A terceira idade e sua adaptação aos tempos atuais
A velhice ou velha Alice, como alguns de nós a denominamos é uma das fases mais belas e mais temidas da humanidade, é uma fase muito complexa em todos os sentidos. Tem a mesma complexidade da adolescência, sendo que se dá de forma inversa, na adolescência eles sentem o afloramento dos hormônios e isto provoca neles mudanças físicas e de comportamento, é uma idade dos cuidados maiores para os pais, a mudança fisiológica vai provocar atitudes e sentimentos dos mais variados, é necessário muito dialogo, paciência, compreensão e discernimento para compreendê-los, pois nem tudo será dito, pois nem eles mesmos sabem o que está acontecendo, sente-se confuso e ficam entre a fase da criança e entrada do adulto, entre o controle dos pais e o desejo de liberdade para viverem novas descobertas. Lembrando que o crescimento físico e mental provoca dores no corpo e as vezes distúrbios emocionais.
Ao refletir sobre isto vi que a velhice não é apenas o inverso disso, a começar com a perda dos hormônios, e de todas as suas conquistas adquiridas através dos tempos. Alguns com a sorte de encontrar médicos dedicados que os orienta para a reposição dos hormônios, alimentação adequada, academias, e outros confortos, mesmo assim, iniciam-se certos incômodos, na mulher a menopausa, no homem a andropausa, os fios dos cabelos grisalhos, o corpo modificando, a pressão alta na maioria, a face enrugando, muitos ficando mais gordos e barrigudos, e as pernas não são mais as mesmas, e vem a aversão em olhar-se ao espelho, não são mais os mesmos, nem na mente, por mais sadios que sejam, por mais vaidosos, se for vaidoso pior, porque se tiver condições quem gostará são os cirurgiões plásticos, o corpo do adolescente sofreu mudanças para tornar-se adulto, e este está moldando preparando-se para a velhice e com isto vem os problemas sociais, psicológicos e emocionais, alguns conhecerão a depressão, a revolta, as dores no corpo provocada pelo envelhecimento, e a necessidade de mudanças de atitudes para adaptar-se a nova vida.
Para o idoso que vem florescendo estas mudanças sentem, os problemas sociais pelo afastamento dos filhos, pelo trabalho ou casam e viajam, e dai surgem as questões emocionais. Os jovens adolescentes quando tomam consciência que estão ficando adulto começam a se arrumar de maneira que possam enturmar-se juntos a seus iguais, quando após os cinquenta anos, quando percebe que seu corpo está mudando, sentem, em alguns casos necessidade de se maquiar, frequentar salões e tentar driblar os sinais que não querem enxergar. Aquela ou aquele jovem está lá no seu interior, não aceitarão fáceis as mudanças externas. Vão lutar iguais aos jovens mais tarde, quando chegar à velhice propriamente dita, a partir dos 70 anos vão usar bermudas, shorts, camisetas, praticar esportes ou acomodar-se. Ou lutarão pela sua liberdade de expressão, por um espaço muitas vezes em sua própria casa, ou sair para passear, ou pegar seu salario da aposentadoria, muitos deste vão estar na dependência dos filhos, das cuidadoras de idosos, isolados no seu quarto ou aos cuidados das casas de repouso e asilos.
Afinal, quem quer ficar velho? Quais as suas vantagens?
Pagar aposentadoria até a morte, não pagar transporte a partir dos sessenta e cinco anos, se tiver condições de vida passear viajar conhecer o mundo a sua volta e fazer muito mais, pagar bons empregados para resolver seus problemas, e um plano de saúde que atendam a todas as suas necessidades, pois sua única preocupação ou não, é a reta final.
Não precisamos falar dos que dependem do INSS, que são aqueles que não têm plano de saúde, suas vantagens são mínimas, não pagar o transporte.
Todos vivem de maneira a acreditar que está sempre jovem, a face enrugada é externa, no interior está o jovem ou a jovem fazendo de tudo para encobrir o desgaste dos anos de trabalho, cuidado dos filhos, e do lar. Estes desgastes da vida externa deixam a cada dia que passa marcas nas linhas do corpo, surgindo dobras, gordurinhas e rugas, esta é a verdade.
