A Noite no Mato

Finalzinho de tarde, no mato o som dos grilos, dos sapos, dos besouros e a respiração dos pequenos roedores parece visível aos olhos humanos, um som quase homogêneo que se dissipa e retorna como o ritmo melódico das notas musicais, um som que não tem lado, não tem dono, não pertence ao vento, não parte de cima, muito menos de baixo.

Nesse matagal denso e já quase escuro o som que se propaga pertence ao próprio mato e disso ninguém discorda.

Nesse momento, nem mesmo o sol tem forças para reagir e argumentar do contrário, alias, falando nele, olha ele indo embora, vejo seus últimos raios dando tchau, fugindo da noite como um covarde que foge na hora do apuro e volta no outro dia, após o perigo passar como se nada tivesse acontecido.

Sobre esse covarde, esse medroso e dissimulado intitulado de sol, uma coisa tenhamos que concordar, que aqui no mato o danado sabe bem a hora de ir embora, sabe bem o momento certo que o perigo se aproxima. Se posso dar um único conselho, seja a você ou a qualquer outro que venha passear por essas bandas e matagais, digo, quando ver o sol fugindo, prepare suas armas, convoque seus deuses e levante sua guarda que a guerra vai começar.

E se por ventura, por sorte ou talvez até mesmo por bravura, conseguir sobreviver por aqui mais essa noite, o prêmio da batalha é mais um dia pra viver.

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