornais da época

ele sabia um pouco de tudo

com grande cultura gera.

Sempre achei meu pai uma pessoa diferente com um nível de conhecimento elevado

mas muito caridoso também

pensava mais nos outro do que nele mesmo

ele possuía o dom da palavra

acho até que se entrasse na política poderia convencer muita gente com sua lábia afiada

de um carisma impressionante

mas o meio político não era para ele, não sabia mentir e tinha o hábito de distribuir o que tinha

não podendo ver ninguém passando dificuldades ou com fome que logo queria prestar solidariedade

dividindo o que tinha ,

nossa casa estava sempre em alta rotatividade

sempre tinha alguém que estava morando conosco

era difícil sim mas de uma alegria sem igual

após cada dia de serviço meu pai além do salário ainda dava um "extra" para os que trabalhavam com ele

e eu perguntava

-Porque vai pagar a mais.

brincando ele respondia

-Jogador de futebol não "ganha bicho" pela vitória?

então quando tudo vai bem também remunero a mais, este é o "bicho" por um dia bem ganho.

Ele dizia sempre que: " felicidade verdadeira é aquela em que é compartilhada."

Bela explicação.

Tanto que aprendi agora nos meus textos em que homenageio meu saudoso pai

contando algumas passagens de sua existência terrena

nunca mais falo que ele não me deixou "bens materiais"

tudo porque o AyLê-Salissié Filgueiras Quintão,

jornalista com livros traduzidos para vários países

e que teve uma convivência muito próxima com meu pai

faz questão de "puxar minha orelha" dizendo:

-Seu pai era um santo, a missão dele na terra não era deixar dinheiro.

Depois desse depoimento do Aylê

entendi

meu pai deixou uma estória de carinho e respeito ao ser humano...

isso não se mede, não há nada que pague.

Agora terminando aqui meu dia de trabalho, de muito êxito

vou dar uma graninha extra para meus funcionários.

Eles irão entender quando eu dizer:

-Esse é o bicho pela vitória.

Gratidão.