# Momento Itajubense - Médico itajubense Ésper Kallás defende tratamento do coronavírus com transfusão de sangue *
Um jornal de verdade
13 abril de 2021
- O reconhecido médico infectologista itajubense Ésper Georges Kallás vem defendendo o aprofundamento do estudo e tratamento, de infectados pelo coronavírus, com anticorpos do plasma de sangue dos que se recuperaram da doença. Ésper Kallás é filho do saudoso comerciante George Kallás, da Casa Joka,de Itajubá.
O médico especialista, formado pela Faculdade de Medicina de Itajubá - FMIt, em 1989, passou a escrever artigos semanais sobre o combate ao coronavírus no jornal paulistano "Folha de São Paulo", desde a última quarta-feira, 8 de abril.
Pesquisa publicada
O médico já publicou, inclusive, pesquisa na Agência Fundação de Pesquisas do Estado de São Paulo - Fapesp - acerca de uma "tecnologia em 48 horas" para "monitorar o problema em tempo real."
Ésper Kallés é atualmente professor titular de infectologia e imunologia da Universidade de São Paulo - USP.
Segue o primeiro artigo publicado pelo especialista na
"Folha de São Paulo":
"Tratamento do Covid-19 pelo sangue - Uso do plama pode tratar nova doença, mas merece avaliação rigorosa
A ideia não é nova. Em 1890, Emil Adol von Bhering e Sibasaburo Kitasato publicaram um estudo mostrando a cura de ratos e outros animais inoculados com soro de animais previamente infectados com bactérias altamente virulentas.
Um ano mais tarde, esse método, batizado como imunização passiva" foi usado com sucesso para tratar uma criança acometida de difteria. Até então, cerca de 50 mil crianças alemãs já haviam morrido pela doença e o novo tratamento mudou a história da Medicina. Merecidamente Bhering recebeu o primeiro Prêmio Nobel em Medicina no ano de 1901.
Muitos estudos mostraram que anticorpos encontrados no plasma das pessoas que já passaram por uma infecção poderiam ser usados com segurança. Eles funcionariam como mísseis direcionados a germes específicos previamente desenvolvidos no sangue de algumas pessoas cujo sistema de defesa conseguiu montar uma guarda eficiente para novos ataques. Várias doenças foram tratadas com sucesso usando esta estratégia.
É importante lembrar que, até a segunda metade do século 20, não havia medicamentos que destruíssem diretamente os germes, como antibióticos e antivirais, para o tratamento de doenças infecciosas. O uso desse plasma , denominado 'convalescente" mostrou-se uma arma valiosa.
Durante a gripe espanhola, pandemia causada pelo vírus influenza H1N1 no início do Século XX e que levou à morte cerca de 50 a 100 milhões de pessoas , o plasma 'convalescente' foi administrado a mais de 1.700 pacientes reduzindo pela metade a mortalidade nesse grupo. Foi também empregado durante outros surtos, incluindo o de ebola, na África e o da febre hemorrrágica pelo vírus Junin, na Argentina, ambos na década de 70. São situações de combate a doenças infecciosas que têm algo em comum: não têm tratamento específico, podem ser mortais e se espalham rapidamente.
Entretanto, esta abordagem não é simples nem isenta de riscos. É preciso identificar as passoas que têm memhor defesa, ou seja, cujos plasmas têm anticorpos bons e em alta concentração.
Vários projetos de pesquisa estão em andamento para avaliar o uso do 'plasma convalescente' na pandemia do Covid-19. A doação de pacientes que se curaram da doença deve seguir rigorosamente todos os procedimentos de segurança já estabelecidos, como afastar outras infecções que podem ser transmitidas pela transfusão desse componente do sangue. O uso em pessoas gravemente doentes, como as afetadas pelo Covid-19, oferece ainda um desafio adicional, já que podem ocorrer reações alérgicas e outros efeitos colaterais.
Um número ainda pequeno de pacientes foi tratado na China e nos Estados Unidos, com resultados promissores. Instituições brasileiras estão se organizando para seguir o mesmo caminho de investigação, com protocolos clínicos bastante cuidadosos.
Será esta uma boa arma no tratamento da Covid-19? Esperamos ter essa resposta em brave. Para tal, muitas questões precisam ainda ser respondidas. Qual é o melhor doador? Qual paciente vai se beneficiar mais/ Quais são os riscos reais? Qual acapacidade de obtermos esse tratamento em maior escala?
Aqui, não bastam apenas suposições, mas dados analisados com a aplicação rigorosa dos estudos clínicos, comparando criteriosamente os pacientes que receberam e os que não receberam o 'plasma convalescente' , com análise atenta e objetiva.
A pandemia do Covid-19 exige respostas rápidas e a ciência é a melhor forma de encontrá-las.
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