A distopia totalitária no espaço laboral: uma revolução que leva ao buraco
As relações humanas no ambiente de trabalho sempre foi um grande desafio de todos os tempos, mesmo que inconsciente. As revoluções nas sociedades industriais vão, dentro de sua lógica, alinhando funções e comportamentos ao modo de produção, consumo, valores sociais e corporativos. Por exemplo, quando olhamos os valores do liberalismo econômico, que prega uma maior liberdade do Estado para com os cidadãos e com os meios de produção, observamos comportamentos diferentes aos do Estado imperialista, cuja administração estava muito presa ao engessamento da burocracia e no patrimonialismo. Obviamente, tal teoria abarca todo o contorno social, seja em empresas privadas - segundo setor -, e ou empresas públicas, porquanto com a publicação do Decreto-Lei 200/67, implantação do Modelo Gerencial, buscando aplicar ao setor público, práticas gerenciais do setor privado, e a Lei n. 13.460/2017, que regulamenta o parágrafo 3º do art. 37 da Constituição Federal, garantindo as formas de participação da sociedade e de avaliação periódica da qualidade dos serviços públicos. Basta observar o espaço de trabalho há cinquenta anos, e veremos um mercado tradicionalmente tecnicista, no qual os trabalhadores eram contratados (somente) mediante sua competência técnica: um bom professor, um bom médico, um bom gerente etc.
Por outro lado, ao analisar determinadas mudanças sociais, dinâmicas industriais e urbanas, principalmente na década de 1980, veremos que a sociedade agora, predominantemente urbana, passar por grande heterogeneidade de trabalhadores: mais liberdades, gerando mais exposições de posicionamentos políticos e de expressão, mais liberdades de cultos, mais mulheres no campo de trabalho, vários tipos de grupos sociais, portanto o mercado se abre a diversidade de trabalhadores e também consumidores. Neste momento, temos uma situação fundamental para compreender os novos campos corporativos, ou seja, a conviver com o diferente. É imperativo a alteridade, (do Latim diferente) que é pensar no outro para, a partir disso, viver melhor e, consequentemente, ter melhores rendimentos corporativos. Pode-se discorrer aqui na prática de autoconsciência e autocontrole, no sentido da busca permanente em realinhar pensamentos e práticas comportamentais em diversas situações.
Ao abordar um ambiente de trabalho tóxico, podemos considerar que a gestão superior foca em selecionar chefes que introduzem a competitividade agressiva, estimulam disputa interna, fomentam a que as pessoas se esgrimem, criam ambiente de fofoca e de selvageria, defendem um tipo de maniqueísmo, - quem não concorda comigo está contra mim -, elegem a ideia de que é bom que os funcionários se odeiem, porque aí um vai denunciar o outro, isto é, o imperialismo do dividir para conquistar. Diga-se de passagem, nesta distopia administrativa, ainda há determinados chefes, os quais nem a técnica têm, muitas vezes são escolhidos pelo lacaismo, que se chama no barbarismo de “babão”. Esses são os piores de todos, são destruidores de qualquer azienda. Assim, as consequências são as mais danosas possíveis: absenteísmo no trabalho; prejuízo aos cofres da empresa e ou Estado, com longos afastamentos de trabalhadores; interrupções abreviadas de mão de obra, queda considerável na produtividade e na receita; espaço de guerra e não colaborativo; processos judiciais, suicídios etc.
Contrariando essas práticas démodé, um local de trabalho mais produtivo, moralmente aceitável e ético, abordaremos uma recente pesquisa realizada na universidade Regensburg (2022) na Alemanha, a qual descreve que, quanto mais uma empresa contrata grupos de trabalhadores emocionalmente competentes, que administram atrito, ouvem emoções, conseguem se expressar com respeito e geram gentiliza, esses trabalhadores e sua equipe conseguem ganhos de produtividade e lucro. Esse tipo de gestão consegue estabelecer uma confiança maior, consegue estabelecer uma conversa mais tranquila em ambiente onde, mesmo as divergências são consideradas possíveis, sem agressividade, tem mais eficácia, coloca melhores produtos no mercado e tem maior diálogo com o consumidor.
No relatório final da pesquisa, os pesquisadores definiram que, “expressar, perceber e lidar com as emoções dentro de um grupo permite que os times e seus integrantes trabalhem abertamente uns com os outros, compartilhem e criem conhecimento, reflitam sobre o time e discutam de forma construtiva uns com os outros, não contra os outros.”