Não está tudo bem
Não há como não sentir a angústia do outro. Não há como se conformar com a morte de 499 mil pessoas. São perdas e dores que este número, apesar de avassalador, não consegue mensurar. Como responder que está tudo bem em um País que registra mais óbitos que nascimentos?
Não há como se cobrir com uma capa mágica e se blindar dos dramas que ocorrem ao nosso lado. Mesmo nos afastando de tudo e de todos, não está tudo bem. São milhões de desempregados, são milhões passando fome. São centenas agonizando em UTIs de hospitais cada vez mais lotados. São inúmeros profissionais da saúde esgotados, frustrados e desolados. E isso não é bom... não está tudo bem...
A vida é muito curta para ser pequena, para ouvir pessoas que negam a existência de uma doença que assola o país. Para tentar cercar o vírus com medicamentos ineficazes, para promover aglomerações sem máscaras ou fazendo passeios de moto.
Cada dia é uma cepa nova, mais uma oportunidade para um vírus se disseminar e levar a cabo seu objetivo de morte.
É muito triste chegar a essa conclusão, mas não está tudo bem..., não vai ficar tudo bem...
Nália Lacerda Viana, 19 de junho de 2021