Sobre Itamar Franco e a intolerância do PT

 

Antes de chegar ao poder o PT era recordista nos pedidos de impedimento de presidentes, erroneamente chamados pedidos de "impeachment", como se não tivéssemos nosso idioma. E chamam de "golpe" ao afastamento de Dilma, mas participaram ativamente no afastamento de Collor.

Pouca gente se lembra do que segue.

Quando Collor foi afastado (aliás merecidamente) assumiu seu vice, Itamar Franco, que foi uma grata surpresa: governou seu meio mandato de forma tranquila, não pisoteou o povo, colocou o país em ordem e de tal maneira que até hoje, nos artigos que metem o malho nos governos civis após 1985, seu nome é poupado. Até José Luiz Datena, esbravejando anos atrás contra a corrupção e os escândalos dos nossos presidentes, ressalvou que o único que escapava era Itamar Franco, de quem o máximo que se podia falar era que subiu no palanque com a mulher sem calcinha.

Aliás, na minha opinião, que culpa ele tem? Como ele podia saber?

O conhecido jornalista Barbosa Lima Sobrinho, num de seus artigos no Jornal do Brasil, referiu-se à popularidade de Itamar, que, se a memória não me falha, segundo Barbosa Lima deixou o governo com 90 por cento de aprovação, o que seria o recorde.

Pois bem, no dia 30 de junho de 1994 o então deputado federal pela Bahia, Jacques Wagner, do PT, protocolou no Congresso um pedido de impedimento de Itamar Franco, com uma justificativa nebulosa: o Ministro da Casa Civil, Hargreaves, teria solicitado ao comando de campanha de FHC opinião sobre a MP do Plano Real.

Itamar Franco era um homem reconhecidamente honesto e fez um bom governo, e talvez por isso a mídia passou a lembrar dele com escárnio.

Mas esse fato mostra bem a sede de poder do PT. Marina Silva, que foi ministra de Lula e filiada ao PT, deixou uma coisa e outra e disse certa vez que concluira que o PT queria o poder pelo poder. E ela falou a verdade.