Arte de planejar a vida

“Ah se eu soubesse o que eu sei hoje quando eu tinha sua idade! ” É uma frase comum de se ouvir dos mais velhos, direcionada aos mais novos. Mas será que isso seria possível? Como os adolescentes poderiam prever as consequências das inúmeras escolhas que são obrigados a tomar?

Um bom plano de vida só pode ser baseado numa noção genérica dessas consequências. Genérica pois quando se trata dos desdobramentos duma vida são muitas as variantes envolvidas. Logo não é de se esperar exatidão matemática quando se trata desse tema, especialmente quando em termos gerais (como nesse texto) e não como projeto específico dum indivíduo. Isso significa que plano de vida não é uma fórmula, mas, um planejamento que nos ajude a atingir à virtude. Ele varia de pessoa pra pessoa não só porque cada história é única, mas também porque cada um tem caminhos diferentes pelos quais alcançará a felicidade: cada ser humano tem inclinações naturais diferentes e caminhadas diferentes para atingi-las. Mas como saber quais propósitos devemos cultivar para nós mesmos?

A última pergunta é um convite ao autoconhecimento. Julga-se corretamente o que se conhece bem, portanto para saber o que é bom ou ruim para si mesmo deve-se autoconhecer. Uma pessoa consciente de suas capacidades e limitações está a apta a refletir sobre os objetivos que perseguirá e, portanto, sobre as virtudes que cultivará. E para possuir uma virtude deve-se incluí-la como um hábito na própria vida: por exemplo, diz-se que uma pessoa é corajosa porque age corajosamente com frequência.

Ser virtuoso é agir, agindo acumulamos experiências e estudando nossas experiências logo começamos a ter a tal “noção das consequências”: uma intuição, um terceiro olho... Conhecer a si mesmo leva a conhecer sua história e consequentemente o mundo onde ela se passa, não o mundo inteiro, mas o seu próprio mundo, o qual deve sempre buscar expandir.

Depois disso, podemos fazer um excelente planejamento, mirando num sonho, na felicidade. Mas e quando conhecemos o que é bom, quando descobrimos algo que nos traz uma paz sobrenatural, que a vida é uma oportunidade única de seguir sua vocação, que vale muito mais a pena tratar bem a nós mesmos e às pessoas próximas e se preocupar apenas com o que está ao nosso alcance, mas mesmo assim escolhemos ser preguiçosos, fracos, ou simplesmente temos a sensação insuportável de incapacidade? Contra isso, infelizmente, não conheço nenhuma técnica especial, me parece que para superá-lo tem de se usar violência, lutando e cortando o mal pela raiz, e se possível recorrendo à ajuda dos outros.