Marrocos e Alemanha: questão de terrorismo ou Saara ocidental

Com a falta  de informações sobre os desencadeadores da crise “diplomática” do Marrocos com a Alemanha, levando à suspensão de qualquer interação oficial do governo com a embaixada de Berlim no Reino, a imprensa francesa tenta a  desenterrar as causas deste impasse diplomático, precedido por estações “críticas” na história das relações entre Berlim e Rabat ; a importante mídia francesa chegou a falar de "uma forte razão por trás dessa frieza sem precedentes."

Nasser Bourita, Ministro dos Negócios Estrangeiros, da Cooperação Africana e dos Marroquinos residentes no estrangeiro dirigiu um memorando aos membros do governo e ao seu chefe “ suspendendo qualquer contacto, interação ou cooperação (…) com a embaixada alemã no Marrocos, bem como não atender as agências de cooperação e instituições políticas alemãs, ”operando em Rabat.

O memorando alude a um “profundo mal-entendido”

com a Alemanha, com diz respeito "às questões fundamentais do Reino de Marrocos`` sem explicar as razões desta decisão radical, considerada  não estar em nível de "colapso" diplomático.

O jornal Le Figaro anotou que o “Rabat decidiu suspender todas as relações com Berlim, devido a um“ profundo mal-entendido ”, cujas causas desta crise envolve a questão do Saara e a ingerência em assuntos soberanos, além do caso de um cidadão germano-marroquino, acusado de terrorismo,  Mohamed Hajib,  desrespeitqndo as instituições constitucionais e a segurança marroquina.

O jornal parisiense destaca que o ministro das Relações Exteriores, da Cooperação africana e dos marroquinos residentes no exterior decide cortar relações diplomáticas com a embaixada alemã no Marrocos, por meio de "um profundo mal-entendido". 

Tal ministro chamou as administrações estaduais a suspender todos os “contatos, interação ou trabalho cooperativo” com autoridades e instituições políticas alemãs.

O Liberal Gazette prossegue afirmando que os dois países têm mantido uma cooperação estável e duradoura.

Em dezembro passado, o chefe da diplomacia marroquina saudou a "distinta cooperação bilateral", após um telefonema com o seu homólogo alemão Gerd Muller. No mesmo sentido, a Alemanha tem concedido uma doação de 1,387 bilhão de euros para combater a pandemia "Covid-19".

Após três meses, o tom diplomático entre os dois países mudou, de um lado o “Marrocos quer preservar a sua relação com a Alemanha, por outro lado manter o respeito e a consideração,  insatisfeito com uma série de questões ”, cujo alto funcionário marroquino da Agence France-Presse sublinhou ao dizer: "Não existe contato até que as diferentes questões estejam  respondidas."

O  jornal acredita que uma das causas da crise, é o caso do terrorista de origem marroquina Mohamed Hajib, residente na Alemanha,  fonte de tensão entre os dois países, segundo a "Deutsche Welle". Muhammad Hajib  tem sido preso em 2009,  viajando pelo Paquistão.

 Ele foi preso na Alemanha e libertado com a condição de retornar ao seu país natal, Marrocos. Onde, ele foi condenado a dez anos de prisão por "terrorismo".

O jornal “John Afrique” anotou por sua vez que “o memorando do ministério revela que as relações com a embaixada alemã permanecem suspensas de forma ambígua, gerando uma polêmica na Internet. tal "afastamento" constitui uma fermenta de dois gumes. 

Acrescentando que "a maior parte da imprensa marroquina evoca" sinais preparatórios para este distanciamento diplomático,  " cuja posição marroquina é um sinal para Europa", tratando de ``uns deslizes "por parte da Alemanha e seus suportes. Cujas consequências diplomáticas devem ser surpreendentes.

O jornal francês considera que há duas questões no cerne da crise entre o Reino e a Alemanha.  A primeira é o Saara,  a segunda envolve o reconhecimento da soberania marroquina sobre o Saara pelo governo Trump, 10 de dezembro,  deixando Berlim  a relutar no sentido de mudar a sua posição. 

Em 11 de dezembro, a chanceler alemã tem reiterado a sua posição num comunicado: “A posição do governo alemão sobre o conflito do Saara não mudou. Determinados a alcançar uma solução justa, duradoura e mutuamente aceitável com a mediação das Nações Unidas. Além disso, a questão do extremista Muhammad Hajib, volta a preocupar o povo alemão.

Por fim  o jornal "Curry International" concluiu ao sublinhar: "A posição alemã sobre a questão do Saara cristaliza as tensões, uma vez a Berlim não quer mostrar uma posição clara sobre o passo americano de reconhecimento da soberania de Marrocos sobre o Saara; aumentando as críticas entre os dois países. 

Lembrando que um ano antes, o Rabat tem sido marginalizado das negociações sobre o futuro da Líbia em Berlim. A Alemanha parece estar definindo as regras por si mesma, transmitindo uma posição considerada "volátil e  politicamente arrogante".

Lahcen EL MOUTAQI

Pesquisador universitário, Marrocos

ELMOUTAQI
Enviado por ELMOUTAQI em 05/03/2021
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