A FOICE, O MARTELO... E A SUÁSTICA

Debate-se muito hoje acerca da natureza do famigerado movimento ideológico alemão que surgiu na década de 30 do século passado. Seria este um movimento de extrema direita conforme a posição mais defendida, ou seria mais um ramo do esquerdismo? Creio que é possível responder a estes questionamentos após uma breve análise.

Primeiramente é necessário apontar que o nazismo é uma forma de fascismo possuindo então suas características mais básicas, tais como o nacionalismo exacerbado, o totalitarismo e o culto ao líder. Embora do conhecimento de poucos, a ideologia fascista surge dentro do partido comunista italiano no começo do século XX. A separação entre ambos ocorre devido a uma nova interpretação do marxismo – a base do pensamento revolucionário comunista/socialista. Esses novos fascistas não enxergavam, tal como via Marx, um proletário internacional, ou seja, para eles não havia uma disputa entre trabalhadores e seus patrões, o que de fato ocorria era um embate entre nações burguesas que recorriam ao imperialismo para dominar outras nações.

Munidos desse pensamento, não só Benito Mussolini, como também Adolf Hitler, se colocariam contra essas nações burguesas e o imperialismo mundial que, segundo eles, tais nações representavam. Assim sendo, na visão desses dois líderes, o mais coerente para combater o imperialismo burguês seria instaurar um “imperialismo revolucionário”, ou seja, dominar antes de ser dominado – o que certamente explica o expansionismo alemão, o qual viria a ser uma das causas da Segunda Grande Guerra.

Então tendo em vista que o fascismo italiano, tal como sua “forma” alemã, o nazismo, são oriundos do comunismo esquerdista e revolucionário, é possível então taxa-los como sendo ambos movimentos de esquerda? A resposta mais correta seria um retumbante “não”. Contudo essa é uma conjectura externa, pois internamente, os nacionais-socialistas alemães (os nazistas), se consideravam a verdadeira tradição herdeira do socialismo; a “Foice e o Martelo” estavam tão presentes na Alemanha nazista quanto a suástica. Contudo, o nacionalismo nazista bem como, até certo ponto, sua defesa da moralidade e dos bons costumes, o colocam na contramão do pensamento revolucionário mais comum. Seria então o nazismo a direita ou ainda a extrema direita dado esse aparente conservadorismo? A resposta também é não. O nazismo não pode nem de longe ser considerado conservador e tão pouco “de direita”, e isso porque é um movimento de cunho revolucionário, anticristão e que busca a destruição da sociedade atual em prol de uma nova, algo que jamais poderia ser chamado de conservador, uma vez que este busca a mudança mais lenta e natural do espaço social.

No entanto há de se compreender que o pós segunda guerra assim como a derrota da Alemanha nazista trariam mudanças para o movimento comunista global. O pensamento fascista de que os verdadeiros inimigos são as nações proletárias foi o que levou a todo o contexto da Guerra Fria e aos embates entre URSS e EUA. E além disso, as reformulações que o marxismo clássico irá sofrer após as ideias de Antonio Gramsci e com o advento da Escola de Frankfurt, certamente mudariam o pensamento revolucionário esquerdista para algo muito mais próximo do nazi-fascismo das décadas anteriores. Os proletários agora seriam todos aqueles que possuem alguma reclamação da ordem social vigente, o que abre margem para várias revoluções ao mesmo tempo. E enquanto isso ocorre internamente, externamente se busca demonizar e atacar outras nações tidas como burguesas e imperialistas, o sonho de Hitler e Mussolini mantem-se vivo nessa esquerda do pós Guerra.

Assim observamos o perfeito casamento entre o comunismo e o nazismo, sendo que hoje ambos são a mesma coisa, ambos são a esquerda moderna. O nazismo podia não ser assim chamado no passado, mas a esquerda de hoje é certamente a herdeira do nazi-fascismo. Agora no entanto foi trocada a expansão militar pelas revoluções particulares de queixosos, os assim chamados pela Escola de Frankfurt de "lumpemproletariado". Então qualquer ruptura ocorrida no passado entre o comunismo e o nazi-fascismo já foi certamente superada, a suástica ainda permanece unida à foice e ao martelo, juntos por uma mesma causa: a revolução custe a vida de quem custar.