INFORMAÇÃO X FORMAÇÃO: QUEM MAIS COMPARTILHA ESTA MESMA ANGÚSTIA?
Educar tem sua etimologia no verbo "eduzir", trazer à tona aquilo que o ser humano tem de mais profundo, a luz que ele tem. Educar não é simplesmente passar um verniz informativo, é antes de tudo, um "chamado a ser" através do conhecimento, é um "tornar-se intenso" em uma engrenagem social que valoriza o "extenso" em sua hierarquia de prioridades.
Uma pesquisa recente envolvendo 33.000 jovens entre 15 a 29 anos no Brasil, revela uma angústia e um pedido de socorro, um percentual elevado de alunos decepcionados com a educação por não lhes transmitir segurança emocional no momento difícil pelo qual estamos passando. De todos os jovens pesquisados, 30% afirmam que esperavam maior apoio emocional neste momento em que suas famílias perdem renda, morrem parentes de Covid e o futuro ficou nebuloso.
E o que é exigido da escola como meta fundamental? O despejo de atividades sem parar em sequência robótica. Os sistemas esquecem de se programar, antes de tudo, para compreender as condições concretas de estudo dos estudantes. Saltamos do mundo real para a construção idealizada de uma aula normal em meio ao caos, acreditando que há um abismo entre educação e desenvolvimento social.
Esta crença limitante emerge de moldes administrativistas e gerenciais reproduzidos em frequência de máquina, focando nas avaliações externas, nos números, nas tabelas que devem ser preenchidas e esquecendo que educação é relação humana.
Não há aluno que se concentre se está adoecendo ou se tem familiar sem perspectiva, não há educadores ou profissionais da educação que aguentem trabalhar em ritmo de máquina, pois há vida, coração e sangue além das telas dos dispositivos.
Nesta ansiedade urgente da "sociedade do desempenho", esqueceu-se a função de educação e da pedagogia: a formação de seres humanos em essência.
Temos, portanto, um desafio educacional gigantesco: ouvir mais , enxergar mais e sentir mais ao invés de criar atalhos pedagógicos que nos fazem andar em círculos, criar espaço para as dúvidas e para as angústias, para a reconstrução na crença do coletivo, na escola, na sociedade. O diálogo é a chave da educação e da pedagogia.
Não há atalhos, é preciso acordar para o que é urgente e importante, é necessário enxergar o coração de todas as coisas, parar de priorizar o superficial e o gerencialista. Em tempos como este, evoca-se que sejamos menos técnicos e mais humanos.
" Aquele que se dispõe a escalar a montanha, não o faz porque arrasta consigo um amontoado de equipamento para subir. A técnica torna a escalada mais fácil, mas o que o move ao desafio, é o ânimo para vislumbrar o horizonte além daquele tamanho."
( Gislaine Ribeiro).