Roteiro Do Filme Beleza Americana
"Acho que eu estava escrevendo sobre … como está ficando cada vez mais difícil viver uma vida autêntica quando vivemos em um mundo que parece se focar na aparência … Em todas as diferenças entre o agora e a de muitas maneiras isto é apenas uma época conformista … Você vê tantas pessoas lutando para viver uma vida autentica e então quando elas chegam lá se perguntam por que não estão felizes … Eu não percebi isso quando sentei para escrever [American Beauty], porém essas ideias são importantes para mim".
— Alan Ball
Ball parcialmente se inspirou em dois eventos que lhe ocorreram no início da década de 1990. Por volta de 1991–92, ele viu um saco plástico ao vento do lado de fora do World Trade Center. Ele ficou observando o saco por dez minutos, mais tarde dizendo que o objeto lhe provocou uma "resposta emocional inesperada". E em 1992, o roteirista ficou preocupado com o espetáculo que a mídia criou ao redor do julgamento de Amy Fisher. Descobrindo um quadrinho contando o escândalo, ele ficou surpreso com o quão rápido tudo se torna comercializável. Ele disse ter achado que "havia uma história verdadeira por debaixo mais fascinante e bem mais trágica" do que a história apresentada ao público, e tentou fazer uma peça de teatro com a ideia. Ball produziu por volta de quarenta páginas, mas parou quando percebeu que ela funcionaria melhor como um filme. Ele achou que devido aos temas visuais, e porque cada história das personagens era "intensamente pessoal", American Beauty não poderia ser feito no palco. Todas as personagens principais aparecem nessa versão, porém Carolyn não aparecia proeminentemente; no lugar, Jim e Jim tinham papéis mais importantes.
Ball baseou a história de Lester em aspectos de sua própria vida. A reexaminação que Lester faz de sua vida traça paralelos com sentimentos que Ball teve por volta de seus trinta anos de idade; como Lester, Ball colocava de lado suas paixões para trabalhar em empregos que ele odiava e para pessoas que ele não respeitava. Cenas da família de Ricky refletem as próprias experiências de Ball em sua infância. Ele suspeitou que seu pai era homossexual e usou tal ideia para criar o Cel. Fitts, um homem que "desistiu da chance de ser ele mesmo". Ball disse que a mistura de comédia e drama do roteiro não foi intencional, porém veio de forma inconsciente quando ele colocou a vida em perspectiva. Ele disse que a justaposição produziu um contraste nítido, dando a cada traço mais impacto do que se eles aparecessem sozinhos.
No roteiro que foi enviado a possíveis diretores e atores, Lester e Angela fazem sexo; na época das filmagens, Ball havia reescrito a cena para sua versão final. Ball inicialmente rejeitou conselhos de outros para alterar a cena, acreditando que todos estavam sendo puritanos; o ímpeto final para alterar o que havia sido escrito veio do então presidente da DreamWorks, Walter F. Parkes. Ele convenceu o roteirista de que na mitologia grega, o herói "tem um momento de epifania antes … da tragédia ocorrer". Ball mais tarde admitiu que sua raiva ao escrever o primeiro rascunho o cegou sobre a ideia de que Lester precisava se recusar a fazer sexo com Angela para completar sua jornada emocional – para alcançar a redenção. Jinks e Cohen pediram para que ele não alterasse a cena imediatamente, já que os produtores achavam que seria inapropriado fazer alterações antes de um diretor ser contratado. Os rascunhos iniciais incluíam um flashback para a época do Cel. Fitts nos fuzileiros, uma sequência que inequivocamente o estabelecia como homossexual. Apaixonado por outro fuzileiro, o Cel. Fitts vê o homem morrer e passa a acreditar que está sendo punido pelo "pecado" de ser gay. Ball removeu a sequência por ela não se encaixar com a estrutura do resto do filme – o Cel. Fitts era a única personagem a ter um flashbac – e removia o elemento surpresa na tentativa dele em Lester.
Ball permaneceu envolvido durante toda a produção; ele havia assinado um contrato para desenvolver um programa de televisão, então teve de conseguir uma permissão de seus produtores para ter um ano de folga e ficar próximo de American Beauty. Ball esteve nos cenários para reescritas e para ajudar na interpretação do roteiro em todos os dias da gravação com a exceção de dois. Suas cenas originais de encerramento – que Ricky e Jane são acusados do assassinato de Lester depois de serem denunciados pelo Cel. Fitts – foram excluídas na pós-produção; o roteirista posteriormente as achou desnecessárias, dizendo que elas eram reflexos de sua "raiva e cinismo" ao escrever o roteiro. Ball e Mendes revisaram o roteiro duas vezes antes de enviá-lo aos atores, e outras duas vezes antes da primeira leitura conjunta.
O roteiro de filmagem tinha uma cena em que Ricky e Jane conversam sobre morte e beleza enquanto caminham por uma rua; a cena diferia de versões anteriores, que se passava no carro de Angela em uma "grande cena na rodovia" onde os três testemunham um acidente e um corpo morto. A mudança foi uma decisão prática, já que a produção estava atrasada e precisava cortar custos. A agenda requeria dois dias para filmar o acidente, porém apenas meio dia estava disponível. Ball concordou, apenas se a nova cena pudesse manter uma fala de Ricky quando ele reflete sobre já ter visto uma mulher sem teto morta: "Quando você vê algo como aquilo, é como se Deus estivesse olhando bem para você, apenas por um segundo. E se tiver cuidado, você pode olhar de volta", Jane pergunta: "E o que você vê?", Ricky: "Beleza". Ball disse, "Eles queriam cortar aquela cena. Disseram que não era importante. Eu disse, 'Vocês estão todos malucos! É uma das cenas mais importantes do filme!' … Se alguma fala está no coração e espírito desse filme, é essa". Outra cena foi reescrita para acomodar a perda da sequência na rodovia; se passando no pátio da escola, ela representa um "ponto de mudança" para Jane quando ela escolhe ir para casa com Ricky ao invés de ficar com Angela. Ao final das filmagens, o roteiro havia passado por dez versões.