Uma análise sobre algumas denominações cristãs europeias e estadunidenses que chegaram ao Brasil*
Diácono Luis de Alencar/ICAB - A presença dos grupos protestantes no Brasil conheceu várias fases de atuação, as primeiras por ocasião das colonizações francesas e holandesas e depois por via das migrações liberadas no século XIX que foram encorajando diversas missões.
Tão importante quanto o seu paralelo católico, a celebração do 1º Culto Protestante no Brasil em 10 de março de 1557, no Rio de Janeiro/RJ, é hoje um importante marco histórico de nossa religiosidade cristã. O próprio reformador europeu João Calvino (1509-1564), enviou os missionários Pierre Richier e Guillaume Chartier, da Igreja Reformada Francesa (calvinistas que eram chamados de huguenotes). A conquista da França Antártica na Baía da Guanabara foi o vetor político para esta atividade missionária. Ademais, com as investidas das conquistas dos holandeses calvinistas no Bradil, a Igreja Reformada da Holanda se estabelecera em nossas terras 1630, tendo no conde Maurício de Nassau seu principal membro na cidade do Recife/PE.
Inaugurando-se um século de diversas correntes migratórias europeias para as terras brasileiras, chegaram então, os ingleses anglicanos no Rio de Janeiro (1816 e 1822); os alemães luteranos em São Leopoldo/RS (1824); metodistas estadunidenses no Rio de Janeiro/RJ (1835); com o escocês Robert e a inglesa Sarah a Igreja Congregacional (1855); com o estadunidense Ashbel Green Simonton; a Igreja Presbiteriana do Brasil (1859); outros estadunidenses trouxeram a Igreja Batista para Santa Bárbara do Oeste (1871); o cearense de Icó, João Batista de Pinheiro, também foi um dos pioneiros ao funda em Barra do Corda/MA, a Igreja Cristã Evangélica (1893); em Gaspar Alto/SC, a Igreja Adventista do 7º Dia (1896); pelos italianos de Santo Antonio da Platina/PR, veio a Congregação Cristã no Brasil (1910); os missionários suecos da Igreja Batista de Chicago/EUA, Gunnar Vigren e Daniel Berg fundam em Belém a Igreja Assembleia de Deus (1911); Igreja Cristã Maranata (1967); Igreja Universal do Reino de Deus (1977); Igreja Internacional da Graça (1980); Igreja Mundial do Poder de Deus (1998); e segue a lista.
Mesmo sendo inúmeras as denominações, estas podem ser agrupadas de acordo com sua organização, sendo chamadas de igrejas tradicionais, ou seja, herdeiras da Reforma, conhecidas como as igrejas luteranas, anglicanas, reformadas, batistas, metodistas, congregacionais e presbiterianas); as igrejas pentecostais ou herdeiras do avivalismo no Espírito Santo, à citar: a Igreja Assembleia de Deus, Igreja Congregação Cristã no Brasil...); e as igrejas neopentecostais que surgiram com a teologia da prosperidade, entre elas, a Igreja Universal, Igreja Mundial, Igreja da Graça...).
Como um movimento à parte destas tendências na historia convencional, o “restauracionismo” cristão (que proponha levar o crente de volta a simplicidade da igreja primitiva), agrupamentos cristãos de valdenses (1173), franciscanos (1209), do percussor protestante Jhon Huss (1415), os anabatistas e outros reformadores (1517), na vertente estadunidense os adventistas, mormonistas, testemunhas de Jeová, e, também igrejas católicas nacionais, tais como os véteros-católicos (1870) e “católicos brasileiros” (1945).
No começo de toda trajetória protestante, desde 1517 com Martinho Lutero, o enfraquecimento do poder da Igreja Católica em detrimento do surgimento e autonomia do estado moderno, foi criando um terreno fértil para a Reforma, e, esta fora replicando diversas formas de visões teológicas legadas para os nossos tempos. Em maior ou menor grau, as igrejas propagam um misto confuso de interpretações do luteranismo (1517), das chamadas seitas radicais, tendo como exemplo os anabatistas (1520), do anglicanismo (1534), e das igrejas reformadas calvinistas (1536).
Por fim, em meio estas complexas ligações do corpo da Igreja, seria plausível admitir que os laços que nos unem são suficientes mais fortes do que as razões que nos separaram em mais de 2 mil anos de história de nossa religião? Fica a reflexão conduzida pelo Apóstolo Paulo: *“Pois em um só corpo todos nós fomos batizados em um único Espírito: quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres” (1Cor.12,12)*