Democratização do acesso ao cinema no Brasil (meu rascunho Enem)

Quando Brás Cubas explanou sua máxima "suporta-se com paciência a cólica do próximo", evidenciou que as demandas coletivas não são relevantes. Em consonância com tal premissa individualista, no contexto brasileiro, o processo de urbanização concentrou serviços, como o cinema, em regiões de maior circulação de capital, marginalizando grande parte da população, que não obteve acesso democrático à esse importante meio de cultura. Para tanto, a fim de mitigar o impasse, urgem medidas eficazes.

Primeiramente, no que concerne à exclusão pelo processo de urbanização, na historiografia do Brasil, houve a marginalização de regiões periféricas do acesso ao cinema. Fato que corrobora isso, pode ser observado na República Oligárquica, que durante a modernização do Rio de Janeiro, pelo presidente Rodrigues Alves, a estrutura para uma atividade cosmopolita das elites, se concentrou no centro das circulações de capitais, forçando, com isso, a parcela social pobre para regiões precárias, sem as mesmas possibilidades. Depreende-se, disso, que o surgimento dos serviços culturais, nascem da concentração em regiões polarizadoras, o que dificulta, ainda hoje, a democratização do espaço urbano, como o caso do cinema.

Em segunda análise, no que tange à importância da democratização do cinema, este é um instrumento de catarse. Para exemplificar isso, é preciso recorrer ao filósofo Aristóteles, que definiu catarse como sendo a sensação ao contato com alguma arte, que gera aprendizado e debate. Um exemplo disso pode ser ilustrado pelo filme "Coringa", lançado em outubro de 2019, que gerou reflexão e diálogo acerca de como a sociedade pode oprimir o indivíduo. Dessa forma, é importante o acesso coletivo ao cinema, para que todos tenham a oportunidade de exercer civicamente o usufruto da catarse.

Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado por intermédio do Ministério da Cultura, elaborar um projeto com parceria público-privada, para levar o cinema ao máximo de regiões do país, para sua democratização. É mister que isso seja feito com o apoio do Ministério da Economia, dando incentivos fiscais ao setor privado, para que este intensifique sua atuação indiscriminada, aos que não possuem esse serviço. Desse modo, estima-se que, apenas assim, o impasse será suavizado e a máxima de Brás Cubas, desconstruída, pois o cinema é um bem de todos, não de uma classe.