Quem será o primeiro?

Há uma passagem bíblica onde os apóstolos discutem entre si quem seria o primeiro no reino de Jesus. Todos imaginavam, naquela época, que Jesus fora enviado por Deus para instituir o reino dos Céus na Terra. Nenhum deles ainda havia entendido a verdadeira mensagem de Cristo.

A resposta de Jesus foi a seguinte; chamou uma criança, colocou-a no meio dos apóstolos e disse que no reino dos céus somente entrará quem se tornar uma criança, tiver a humildade (Mateus, 18, 1-5), e nesse ponto Jesus disse, quem tiver o coração, a atitude, os olhos de uma criança, esse entrará no reino dos céus. Essa afirmação, aliás, é repetida diversas vezes. Um exemplo é repetido também em Mateus, quando Jesus fala para deixarem as criancinhas se aproximarem dele, pois o reino dos Céus pertence aos que são como elas (Mateus, 19, 14).

Outro exemplo, agora retirado dos apócrifos, é encontrado no Evangelho de Tomé (Tomé, 22), onde aliás, de forma mais direta, Jesus declara que é preciso deixar o interno e o externo igual. E então, pensamos, porque a comparação das crianças? O que elas têm ou o que elas são para se tornarem o exemplo para Jesus?

Quando Jesus diz que o externo e o interno devem ser iguais, no texto de Tomé, não estaria ele dizendo que as crianças são exatamente assim? Observemos as crianças, são espontâneas, são sinceras, são diretas. O olhar delas não demonstra maldade. Não há segunda intenção. Não há dissimulação. O que há é a vontade dela, única. E ela demostra isso. Ou gosta ou não gosta. Ou quer ou não quer. Não diz algo, escondendo outra coisa. Não diz algo querendo outra coisa. Intenção única.

Em Mateus, Jesus ainda aponta para aqueles que fazem maldades com as crianças, que mancham a pureza delas. E diz o que acontecerá com aqueles que assim fazem.

A criança é pura em sua intenção, e de forma clara Jesus diz isso. Somente entrará no reino dos Céus quem for puro de coração, de intenção, como uma criança.

Durante a vida nós perdemos isso, todos nós perdemos isso. E quando paramos para observar uma criança, nós vemos essa pureza. Parece tão distante de nós, mas nós já fomos como elas. Será possível que um dia, possamos todos a voltar a agir com pureza, mas desta vez conscientemente? Será que a humanidade vai se reencontrar, como sugerido por Jesus? Ou será que estamos fadados a sermos tão gananciosos a ponto de articularmos em desfavor dos outros? Ou que façamos o comércio em nome de Deus, para simples enriquecimento? Até quando usaremos o poder do dinheiro, da força, da oratória, para enganar? Até quando vamos manchar a pureza que todos nós nascemos com ela?

Até quando?

julianopd
Enviado por julianopd em 25/05/2022
Código do texto: T7523528
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