Dia Mundial da Religião

Dia 21 de janeiro, Dia Mundial da Religião. Aquilo que é definição e ao mesmo tempo, indefinição poderia se dizer, pela sua intangibilidade do alcance à mão. A definição de religião se dá por uma crença de que existem forças superiores responsáveis pela criação do universo, algo sobrenatural que rege o destino da vida; um comportamento moral e intelectual que é resultado da crença, dos princípios e rituais concebidos do pensamento de uma divindade e sua relação com o indivíduo; é a fé; veio do latim que significa “respeito ao sagrado” e vem também da palavra religare – atar ou ligar com firmeza.

Ouvi recentemente de uma dirigente da minha casa de estudos espíritas um pensamento que me fez refletir sobre muitas coisas. Falávamos sobre o Evangelho e chegamos ao assunto dos falsos profetas, daqueles que vem encantar os ouvidos com falas que enganam e distorcem a Verdade. Porém, no decorrer de sua fala tocou num ponto que sempre discordei. Narrava que uma pessoa lhe contou que foi a um centro espírita e se sentiu bem e isso e aquilo outro; contudo, o centro que ela foi, na visão da dirigente, era um centro ecumênico, e de fato era. Mas o ponto é que a ouvi dizer que não se pode “pular de galho em galho” e que devemos ser fiéis àquilo que acreditamos e nos centrarmos em nossa escolha. Discordei gritando em pensamento.

É claro que devemos ser coerentes com aquilo que pregamos, mas não devemos nos apegar, de forma alguma às coisas que ouvimos sem questionar e raciocinar, sem aplicar a Lei do Amor. Encontrar-se em uma religião onde acolha por inteiro seu espírito e suas convicções é mágico, mas nunca concordei que devemos ser fanáticos ou descartar conhecimento. Primeiro de tudo, não devemos julgar sem conhecer. Digo isso, pois sempre escuto alguém tremer nas bases quando falo de espiritismo, ou mesmo, já balançar a cabeça negativamente e refutar qualquer tipo de fala a respeito apenas por medo do desconhecido, dizer que é macumba e que essas coisas não existem. “Lá vem o papo de reencarnação, não existe isso!”

Isso ainda consegue me irritar profundamente. Não é preciso abdicar de suas crenças para conhecer a forma de pensar de outras pessoas, de conhecer a forma e a delicadeza com que cada indivíduo reconhece e entende o divino. Deveríamos ser como crianças no primário e, ao invés de agirmos como adolescentes brigões e exaltar as diferenças, deveríamos nos cumprimentar como os pequenos que procuram fazer amizades e criar laços, ressaltando aquilo que têm em comum, mantendo a mente aberta e receptiva para abraçar sem ter que mudar quem se é porque amizade é isso. Deveríamos mesmo ser como crianças no jardim de infância.

Não é porque alguém pensa diferente ou enxerga diferente que deixa de ser verdade. Deus está no topo da montanha e existem várias formas de chegar até ele, e ainda que sejam diferentes todos os caminhos levam ao mesmo lugar. O universo é tão vasto, o que desconhecemos mais ainda. Não me parece possível e muito menos sábio pensar que tudo isso, toda a grandiosidade cabe em algo tão pequeno como uma simples religião. É como se apequenássemos a figura do amor, a centelha divina, o mais sagrado dos seres à condições humanas tão simplistas e simplórias. Daí eu digo, o conflito de ideias que afasta as pessoas e as levam a dizer que “religião não se discute” é porque ainda estão longe de entender que religião é apenas um ponto de ver. Unam-se todos os pontos, liguem todas as “verdades” que cada um acredita e veremos que no fundo todos querem a mesma coisa. Veremos mais ainda as nossas falhas e que tudo se resolve com a resposta a uma única pergunta para todas as dúvidas – “o que o amor faria agora?”.

A definição de amor é unanime. Juntem-se todos os adjetivos que definem o amor e nenhum deles levará ao mal. O amor une e transborda; o amor é plenitude, lógica e bondade infinita; é a união de todas as virtudes e, em todo templo que se ergue em busca de Deus quem fala é o amor. Se for assim, todas as diferenças do modo de ver são sanadas, porque o maior mandamento da divindade superior, seja Deus, Allah, Javé, Jeová ou qualquer outro nome que se dê, fala mais alto que qualquer pequenez humana sobre a compreensão dEle.

A religião deveria ser um instrumento de depuração da alma, no entanto, hoje mais parece motivo de discussões e brigas infindáveis, de desunião. A Verdade é única, não importa como cada um a enxerga, ela não muda por pontos de vista que cada um tem, o universo é uma completude, pleno e fatídico. Não se muda fatos.

Sendo assim, voltamos a história do começo. É possível manter-se ligado à uma religião e conhecer outras, sem usar a expressão ofensiva “pular de galho em galho”. O conhecimento é vasto para ser limitado, podemos ousar conhecer outros pontos de ver e experiências de outras pessoas; assim complementar nosso espírito, alma, mente e nos aproximarmos ainda mais da completude divina. Não parece absurdo limitar o infinito num livro? Se parar para pensar é absurdo. Imagine quanto papel e livros haveríamos de gastar e escrever para conter todo o conhecimento que se tem até hoje, cada grama de pensamento emanado por cada ser que passou por este planeta, cada teoria, cada informação. Não haveria árvores suficientes para tanto papel, nem gigabytes para tantos dados. É simplesmente inconcebível. Como podemos então definir Deus e tudo o que existe na Bíblia, ou nas cinco obras básicas de Kardec, ou no Alcorão, ou nos Vedas, ou onde quer que seja?

Quantas guerras já não foram feitas em nome da religião? Quantas vidas ceifadas, quanto sangue derramado em nome de Deus? Inúmeras demais pra contar. Guerras começam por vaidade, começam por desvario humano, ultrapassam fronteiras físicas e espirituais e ainda dizem ser em nome do Amor. É impensável, ininteligível e inadmissível a Inteligência Suprema e pura bondade e amor compactuar com isso, seja em que templo for. Não se mata em nome do amor. Amor é vida. Pode-se morrer em nome dele, mas matar não. O amor constrange o mal.

Diante de tantas perturbações creio que a humanidade está enferma. O que era pra unir, abrandar o coração e florear a alma agora é motivo de guerras, preconceitos e separação. Na minha simples opinião não deveria existir nada além da religião do Amor, única e imperiosa para todos. Que se ame ao próximo, a si mesmo, a toda forma de vida, o ambiente que vivemos, que se ame a família universal. Nada mais além do Amor.

MariaLaura
Enviado por MariaLaura em 22/01/2020
Reeditado em 29/04/2020
Código do texto: T6847776
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