Posvenção: a importância de cuidar dos que ficam

A uma grande importância na prevenção ao suicídio, contudo, infelizmente os índices não param de crescer, segundo dados da OMS (2012, p. 05), “a cada ano, praticamente um milhão de pessoas morrem por suicídio em todo mundo” Tendo também os casos de tentativas que não são registrados, logo não dando registro eficiente. “O suicídio vem sendo discutido tanto em âmbito nacional como internacional. Segundo a OMS, o índice de suicídio mundial é maior do que o número de mortes por guerras e homicídios; o mesmo estudo aponta que 9 em cada 10 casos de suicídio poderiam ser evitados com um trabalho de prevenção.” (ABP, 2014) A falta de cuidado é clara, doenças psicológicas e tentativas são vistas como “fraqueza”, essas pessoas sofrem com falas preconceituosas, a suicidologista Karina Fukumitsu, que escolheu essa profissão por presenciar várias tentativas de suicídio de sua mãe e todas as vezes que a levava para o hospital os médicos e enfermeiras, falavam para da próxima vez tentar de uma maneira mais letal, perguntavam se ela não tinha nada para fazer além de ficar tentando isso, são comentários como esses que vemos o preconceito impregnada na sociedade, mostrando o quão leiga a população ainda é quando se trata de suicídio.

Quando o ato ocorre, ficam “Os chamados sobreviventes do suicídio são as pessoas próximas, ligadas àquele que teve um suicídio consumado. São pais, irmãos, primos, vizinhos, colegas de trabalho, de turma, professores, profissionais de saúde. Essas pessoas ficam vulneráveis e, por isso, precisam de um cuidado especial” (QUEIROZ, 2019) São pessoas que devem ser cuidadas, pois muitos podem ter a mesma reação ou desenvolver transtornos mentais. “O segundo maior fator de risco para o suicídio é ser um sobrevivente. Essa é a população que adoece de uma maneira peculiar, e o luto é diferente do luto normal. Então, é muito importante que quem passa por esse trauma encontre um lugar para falar abertamente sobre todos os sentimentos que estão ocorrendo” (QUEIROZ, 2019)

A população ainda é leiga quando se trata dos sobreviventes ao suicídio, pois no Brasil a poucos estudos e meios para orientá-los, embora que para cada suicídio 130 pessoas são afetadas. Muitos nunca tocam no assunto, por vergonha ou culpa.

Em 1970 na America do Norte surgiu o primeiro grupo de apoio aos enlutados e em 1973 o Dr. Edwin Shneidman “descreveu o conceito de posvenção, como a “prevenção para futuras gerações.” (PESSOA e CACCIACARRO, 2020) É de grande importância cuidar dos sobreviventes, ajudando a facilitar a vida deles, evitando possivelmente às doenças mentais e um suicídio. O ato quando consumado provoca sofrimento nos sobreviventes, que precisam vivenciar o processo do luto e encontrar significados para a perda, além de aprender a lidar com a ausência e as repercussões da morte. Torna-se necessário desenvolver habilidades para lidar com a nova realidade (FUKUMITSU & KOVÁCS, 2016). O feito chama muita atenção, principalmente quando ocorre em uma cidade pequena ou pessoa famosa espalhando a noticia rapidamente, deixando às pessoas próximas vulneráveis a julgamentos, fazendo com que eles acabem se isolando, o que pode ser um fator de risco.

Na cidade de São Paulo foi fundada a CVV, que presta serviços gratuitos, atendendo as pessoas que estão em um momento delicado, muita das vezes prestes a cometer o ato. “CVV, uma associação que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. São realizados mais de um milhão de atendimentos anuais por aproximadamente dois mil voluntários em 18 estados mais o Distrito Federal, contando com atendimentos por diferentes meios – como telefone, chat, e-mail –, bem como em 80 postos de atendimento.” (CVV, 2017b)

Ao longo dos anos vemos tal ato aumentar drasticamente, diversos fatores influenciam para a chegada desse fim doloroso e irreparável, a prevenção é importante, contudo, não podendo esquecer da posvenção, é preciso ajudar os que ficam, considerasse a perca para o ato suicida como tendo o mesmo impacto mental de alguém que passou por um campo de concentração, tendo em vista que muitos deles seguraram seus entender queridos ou amigos nos braços após o ato, ficando com aquilo marcado, a chance de haver um segundo suicídio no mesmo grupo é ainda maior, a esses deve ter uma atenção redobrada, estando eles mais vulneráveis. “Se tem vida, tem jeito” (FUKUMITSU,2019)

REFERÊNCIAS

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Ação de saúde pública para a prevenção de suicídio: uma estrutura. Geneva, 2012

Shneidman, E. (1973). Deaths of Man. New York: Quadrangle.

Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). (2014). Suicídio: Informando para prevenir. Brasília: CFM/ABP.

Centro de Valorização da Vida. (2017b). O CVV. Recuperado de https:// www.cvv.org.br/o-cvv/.

PESSOA, Gabriella Costa. CACCIACARRO, Mariana Filippini. Posvenção e qual sua importância como estratégia em saúde mental. Vetor editora.Disponível em < https://blog.vetoreditora.com.br/posvencao-e-qual-sua-importancia-como-estrategia-emsaudemental/#:~:text=Posven%C3%A7%C3%A3o%20%C3%A9%20todo%20cuidado%20prestado,%C3%A0%20promo%C3%A7%C3%A3o%20de%20sa%C3%BAde%20mental>

SOMBRA, Diego. Sobreviventes do suicídio: quem são e por que devem ser cuidados. Secretaria da saúde. 25 de Setembro de 2019. Disponível em <https://www.saude.ce.gov.br/2019/09/25/sobreviventes-do-suicidio-quem-sao-e-porque-devem-ser-cuidados/>

CARASCO, Daniele. “Nem toda pessoa que se mata tem depressão”, diz especialista em suicídio. 15 de Novembro de 2017. São Paulo. Dísponivel em < https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2017/11/15/viver-sem-sofrer-e-uma-utopia-diz-especialista-em-suicidio.htm?cmpid=copiaecola>

Victória Reginna
Enviado por Victória Reginna em 21/12/2020
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