O supermercado e o sapateiro
O SUPERMERCADO E O SAPATEIRO
Miguel Carqueija
A loucura de se proibir o trabalho exceto para as atividades apelidadas de “essenciais” está provocando o que eu já havia previsto: a fome generalizada, o desespero, todas as terríveis sequelas da falência de empresas e do desemprego.
Salvar as pessoas de morrerem pela covid matando essas mesmas pessoas pela fome?
Isso faz sentido?
Esse conceito de “atividades essenciais” é muito questionável. Qualquer atividade honesta é essencial. Tomemos o caso do sapateiro remendão, aquele profissional, geralmente já velho, que tem uma portinha, um puxadinho onde trabalha consertando calçados. Fica separado da rua por um balcão. E no pequeno espaço de que dispõe lá estão, nos nichos da parede do fundo, centenas de calçados amontoados, numa confusão que só ele entende, pois descobre os pares que os fregueses vêm buscar.
A freguesia não entra na minúscula loja: é atendida na calçada, no balcão.
Se você raciocinar bem verá que o risco de pegar covid ou qualquer outra doença infecto-contagiosa é muito maior no supermercado, com o grande número de pessoas que por lá circulam o dia inteiro, do que pegar indo ao sapateiro. E para o velho profissional o seu trabalho sim, é que é essencial: precisa dele para comer, para levar comida à sua família.
É espantosa a falta de compaixão e senso de justiça de tantos governadores e prefeitos que submetem nossa população a semelhantes desmandos.
Rio de Janeiro, 27 de abril de 2021.
O SUPERMERCADO E O SAPATEIRO
Miguel Carqueija
A loucura de se proibir o trabalho exceto para as atividades apelidadas de “essenciais” está provocando o que eu já havia previsto: a fome generalizada, o desespero, todas as terríveis sequelas da falência de empresas e do desemprego.
Salvar as pessoas de morrerem pela covid matando essas mesmas pessoas pela fome?
Isso faz sentido?
Esse conceito de “atividades essenciais” é muito questionável. Qualquer atividade honesta é essencial. Tomemos o caso do sapateiro remendão, aquele profissional, geralmente já velho, que tem uma portinha, um puxadinho onde trabalha consertando calçados. Fica separado da rua por um balcão. E no pequeno espaço de que dispõe lá estão, nos nichos da parede do fundo, centenas de calçados amontoados, numa confusão que só ele entende, pois descobre os pares que os fregueses vêm buscar.
A freguesia não entra na minúscula loja: é atendida na calçada, no balcão.
Se você raciocinar bem verá que o risco de pegar covid ou qualquer outra doença infecto-contagiosa é muito maior no supermercado, com o grande número de pessoas que por lá circulam o dia inteiro, do que pegar indo ao sapateiro. E para o velho profissional o seu trabalho sim, é que é essencial: precisa dele para comer, para levar comida à sua família.
É espantosa a falta de compaixão e senso de justiça de tantos governadores e prefeitos que submetem nossa população a semelhantes desmandos.
Rio de Janeiro, 27 de abril de 2021.