Empatia líquida

A empatia, de acordo com o Aurélio, é a “tendência para sentir o que sentiria, se estivesse em situação vivida por outra pessoa”. Isto é, a capacidade de colocar-se no lugar do Outro. Essa definição pode ser comprovada por meio de estudos divulgados pela neurociência, os quais apontam que o ser humano é por natureza um ser empático.

Todavia, o mundo globalizado concatenado no individualismo e no egoísmo em detrimento da coletividade destronou a empatia. Assim, tornando-a em uma arte esquecida e raras vezes praticada. Em seu lugar os indivíduos da sociedade contemporânea elegeram a “empatia líquida”, cuja essência elementar é ser ubíqua, que está ou existe ao mesmo tempo em toda parte, mas que não permanecerá em nenhum lugar por muito tempo.

Sob esse viés, pode-se apontar como aspectos fundamentais da empatia líquida a sensibilidade midiática e a mobilização social para determinadas questões e a empatia seletiva ou indiferença para outras. Por exemplo, no dia 28 de novembro de 2017 um segurança do Carrefour de Osasco agrediu uma cachorra, que morreu depois devido a hemorragia provocada pela lesão sofrida. O caso gerou grande comoção nacional, as redes sociais foram inundadas por mensagens e comentários sobre o ocorrido.

Tempos depois, em uma situação parecida, dentro da rede de Supermercados Extra, na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, um jovem foi imobilizado e estrangulado até perder a vida, por um segurança. Este caso por sua vez, gerou uma comoção seletiva, por um lado, alguns setores da sociedade se colocando na situação condenaram o acorrido. Por outro, às máximas demonstraram o alinhamento à triste prerrogativa, “bandido bom é bandido morto”.

É evidente, portanto, que há entraves para que a empatia se solidifique. Dessa maneira, uma vez que, a empatia é uma habilidade que pode ser treinada através de estímulos e exercícios, é preciso que as instituições, a família e a escola, promova uma educação que vislumbre os processos empáticos sólidos.

Neste sentido, é necessário que às instituições em conjunto desenvolvam projetos e atividades que gerem situações e processos de empatia. Vale ainda ressaltar, aos adultos são imprescindíveis o engajamento e a participação ativa em Ongs e nas instituições de caridade, por exemplo, dedicando um pouco do seu tempo para construir casas para pessoas em situação de rua.