Corrupção no contexto brasileiro (Modelo Enem)

Quando John Locke explanou sua máxima "o poder emana do povo", deu os princípios que foram cruciais para a existência do Estado democrático. Apesar de tal preceito, tanto no contexto global, quanto no brasileiro, a contramão disso - a corrupção -, assola a população que elegeu sua representação política e se vê traída, pois é prejudicada pelos distúrbios de desvios de recursos, mesmo sendo possível antever que tal chaga é existente na própria sociedade. Para tanto, urgem medidas eficazes, a fim de mitigar a problemática.

Em primeira análise, no que concerne o distúrbio referido, a corrupção age como uma célula tumoral. De forma análoga, as células somáticas quando sofrem alguma disfunção no que tange sua estabilidade genética, crescem desordenadamente, se apropriando de recursos produzidos pelo organismo. Equivalente à isso, no Estado, o grupo ou indivíduo que se apropria de bens estatais para benefício próprio, torna-se um câncer para a harmonia da nação, pois prejudica a manutenção de serviços necessários ao estado de "homeostasia social". Depreende-se, disso, que o desvio de capital público, é compatível à uma doença que devasta o ser humano, por fazer com que o organismo (nação), seja gradualmente devastado pela célula tumoral (o corruptor).

Ademais, em sociedades diversas é possível notar a permanência da corrupção, em menor ou maior grau, como no atual contexto brasileiro (compra de votos no congresso, para aprovar algo de interesses específicos) ou na República Oligárquica (voto de cabresto). Um exemplo literário pode ser visto no personagem João Romão, da obra "O cortiço" de Aluísio de Azevedo, que retratou a exploração pela qual a escrava Bertoleza passava, quando era explorada para ascensão financeira de João Romão, que prometia comprar sua alforria e não o fazia, em virtude dos lucros auferidos por tal extorsão. Dessa forma, é possível notar que tal chaga social vai além dos holofotes da política, e existe devido sua enraização cultural.

Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado por meio do Ministério da Educação, a criação de campanhas publicitárias que visem a reflexão acerca da corrupção, tanto na projeção da política nacional, quanto nos pequenos atos individuais enraizados na sociedade brasileira. É mister que isso seja feito através das mídias virtuais, televisivas e radiofônicas, para máxima reverberação. Desse modo, estima-se que, apenas assim, o debate acerca da problemática fomente a assimilação de valores que justifiquem a máxima de Locke, para que o Estado democrático se consolide.