Os Campos Tindouf, povo sem identidade 

O problema do Saara marroquino, considerado um dos conflitos mais antigos do mundo, chama atenção do mundo, devido ao seu contexto ideológico, político e humano,  prolongado por mais de quarenta anos, cujos negociações intermináveis foram suspensas, à luz das transformações que conhece o mundo em plena evolução.

A sua gestão política tem sido muito ociosa, desgastante e demorada, de um lado os separatistas de polisário e o governo marroquino, além da Argélia que mantém uma tirania histórica, ideológica, tornando-se o problema perder a intensidade, reduzindo tal conflito um conflito de terras. 

A Argélia, por mais de 40 anos, consegue enganar este povo nômade, dito separatistas da Polisário, estabelecendo a crença sobre um país vizinho, deixando a pensar estar apoiando o direito dos povos à autodeterminação.

Tal abordagem reducionista, confinando a questão à dimensão política e ideológica em volta de uma visão obscura,  amplifica as dimensões políticas do conflito,  deixando ao lado o elemento mais importante que é a dimensão humana, a situação dos detidos ou dos refugiados nos campos de Tindouf.

Tais detidos sarauís nos campos de Tindouf de acordo com as percepções e visão do estado marroquino, e refugiados de Tindouf de acordo com as percepções do estado argelino e seus apoiantes, em torno de uma certa discórdia, uma vez  o povo sarauí, prolongando seu problema cada vez mais sem uma saída política, situação excepcional, base não fundamental dos direitos humanos deste longo conflito regional.

Finalmente, estes residentes de Tindouf parecem ter um estatuto semelhante ao dos reféns, sem sequer  o direito de falar de si e de seus interesses, considerados os verdadeiros reféns objeto da barganha, ou seja, situados entre a venda e a compra. 

Assim é o verdadeiro problema sarauí, base de uma crise criada por todas as partes, Polisario, separatistas e Argélia,  sem uma lógica de reflexão histórica, com uma profundidade do porquê. Uma vez que não se trata de uma questão de terra, mas sim de um conjunto de slogans coloridos em volta da pátria,  longe da verdade e da pertença, essência do problema do homem, sem identidade e dignidade, nem, portanto, direito de falar sobre si mesmo.

Lahcen EL MOUTAQIProfessor universitário, Marrocos

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Enviado por ELMOUTAQI em 05/01/2021
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