Sebta e Melilila, enclaves sob ocupação espanhola
O Marrocos, um estado monárquico, independente da França e Espanha, desde o inicio do século XIX, continua convivendo com um“ status quo depois de 5 ou 6 séculos”, conforme a palavra do primeiro-ministro Saadeddine Al Othmani, recentemente, no exterior, lembrando do estado das cidades Sebta e Melilla, arquipedio sob a ocupação espanhola, na margem de uma entrevista à televisão egípcia El Sharq Tv, no quadro do reconhecimento dos Estados Unidos da soberania do Marrocos sobre o Saara.
Acrescentando ao dizer que nada pode desequilibrar as coisas; deixando ao tempo esperar que o fruto seja maduro cair e recolher.
"chegando a hora do arquipélago Sebta e Melilia, territórios marroquinos como o Saara".
Em outras palavras, não adianta apressar as coisas; porque cada caso tem o seu devido tempo. Tal declaração levou o governo espanhol a convocar com urgência a embaixadora de Marrocos em Madrid, Karima Benyaich, para pedir "esclarecimentos" sobre as declarações do chefe de governo marroquino.
O reconhecimento do Donald Trump da soberania do Reino sobre os seus territórios meridionais, divide-se entre os intelectuais espanhóis; provocando naturalmente o levantamento destes dois arquipédios marroquinos ainda ocupados pela Espanha num anacronismo, de fato, já não deve existir.
“O tempo chega um dia para o Marrocos chamar a volta de duas cidades ao seio nacional”, o que pensam muitos marroquinos.
Por que não transformar o conflito sobre Sebta e Melilia em um forte símbolo de renascimento das relações bilaterais e de um fator de fortalecimento de laços em torno de uma visão desinibida sobre o futuro?
O processo de Sebta e Melilia decorrem de u, contencioso ou de uma disputa territorial totalmente diferente do Saara, que Argélia inventou com todas as peças, motivos conhecidos, fazendo parte dos vestígios de um passado colonial definido.
Em 27 de janeiro de 1975, nove meses antes da organização da Marcha Verde, o Marrocos enviou um memorando ao comitê especial de descolonização da ONU para exigir a retirada da Espanha, envolvendo esses dois enclaves, sobretudo as Ilhas Chafarin e o Rochedo de Badis.
Por outro lado, ficou desde então, Rabat nunca tinha realmente insistido ou lutado para incorporar seus territórios que as Nações Unidas não consideraram como áreas ocupadas, a serem descolonizadas.
A decisão espanhola, adotada em 1995, é de submeter Sebta e Melilia a um regime autônomo sob a soberania espanhola ; o que comprometeu ainda mais as chances de Marrocos a recuperar esses dois enclaves, cujo Rabat nao tem utilizado no fundo nenhum argumento de reivindicação, a não ser colocar pressão sobre a Espanha na questão do Saara.
Subindo uma pressão migratória muito forte, Sebta e Melilia têm perdido a sua atratividade, desde que as autoridades marroquinas deram, 2019, mais uma virada na luta contra o contrabando, sobretudo no enclave de Sebta.
Ligados essencialmente pela história e geografia, bem como através de uma comunidade de destino, os dois países vizinhos parecem condenados a se entender e a ir mais longe no fortalecimento de seus interesses mútuos. Por que não transformar a este respeito o conflito sobre Sebta e Melilia, num símbolo forte de um renascimento das relações bilaterais, ou num fator de fortalecimento de laços em torno de uma visão desinibida sobre o futuro?
A co-gestão dos dois enclaves, que só pode ser fruto de uma ousada vontade política comum de acabar com a desconfiança herdada dos meandros do passado, podendo ser também uma via inteligente a explorar para lançar as bases de uma relação sólida e renovada.
O objetivo principal é de permitir que os dois países vizinhos e amigos superar as dificuldades de progresso e desenvolvimento, de uma vez por todas, sem que estas disputas históricas e territoriais possam escurecer totalmente o horizonte, com vista a concentrar-se no essencial. E de reinventar, longe dos estereótipos e dos clichês usuais, para uma parceria e confiança, capaz de enfrentar juntos os desafios do desenvolvimento , e em prol de dois povos que se conhecem e se apreciam.
As responsabilidades marroquinas e espanholas acreditam sobre o que une os dois reinos sendo muito mais importante do que o que os divide. Para isso, resta a traduzir esta convicção compartilhada nas ações firmes e nos contornos de uma aliança estratégica e cooperação tradicional, envolvendo as questões de luta contra a imigração ilegal, terrorismo ou tráfico de drogas.
Finalmente, esta última crise da saúde, Covid 19, um fator desestabilizar e devastar as economias, ao mesmo tempo redefiniu a geopolítica global, entrevendo para o Marrocos e a Espanha, uma vizinhança mais fecunda do que tem sido até agora. Num clima que leva os líderes dos dois países a olhar-se no retrovisor do passado.
Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitário, Rabat , Marrocos