A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA BRASILEIRA E AS REFLEXÕES SOBRE A FIGURA DE UM "BISPO UNIVERSAL"

Por Luis Magno Alencar/ICAB (Seminarista) - O bispo é a autoridade maior de uma igreja local, consolidada ao longo da expansão de nossa religião cristã, principalmente após as decisões do Concílio Ecumênico de Nicéia (325), que o diferiu pela dignidade de Patriarca, Metropolita e bispo da igreja local (a diocese).

Na ICAB, prevalece (de certo modo) a obediência ao conselho do "Papa" Gregório Magno (590-604), chamado de papa porque tal palavra era usual para os bispos já em sua época. Foi Gregório que em 587, refutou o Imperador Bizantino Maurício (539-602) por dar ao Patriarca de Constantinopla João IV (sucessor do Apóstolo Santo André), o título de "Patriarca Ecumênico", logo erroneamente entendido pelos bispos romanos e por Gregório como "Patriarca Universal" ou similar.

Interessante de se ver foram as belas justificativas do Papa Gregório: "Ninguém de maneira alguma vos engane; porque [a segunda vinda] não virá sem que antes venha a apostasia, e se manifeste o homem do pecado, o filho da perdição, o qual se opõe, e se exalta acima de tudo o que se chama Deus, ou se adora; de sorte que se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus." (2 Tess. 2:3-4).

Em sua carta enviada ao citado imperador, a frase que resume toda a sua interpretação sobre o assunto, Gregório deixa claro não haver diferenciação entre os bispos, mesmo em pleno século VI e assevera em duríssimas palavras aquele tal título desejado. "todo aquele que se chama a si mesmo, ou deseja ser chamado, Bispo Universal, é na sua exaltação o precursor do Anticristo, porque orgulhosamente se coloca acima de todos os outros". Desconsiderando as discordâncias recorrentes entre os bispos de Roma em várias ocasiões, em 1073, após diferentes estágios de evolução na autoridade destes, Gregório VII atribuiu a si a exclusividade no uso do título de "papa". Outros títulos de honra também foram se oficializando ao longo do tempo, a saber, "Servo dos Servos de Deus", "Santíssimo Nosso Senhor", "Cabeça da Igreja" e por aí vai. É interessante notar que após o Cisma do Oriente em 1054, os concílios passaram a existir em dois blocos separados: Os Concílios Pan-Ortodoxos e os Concílios Católicos, com a diferença de que no caso da Igreja Ocidental, a chamada "inefabilidade papal" distanciou-a ainda mais do rebanho disperso.

Por fim, observa-se que o tema esclarece ainda mais a assertiva dos bispos icabenses, de se manterem (junto com Dom Carlos Duarte Costa), fiéis a antiga ortodoxia, esta que foi resgatada e preservada na Igreja Católica Apostólica Brasileira/ICAB, através dos concílios nacionais e são as máximas e estatutárias autoridades sobre o destino da Igreja, no cumprimento de sua missão de evangelizar em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, que é, verdadeiramente, a Cabeça da Igreja.

Gualther de Alencar
Enviado por Gualther de Alencar em 31/08/2020
Reeditado em 31/08/2021
Código do texto: T7051530
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