MINHA REDAÇÃO ENEM 2020 - 'O estigma associado às doenças mentais na sociedade brasileira'
Quando Brás Cubas explanou sua máxima "suporta-se com paciência a cólica do próximo", evidenciou que as demandas do outro são irrelevantes. No contexto brasileiro, algo similar ao que ocorre nessa explanação literária aflige pessoas acometidas com doenças mentais, que são tratadas com estigma e vistas de forma depreciativa até pouco tempo pela medicina. Para tanto, a fim de mitigar o impasse, urgem medidas eficazes.
Em primeira análise, no que concerne ao estigma com pessoas que sofrem de doenças mentais, essas são excluídas do convívio social por causarem estranhamento, seja de forma direta ou não. Um exemplo disso é visto na obra "O Alienista" do autor Machado de Assis, cujo personagem central, o médico Bacamarte, isola pessoas com comportamentos "anômalos" para casa verde (uma espécie de hospício). Dessa forma, é preocupante pensar que ainda hoje, apesar dos avanços na medicina, pessoas com transtornos mentais continuem estigmatizadas.
Outrossim, no que tange ao olhar depreciativo sobre as doenças mentais, a medicina baseada em evidências - herança positivista -, por muito tempo considerou irrelevante a saúde mental dos pacientes. Com seu aprimoramento, atualmente, o método clínico centrado na pessoa, avançou no sentido de olhar para o paciente além do aspecto biológico, e sim para o ser bio-psico-social. Dito isso, depreende-se que a medicina contemporânea se esforça para tratar o paciente além da questão biológica, apesar de ainda ser insuficiente.
Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado por meio do Ministério da Saúde, aumentar nas faculdades de medicina, conteúdos pautados no método clínico centrado na pessoa. Ademais, é mister que haja uma campanha feita pelo mesmo ministério, que atinja a população, visando a redução do estigma social de quem sofre de algum transtorno mental, isso deve ser feito através de peças publicitárias para veículos de circulação em massa. Desse modo, estima-se que, apenas assim, a questão será suavizada e a máxima de Brás Cubas, refutada, pois a cólica do próximo pode se tornar a cólica de todos.