Por que tantos têm morrido sozinhos?

Essa noite eu estava em um local de estudo, sala ampla, bela mobília, quadro digital, um mestre com um sorriso fraterno e de cabelos grisalhos como a neve que branqueia tudo o que toca.

No meio da aula, fiz uma pergunta:

_ Por que tantos têm morrido sozinhos?

A resposta me comoveu a alma.

"_ Como Deus ensina o caminho?"

_ Com amor?! Respondi.

"_ Sempre! Mas muitas vezes escolhemos outras direções, fazemos escolhas e plantamos a indiferença em tudo que tocamos e por onde passamos..."

_ Como assim? Perguntei com ansiedade.

"_ É da lei que tudo que plantamos haveremos de colher, certo?"

Apenas acenei com a cabeça.

"_ Todas essas partidas solitárias, na qual você lamenta há ausência da despedida, nada mais é que a lição amorosa a nos chamarmos para a necessidade de correção de nossos atos de indiferença para com todos e tudo a nossa volta. Homens de poder que se acham acima do bem e do mal, como se só as suas vontades e necessidades merecessem atenção e atendimento; maridos que esqueceram seus deveres familiares; filhos cuja a ingratidão resvala na ação criminosa que lesa a saúde emocional de seus pais; amigos que presentes se encontram mais interessados em conversar pelo WhatsApp do que pela trocada afetuosa do bom bate papo olhos nos olhos; e por fim, todos nós que nos negamos a ver a necessidade que transita de norte a sul, de leste a oeste, por toda parte em nosso país, estampada em rostos famintos, em rostos cadavéricos dos usuários dos tóxicos entorpecentes do corpo e da alma, que se aliena na fuga de suas próprias responsabilidades perante si e Deus; pelo descaso nos trabalhos que hora realizamos sem amor ou envolvimento achando-o desprovido de importância, negando assim a sociedade o melhor de nós. A dor da solidão num leito de quarto longe de tudo e todos, a impossibilidade de velar os seus, de prestar a última homenagem aos despojos, faz sofrer o nosso orgulho, desferindo em nós golpes, que nos põe de joelhos perante as leis soberanas de Deus. Nestes momentos turvos, somos convidados a refletir e corrigir rotas, eliminando para sempre a indiferença de nossas almas e de nosso proceder."

Eu acordei em lágrimas, refletindo sobre os sofrimentos incontáveis daqueles que nos cercam e que por muitas vezes preferimos ignorar do que nos envolvermos.