Culto aos Caboclos na ancestralidade indígena. (Introdução a um debate sobre religiosidade)
O Brasil é um signatário do culto aos Caboclos. A religiosidade brasileira, desde as suas origens, apresenta uma espiritualidade nas mais diversas manifestações religiosas.
A chegada dos Portugueses ao Brasil, trouxe uma possível alteração no jeito de cultuar as divindades dos povos indígenas, principalmente, pela imposição dos saberes e religiosidades eurocêntricas, o que invisibilizava a tradição dessas culturas, dando destaque e suntuosidade a uma cultura única. Entretanto, a luta e a compreensão dos povos originários mantiveram acesa a visão estratégica do culto aos Caboclos, como encantados da floresta, não cedendo aos apelos constantes de um cristianismo opressor e cruel.
A compreensão dos indígenas sobre a sua ancestralidade, foi fortalecida no encontro étnico com os negros africanos, que forjaram uma resistência religiosa por similaridade dos cultos e pela própria espiritualidade. Para Emmanuelle Kadya Tall, no Artigo O PAPEL DO CABOCLO NO CANDOMBLÉ BAIANO. (P.79)
Somos levados a considerar a figura do caboclo no candomblé como uma figura periférica, menor e sincrética do mundo religioso afro-brasileiro. Ora, a observação atenta de inúmeras casas de candomblé na Bahia mostra que o papel do caboclo, na dinâmica do dia a dia, é bem mais importante do que parece à primeira vista.
Os Quilombos e os Terreiros de Candomblé se constituíram nos principais focos da resistência religiosa, mesmo diante das insistentes investidas dos Jesuítas e da ideia de profanação daquilo que era sagrado para indígenas e povos africanos. Os Pajés e os Caciques foram contundentes nos seus posicionamentos pela manutenção de uma crença genuinamente brasileira. O culto aos Orixás, Nikissis e Voduns por parte dos africanos deram a religiosidade brasileira uma tônica de fortalecimento, não só na espiritualidade, mas também, no fortalecimento de uma identidade cultural.