Marrocos: Sindicatos da educação denunciam o uso da força contra os manifestantes
A passeata dos professores e quadros da educação no Reino de Marrocos, começou pela tarde, Terça-feira, no centro da capital, Rabat.
Uma denuncia dos quadros da educação veio por parte dos organizadores e da imprensa local, considerando o uso da força da segurança pública é inutil contra os professores nas ruas da capitat, registrando assim algumas escaramuças entre as forças de segurança e os profissionais da educação; levando os órgãos sindicais a condenar essas cenas, que complica ainda mais a situação do setor, no estado de "ebulição" e "congestionamento" durante os últimos meses, devido ao fraco ritmo do diálogo social.
A este respeito, a Organização Democrática para a Educação manifestou a sua insatisfação com o “fracasso” do ministério de tutela responder às expectativas das mulheres e dos homens da educação. cujas “acumulações” e “perdas” do nível de confiança contribuem às diferentes coordenadas de grupo, em termos da garantia no emprego, estabilidade psicológica e social, segundo os quadros do setor.
Referindo a organização do setor para a próxima greve nacional nos dias 5 e 6 de abril junto à sede do Ministério da "Educação Nacional", exigindo a institucionalização do diálogo social e setorial, através de uma abordagem participativa, correspondendo a lei básica "eqüitativa" que responda a todas as demandas educacionais da classe trabalhadora.
Diante do impasse, a Universidade Nacional de Educação - Orientação Democrática chamou para a realização de uma greve nacional no dia 5 de abril, com a participação programada local e nacionalmente, em resposta à "repressão" contra os grupos educacionais em todo o território nacional.
O Sindicato Nacional da Educação, filiado à Confederação Democrática do Trabalho, denunciou todas as formas de "restrição" às liberdades sindicais e o "confisco" do direito de greve por dedução do salário dos grevistas ou ainda a dedução de pontos na promoção, criticando a “abordagem sistemática” do estado na forma como ele lidar com os protestos educacionais dos trabalhadores.
Diálogo congelado
Sr Abd Al-Razzaq Al-Idrisi, Secretário-Geral da Universidade Nacional de Educação - Orientação Democrática considera que “ seja uma pena que as mulheres e homens de educação estejam enfrentados desta forma violenta, desrespeitando os professores envolvidos nas políticas públicas e na mobilização, cujo diálogo social ficou estagnado instrumentalizado pelo parlamento, sem resultados ”.
Sr Al-Idrissi, em uma declaração ao jornal online Hespress, considerou que “o Ministro da Educação Nacional se recusa a sentar-se com as organizações coordenadoras; uma vez que o diálogo não leva mais as reuniões objetivas, nem mesmo com os sindicatos setoriais ”, destacando que“ os protestos recentes constituem uma expressão coletiva do congestionamento, prevalecido no setor educacional nacional ”.
Acrescentando que as “cenas de violência contra mulheres e homens de educação revelam o clima contraproducentes; exigindo um fim desta abordagem, que inflama a situação pública ”, questionando sobre:“ o que teria acontecido se as autoridades tivessem permitido a realização de uma bancada de protesto na Praça Bab al-Ahad em Rabat ”?,
“Em todos os casos será melhor esta situação do que o que aconteceu em termos de turba, espancamento e insultos dos professores.”
Dossie suspendido
Sr Ahmed Al-Mansoori, secretário-geral da Organização Democrática de Educação considerou que “a violência contra os professores não se limita à categoria dos professores, sempre na vanguarda da construção de um projeto comunitário, envolve também a sociedade marroquina em geral. Apesar das medidas tomadas pelo país em vários níveis, a política governamental no campo da educação continua patinando, causando uma mancha no campo dos direitos humanos.
Por isso, Al-Mansoori, em uma entrevista ao jornal Hespress, sublinha que “o protesto não é um objetivo nem um fim, mas sim um meio de chamar a atenção sobre a responsabilidade, quanto às garantias dos trabalhadores da educação, responsável por um sistema de educação e formação sabiá.
“ O Estado é o responsável desta situação catastrófica; se o governo não fizer em frente o estado vai ficar preso a esses problemas´.
O mesmo dirigente sindical revelou que: “ o quadro torna-se um paradoxo, estranho quando o Ministro da Educação Nacional complica o setor, vagando pelas regiões do Reino, enquanto os professores protestam nas vias públicas; interrogando sobre os objetivos dessas visitas e do grau da contribuição para a construção do edifício da educação e da formação, com vista a resolver as questões pendentes do processo educativo.
Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitário, Rabat, Marrocos