A família vem se modificando e com as mudanças vamos observar o quanto às pessoas idosas vêm sofrendo, talvez por não aceitarem a adaptar-se ao local onde estão inseridas, ou mesmo as mudanças sociais e econômicas como também a educação moral atuais, estas mudanças não são lentas vêm com uma rapidez imensa, coisas novas surgem em todos sentidos, na linguagem, nas musicas, no comportamento, na moda, nos bens, nos valores, em determinado momento e no outro perdem a validade e os idosos que farão? Vão deixar-se perder a validade? Ou procurar adaptar-se a cada mudança? Estas coisas fazem parte da vida e se quiser sobreviver terá de aprender a manuseá-las, senão ficará estagnado. Quando a família muda, também toda a sociedade muda, a sociedade é um produto das famílias, não é a sociedade que cria a família, mas é a família quem cria a sociedade, uma vez que ela é a célula mãe da sociedade. Se a família educa bem os seus filhos teremos uma sociedade sadia, se ela é desajustada seus filhos serão desajustados, e com ela surge uma sociedade desequilibrada como vemos atualmente, a começar pelas famílias dos políticos na maioria sem uma educação moral precisa, servindo de mal exemplo para o povo o qual são responsáveis.
Vive-se numa sociedade que valida a condição social, estilo de vida, profissão e o símbolo da velhice, na realidade e é a aposentadoria e com esta os problemas psicológicos, vez que são afastados das amizades, das associações que se formaram no decorrer da carreira laboral e mesmo nas movimentações processadas no caminho do trabalho, caminhar conversando com pessoas, olhar lojas, ou mesmo se estiver no carro , a falta do engarrafamento, ou mesmo as reclamações com os motoristas incautos que não obedecem os sinais. É neste momento que antes sonhávamos com a aposentadoria vamos perceber que estas situações nos ajudavam a despertar e sentirmos que estávamos vivos.
É com a aposentadoria que vamos testar a nossa validade, ao sentir o vazio terão de buscar as poucas oportunidades que são oferecidas para preencher o tempo, buscar atividades que satisfaçam as suas necessidades e expectativas.
Os filhos cresceram, estudaram, se formaram, ou se não fizeram isto por falta de condições ou opção, casaram e cada um seguiram seus caminhos e alguns viajam para muito longe deixando os pais sozinhos, inconscientemente muitos laços assegurados com a companhia próxima, o dialogo, confraternização em muitos casos vão se rompendo e o bem estar da pessoa idosa vai se confinando até chegar ao isolamento, em um quarto separado na casa de um dos filhos ou em uma casa ou apartamento solitário. Se tiver um salario de aposentadoria, sujeito a uma cuidadora de idoso ou a alguém sem experiência ou mesmo a um abrigo ou casa de repouso como foi citado acima.
Assistir a um programa de televisão ou ler noticiários nos meios de comunicação, podemos sentir a realidade daqueles idosos que não tem sequer uma aposentadoria, e os que têm muitas vezes são explorados pelos filhos ou por aqueles que tomam conta, muitas vezes vizinhos e amigos que se dizem ter compaixão , por trás o interesse, como um caso que uma senhora idosa faleceu e a vizinha que tomava conta dela tomou posse da casa onde a idosa morava, alegou que a mesma a havia doado. Estes casos acontecem muito no interior, os filhos casam ou vão trabalhar na cidade grande como dizem, terminando deixando os pais ou parentes sós.
Hoje o computador, amanhã o Facebook, depois o celular, o smartphone, ontem o radio, hoje a televisão, e amanhã, que será? Temos de aprender a lhe dar com tudo isto, aprender com os netos, e se chegar os bisnetos teremos também o que aprender, tudo será sempre novo.
Culpamos a sociedade por tudo, também os governos pode-se dizer que o culpado somos nós, pois somos nós que educamos os filhos, somos nós quem votamos e escolhemos o governo que queremos então, somos nós quem construímos ou destruímos esta sociedade que ai está.