POR QUEM OS SINOS DOBRAM? ou O SONHO DE SER FELIZ NUNCA ABANDONA AS CRIANÇAS.

Dez horas da manhã. A última missa terminara e a garotada saiu em debandada geral para fora da igreja.O passeio era o motivo de tanto alvoroço. Bornéis e farnéis cheios para a aventura que se descortinava através das ladeiras a descer e subir. O Comandante-Em-Chefe era o sacristão magrelo feito pau-de-virar-tripa.Tudo era festa para a meninada.O ladeirão foi vencido graças as alpargatas macias que não machucavam os pés. Naquele tempo não havia os *Nikes*. A rua se alargou e mostrou o portão do cemitério.Silêncio total da garotada.Com mortos não se brinca.E lá fomos pela rua Padre Gebardo em busca da subida mais íngreme em direção às alturas. O chão batido,terra dura,dificultava o caminhar,mas era preciso ser forte,ser valente como o príncipe das histórias contadas pelos mais velhos.O Sonho de ser Feliz NUNCA abandona as Crianças. E aproveitamos a sombra de algumas árvores para descansar,face à subida mais difícil até o topo. Umas bananas ajudavam a amenizar a fome infantil. E l´´a fomoss com a intrépida volúpia de audazes aventureiros em busca de um horizonte perdido. Cansados pelo caminhar,contudo,exultantes pelo inusitado da aventura. Criança é sempre alegre e feliz. Mais uns poucos andares e chegamos. Subimos afoitos no monte mais alto . Lá embaixo se descortinava o vale de várzeas e banhados,cheios de pássaros e aves em revoadas simétricas. O rio bailava sinuoso,enchendo de alegria o capim viçoso e verdinho. O Sol brincava de esconde-esconde com as nuvens.Do outro lado a grandiosa Mantiqueira se descortiva majestosa com seus trapos de cetim branco adormecendo em grotões variados. Criança é mesmo feliz com simples coisas. Um badalar do sinete chamou a molecada para a volta. Era preciso deixar o paraíso. Tudo tem seu Tempo e sua Hora. A volta é sempre triste de um lugar tão aprazível. Os sinos dobravam...lá embaixo...Os Homens continuavam perdidos em suas solidão.Desscer era fácil,pois todo santo ajuda.Os sinos badalavam uma Ave Maria. Por quem os sinos dobram? Pela Solidão dos Homens ou pela Alegria das Crianças?