Sobre (meu) QI, inteligência e sociedade
Quando você anda nas ruas, especialmente num país como o Brasil, é esperado você se deparar com uma maioria de indivíduos que, se lhes fossem administrados testes cognitivos, pontuariam abaixo de sua média-padrão, que gira em torno dos 100 pontos. Inclusive existem alguns poucos estudos que colocam a média nacional abaixo dos 90 pontos. Esses indivíduos numerosos que você esbarra quando sai de casa estão mais propensos a parar de estudar depois do tempo de escola, a acreditar em fake news ou no que o pastor da igreja diz, a serem preconceituosos e ignorantes. Também saiba que, não é apenas o capitalismo que causa pobreza e desigualdade. Fatores individuais como a impulsividade e sim uma inteligência mais simples, também são muito relevantes; e, ao aceitar essa realidade, não significa que eu seja favorável pela perpetuação dessa sociedade, que nos castiga pelo que não pedimos para ser.
Já eu, se fizesse testes de QI administrados por profissionais, tenho quase certeza que não conseguiria pontuar alto, porque meu perfil assimétrico me impediria. Eu tenho razão para pensar assim: minhas capacidades nas ciências naturais e exatas, que estão respectivamente abaixo e bem abaixo da média; minhas capacidades nas ciências humanas que considero razoáveis; o bom nível do meu vocabulário, que parece compensar minha inabilidade (e má vontade) com as regras gramaticais. E, definitivamente, por não ser um poliglota. Tenho chegado a essa conclusão com base no meu desempenho na escola e na caralhada de testes online que já fiz. Até os calculei depois e deu uma média de 110. Mas acho que a minha média geral deve se situar em torno dos 105. Essa é uma estimativa ponderada. Acredito que estou sendo generoso comigo mesmo. Eu também sei ou acho que "tenho" o QI mais baixo da minha família nuclear, se as minhas estimativas para os meus pais e irmãos são de médias entre 110 e 120 (isso se for para mais). Portanto, se tivermos apenas o QI como parâmetro de avaliação intelectual, eu serei o menos inteligente do clã. Mas QI não é inteligência assim como balança de peso não é o peso. Inteligência e peso também não são apenas números. Eu sou um exemplo de contraponto a esses dois tipos de mensuração. Porque, em relação ao meu peso, de acordo com a balança, eu estou dentro da faixa considerada ideal para a minha estatura, até um pouco abaixo. Já em relação ao meu peso real, eu tenho cultivado uma barriga relativamente pronunciada, demonstrando que ele não se distribui igualmente. Isso acontece porque a balança só avalia uma dimensão do nosso peso, a sua totalidade, e não a sua distribuição pelo corpo, que é tão importante quanto. Em relação à inteligência e QI é a mesmíssima coisa, porque os testes também se limitam à uma avaliação unidimensional, desprezando as capacidades qualitativas como a criatividade, a racionalidade e a inteligência emocional. Nessas, eu acho que tenho me saído relativamente melhor, inclusive em relação aos meus familiares, de modo que, se também fossem comparadas, seria complexo concluir que sou o menos inteligente entre nós. Os meus textos mostram um bocado de quem eu sou, como penso e até revelam algumas das minhas capacidades mais desenvolvidas. E isso pode parecer arrogância, mas não os considero troféus para serem expostos ou mesmo úteis para ganhar dinheiro. Até por não ser fácil estar sempre defendendo a razão em um mundo onde a maioria das pessoas são subjetivistas crônicas, que preferem acreditar em mentiras subjetivamente reconfortantes do que em verdades que lhes tiram de suas zonas de conforto, e que, ainda por cima, está dominado por psicopatas desde a muitos séculos. Eu poderia dizer o mesmo sobre as desvantagens cansativas de se ter uma boa inteligência emocional, por causa da falta de empatia e de autoconhecimento de muitos seres humanos, de ter que lidar com isso tão frequentemente.
Voltando rapidamente à sociedade brasileira. Pra você ver como que a validade do QI pode ser bastante limitada, mesmo sendo verdade que uma baixa capacidade cognitiva, de acordo com esses testes, aumenta o risco da pessoa parar de estudar depois da escola e acreditar em fake news, tem sido justamente nas regiões mais ricas do país: sul, sudeste e centro oeste, em termos de IDH, onde surgiram as maiores bases eleitorais de um dos piores presidentes (bozzo) da história quase democrática do Brasil, presumindo que sejam aquelas com as maiores médias de QI. Isso acontece pelo simples fato de que, esse tipo (de tentativa) de mensuração não avalia o nosso nível de racionalidade no momento e de maneira geral ou acumulativa, até porque, a meu ver, não é possível fazê-lo sem contextualizar no mundo real, se se pode pontuar alto num desses testes de racionalidade ou de pensamento lógico racional que tem aparecido por aí, mas estar sempre racionalizando com desenvoltura crenças pessoais infundadas.