# NO MOMENTO # POLÍCIA da tv

Um jornal de atualidade

Uma moça no Rio Grande do Sul beijou no tribunal e perdoou seu companheiro, que havia lhe desferido sete tiros, o que só serviu para ela ser condenada moralmente pelo Ministério Público e pelo jornalismo policial de tv. O atirador continuará preso, cumprindo pena, e sua vítima está arriscada a voltar a lhe fazer companhia mas separada, na cadeia feminina.

Assim está a sociedade punitiva brasileira. NESTA mesma semana, um jogador de futebol irmão do Paquetá, apareceu em um vídeo dançando empunhando aparentemente um fuzil metralhadora numa festa no Rio de Janeiro -capital , o que fez os jornais policialescos de tv, como os do SBT e da Record, repetirem e repetitem a cena exigindo a prisão do Rambo de meia tigela.

Sem discutir a insanidade da moça gaúcha ou a fantasia do irmão do Paquetá (é aquele do Flamengo, da Seleção, do Milan), o que é certo é que não cabe à tv o papel de juízes e promotores públicos. Menos ainda o de delegados, policiais e investigadores, exigindo prisões imediatas e condenações que acabam acontecendo na prática de linchamentos.

Entretanto, é o que acontece diariamente da parte de apresentadores como Marcão do Povo, Datena, Bat, mais dezenas de sósias do Ratinho hoje animador de auditório e dono da rede de tv, que começou fazendo um programa chamado Cadeia com um porrete de isopor na mão.

l

Saskia Bitencourt
Enviado por Saskia Bitencourt em 30/01/2020
Reeditado em 31/01/2020
Código do texto: T6854141
Classificação de conteúdo: seguro