Sobre as esquerdas e o mundo das "celebridades"
A maioria das ditas "celebridades", inclusive muitas das que se posicionam como progressistas, são de indivíduos narcisistas, privilegiados e/ou alienados à situação socioeconômica e ecológica do país em que vivem, bem como do mundo, porque pouco ou nada fazem de realmente concreto, no sentido de ajudar os outros, apoiar causas, sem ser apenas nominalmente, e/ou adotar estilos de vida que não agridam o meio ambiente, que não são ostensivos, mesmo tendo recursos para fazê-lo, especialmente as mais abonadas. Não é à toa que seu mundo seja um reflexo perfeito dos vícios do próprio sistema capitalista, pelo qual elas têm enriquecido e se tornado "famosas": de alienação, individualismo, materialismo e privilégios injustos... E, por coerência mínima, todo progressista deveria ter uma visão bem mais crítica do que positiva sobre ele.
Mas, são muitos os que se dizem "de esquerda" que acabam se tornando fãs ou admiradores acríticos de "celebridades", principalmente os de linha mais liberal, o tipo que tem substituído a luta de classes pela de identidades.
Pois não há razão para que auto-intitulados defensores da justiça social legitimem um "mundo" que é um dos maiores símbolos de desigualdade, atualmente. O ideal, portanto, seria se refletissem sobre essa contradição que têm normalizado, passando a criticar seus ídolos, exigindo-os que, pelo menos, façam dos seus discursos suas práticas cotidianas, e adotando o mesmo conselho para si mesmos bem como aos outros progressistas anônimos; de, no mínimo, buscarem/buscarmos agir com mais solidariedade, especialmente com os que merecerem, e, se possível, colocando em prática constante o que defendemos, ainda mais se tivermos recursos para isso.