Todos são conservadores
TODOS SÃO CONSERVADORES
Miguel Carqueija
No Brasil, pelo que eu noto, é grande o preconceito contra o conservadorismo. A grande mídia, predominantemente esquerdista, refere-se ao adjetivo “conservador” dando-lhe um tom pejorativo, até de xingamento, quando na verdade é um elogio. E empresta-se ao termo uma equivalência ao obscurantismo, atraso, essas coisas. Ora essa, nada impede uma pessoa ser ao mesmo tempo conservadora e progressista, já que os dois termos não são excludentes. Só se pode de fato progredir sem destruir o que já existe; o contrário disso é o nihilismo, ou destruir tudo, por assim dizer, para recomeçar do nada.
Pois bem: já cheguei à conclusão de que todos os seres humanos são conservadores, com exceção apenas das pessoas que pela idade ou deficiência mental não possuem o uso da razão.
Acredito que, a essa altura do texto, tem esquerdista revolucionário ou modernista “prafrentex” subindo pelas paredes. Como assim, cara? Não sou conservador, odeio o conservadorismo, sou da esquerda, sou progressista etc.
É assim mesmo? Tem certeza? Então faça o seguinte: pegue uma marreta e saia pela sua casa, arrebentando tudo de sólido que tiver: móveis, utensílios, aparelhos eletrodomésticos, computador etc. Os livros e outros pertences de papel, rasgue, corte a tesoura, queime tudo numa fogueira, inclusive os livros que você mais aprecia. Rasgue todas as roupas, inclusive as de cama.
Não, é claro que você não vai fazer isso. Então, lamento dizer, ao menos nesse aspecto você é uma pessoa conservadora, pois conserva os seus haveres, os seus objetos pessoais, os seus cartões bancários.
Com certeza o grau de conservadorismo varia de pessoa a pessoa. Mas conservadorismo existe em todo mundo, em maior ou maior grau. Não se envergonhe; ninguém tem do que se envergonhar pelo seu conservadorismo. Não vá na onda de mídia esquerdista.
Rio de Janeiro, 5 de novembro de 2019.