A escrivaninha onde as discordâncias são bem-vindas
A ESCRIVANINHA ONDE AS DISCORDÂNCIAS SÃO BEM-VINDAS
Miguel Carqueija
É a minha.
Dizem que os escritores costumam ter super-egos, e por isso não aceitam críticas. Comigo, porém, não é assim. Eu parto do princípio de que o campo de comentários não é só para elogiar, concordar e rasgar seda. Quem quiser discordar de mim, das minhas ideias, tem plena liberdade para expressar a sua opinião.
Podem até meter o malho no meu texto. Se for um conto, podem apontar as falhas e até dizer que o texto é ruim. Afinal, se um escritor quiser saber o que o público acha de seus trabalhos, não pode impor que só possam haver elogios. Assim não saberá o que o público realmente pensa.
Nunca bloqueei ninguém, mas já fui bloqueado por postar discordâncias em outras escrivaninhas, mesmo falando com educação.
Alguém pode dizer que eu apago comentários. Realmente alguns eu apago, mas — vejam bem — não por conterem discordâncias. As razões que me levam às vezes a eliminar comentários são: falta de educação, ofensas, linguagem chula, recados lacônicos e falta de foco.
No caso do laconismo: algumas pessoas têm a mania de colocar mensagens, mesmo elogiosas, com pouquíssimas palavras e repetitivas, até se repetindo em escrivaninhas diversas e não falando nada de aproveitável. Tipo “passando para ler seu texto” ou “muito bom, parabéns”. Esses eu costumo apagar, por inúteis. Na verdade, fica até a dúvida se realmente leram os textos.
E existem também mensagens ininteligíveis, às vezes até com símbolos gráficos que não são letras. Ora, se eu não entendo o “comentário”, por não ser escrito com letras, para que vou publicá-lo?
Mas o que realmente me incomoda é a falta de foco. É triste postar por exemplo a resenha de um livro ou filme e aparece alguém falando de algo completamente diferente, ignorando totalmente o que a gente escreveu. De fato, prefiro que metam o malho.
Mas, em suma, na minha escrivaninha você pode discordar à vontade.
Rio de Janeiro, 12 de agosto de 2022.