BLACK OCTOBER

O produto foi adquirido na promoção “Black October 2018”. Pelo visto foi blackout mesmo, pois certamente a insuficiência de clareza contribuiu para o equívoco de alguns muitos. Houve quem tentasse avisar que não valia o preço. Mas, como ainda nos é permitido escolher democraticamente, assim foi feito. Uma parte das pessoas da casa (maioria pouco expressiva) decidiu que valia o risco. Se “não escolher já é uma escolha”, como disse o filósofo Nietzsche, então vale lembrar que os que não foram às lojas (ou foram e “não compraram nada”), também contribuíram para esse desfecho. E o produto foi adquirido.

Era notável que a cor iludia os olhos. Mas... insistiram. “O vermelho saiu de moda”, diziam. Na verdade, vestiam-se de verde e amarelo. Mas ao final o que levaram mesmo foi o laranja.

Opções? Tinha até um da estrela. Mas esse estava com fama criada. Diziam que a "sua marca" era responsável pela corrosão do mundo, como se esse negócio de corrosão, cupim e corrupção não existisse desde o Brasil Império, tal qual bichinho que permeava/permeia as relações, inclusive em fila de banco, blitz de trânsito, declaração de impostos e etc. Mas afirmaram com veemência que foi inventado pela "marca da estrela".

Fato é que esse aí (o que venceu a concorrência da Black) estava em promoção mesmo, pois veio com a coleção completa. No pacote vieram os acessórios “zero um”, que tem a função “lavagem rápida”, o “zero dois”, com a função “rachadinha” já ativada, o “zero três”, que vem com o plus da “embaixadinha” e o “zero quatro”, que já está programado para aconselhar a aliança. O combo inclui ainda um acessório extra, quase autônomo: o Minis Mãos de Tesoura (para os pobres) ou Mãos de Tesouro (para os ricos), também conhecido como Tchutchuca por alguns.

O modo de usar já advertia: produto não compatível com medidas social-democratas. Também não se recomenda o uso em caso de necessidade de ampliação da participação social ou proteção ao meio ambiente. Atenção: alta probabilidade de sessões de verborragia ininterruptas. Nestes casos, sugere-se tentar retirar as pilhas, pois pega pilha fácil. E ainda uma nota de rodapé dos fabricantes: “Não garantimos comportamento correspondente à finalidade para a qual foi adquirido, uma vez que o produto não pode ter suas características originais alteradas”.

Para o acalanto dos clientes, os que investiram e os que apenas receberam por tabela, há um prazo de validade do produto: 04 anos. Ou, em caso de defeito comprovado, pode-se trocar antes do prazo. Mas isto se for do interesse dos “fabricantes”, que quando querem até inventam o recall, deliberando tudo sobre o produto lançado e decidindo quando colocá-lo ou retirá-lo do mercado e ainda fazendo parecer que foi uma resposta à manifestação do consumidor. O problema é que o produto substituto, como de outrora, não necessariamente tem selo de qualidade. Impeachmentmente falando, não há garantias de sucesso na troca antes do prazo.

Então, por ora, é o que há. Se essa moda segue em nível mais local, o que esperar da Black October 2020? Não encontrar motivos para fazer esta sombria analogia, até lá, já terá sido um bom avanço.

Márcia Estulano
Enviado por Márcia Estulano em 08/12/2019
Código do texto: T6814232
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