Bons tempos

Encontro-me a lembrar de momentos inesquecíveis que permanecem vivos em minha memória.
Chegava todo sorridente e fazia-me um convite irrecusável:
- Vamos, filha! Bater uma bola com o pai?
E lá estava, de prontidão: uma chuteira, camisão longo e uma bermuda maior que eu...
O pessoal estranhava, pois na quadra só havia eu do sexo feminino; olhares que não me importava e começava a jogar.
A quadra parecia enorme, com minhas pernas curtas saía correndo e acabava sendo a mais aplaudida.
Driblava por aqui, por ali, de repente ouvia:
- Gooollll!!! Vai Pelé, é assim mesmo que se joga!!!
Quando olhava para os torcedores , lá estava meu predileto, meu próprio pai.
Tinha alcunha de Pelé e me sentia lisonjeada por tal comparação; a cada dia que passava me dedicava mais e mais , me sentia um verdadeiro orgulho para meu amado pai.
Foi uma enorme perda, uma dor que não tem fim; foi-se muito jovem, há mais de quarenta anos; porém me recordo de cada torcida e cada sorriso que dirigia a mim.
Registro aqui uma fase muito importante de minha infância...
Pai, te amo!!!
Regina Andrade
Enviado por Regina Andrade em 08/06/2021
Código do texto: T7274543
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.