Como a Constelação está mudando minha forma de compreender a história de meus pais?

Meu nome é JOSÉ.

Tenho 56 anos, sou casado à 35 anos com MARIA. Temos cinco filhos, sendo três mulheres e dois homens; e cinco netas: três meninas da filha mais velha, uma da segunda filha e uma outra menina na barriga da filha número três.

Meus pais nasceram no interior de Pernambuco. Eram trabalhadores rurais.

Papai conta que teve dezenove irmãs, ou seja, era o único homem de vinte filhos.

Quando tinha doze anos perdeu o seu pai. Com vinte e dois anos casou-se com minha mãe. Meu irmão mais velho nasceu em 1951 (doze anos antes do meu nascimento = em 1963).

Papai saiu de Pernambuco para procurar trabalho na região Sudeste; trabalhou em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e por último no estado do Rio de Janeiro (onde eu nasci. Nasci em Campos dos Goytacazes, na Santa Casa de Misericórdia).

Falando um pouco sobre mim, principalmente sobre minha concepção.

Após o nascimento de meu irmão mais velho, mamãe evitou gravidez por aproximadamente dez anos. Um dia em uma confissão na Igreja Católica, foi informada de que evitar filhos era pecado e orientada a confiar em Deus e parar de evitar gravidez. Mamãe seguiu a orientação e engravidou do meu segundo irmão, que morreu ainda no ventre (ou no parto, não sei exatamente como foi, só falavam que a criança nasceu morta). O médico a preveniu que ela não poderia ter outra gestação por um bom tempo, que seria de alto risco e a amedrontou falando que se ela engravidasse antes de um ano morreriam os dois: mão e criança.

Pois bem, diante do dilema, mamãe procurou novamente a Igreja e perguntou ao padre o que deveria fazer, pois agora já era consciente de que evitar era pecado, mas que o médico a proibiu de ter nova gestação. Ela me contou que o padre simplesmente repetiu o que havia falado antes: “Confia em Deus”; E ela obedeceu. Confiou em Deus, se abriu à vida, ficou grávida novamente e eu NASCI, e não morri; não morreu nem mãe, nem filho: o médico estava ‘errado’, graças à Deus.

Por isso gosto tanto da citação bíblica de Jeremias 1,5 (“Antes mesmo de te formar no ventre materno, Eu te escolhi; antes que viesses ao mundo, Eu te separei e te designei para a missão de profeta para as nações!”)

Conto essa história, pois antes de participar de um caminho de renovação do Batismo, na Igreja Católica e também antes de conhecer a Constelação Familiar, sempre que me perguntavam sobre quantos irmãos eu tinha, eu falava que só éramos dois: eu e meu irmão, doze anos mais velho; ou seja, havia excluído o lugar do segundo irmão, que hoje é um anjo no Céu, intercedendo por mim.

Voltando ao tema dessa ‘redação’: Como a Constelação está mudando minha forma de compreender a história de meus pais?

Mais uma vez, tenho que voltar ao passado, voltar à minha infância.

Quando eu tinha aproximadamente três anos, viemos morar em Taguatinga-DF, onde estou até hoje. O que lembro da infância? (são poucas lembranças; acredito que ‘apaguei’ muita coisa da memória). Primeiro que éramos pobres, morávamos de favor com um tio que veio do Rio de Janeiro para tentar ganhar a vida aqui na nova Capital.

Depois ganhamos uma casa da SHIS; Papai trabalhava no Hospital São Vicente de Paula, como servente; depois passou para agente de portaria no Hospital Regional de Taguatinga. Como ele ganhava muito pouco no início, mamãe ajudava lavando e passando roupas para fora; na época se não pagasse a prestação da casa éramos despejados.

Lembro que mamãe tinha problemas psiquiátricos e algumas vezes chegava a ser internada em sanatórios. Eu me sentia muito sozinho; quando entrei na idade escolar meu irmão mais velho já trabalhava. Também lembro que papai era muito rígido e violento, me batia pra deixar marca de cinto.

Hoje vejo os dois com muito amor, carinho e GRATIDÃO. Ambos já faleceram. Mamãe morreu de câncer de colo do útero; eu cuidei dela, dava banho, dormia muitas noites na casa deles (eu já era casado e morávamos a uns dez km de distância). Papai faleceu 18 anos depois. Pedi perdão a ele e nos dávamos muito bem. Tenho certeza que os dois fizeram o melhor possível para me criar e me amaram demais.

Eu creio em Deus, Pai todo poderoso, criador do céu e da terra... pois Ele também me criou e me AMOU desde antes da minha concepção. Creio em Jesus Cristo, seu único Filho, Nosso Senhor... que perdoou e perdoa os meus pecados e morreu por mim, mas não ficou morto, RESSUSCITOU e subiu aos Céus... onde espero um dia estar novamente com papai e mamãe, juntamente com todos os anjos e Santos, com Nossa Senhora (nossa mamãe do Céu), na Glória de Deus Pai. AMÉM.

Vivaldo
Enviado por Vivaldo em 05/03/2020
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