Temporalidade e música Do Beleza Americana
American Beauty segue uma estrutura narrativa tradicional, desviando-se apenas com a cena de abertura entre Ricky e Jane tirada do meio da história. Apesar do enredo acontecer durante um período de um ano, o filme é narrado por Lester no momento de sua morte. A Dr.ª Jacqueline Furby diz que o enredo "ocupa … nenhum momento ou todos os momentos", citando a afirmação de Lester que sua vida não passou diante de seus olhos, mas que ela "se alonga eternamente como um oceano de tempo". Furby discute que o "ritmo de repetição" forma o núcleo da estrutura do filme. Por exemplo, duas cenas mostram os Burnham se sentando para jantar, filmadas do mesmo ângulo. Cada imagem é similar, com pequenas diferenças na disposição dos objetos e nos sinais corporais que refletem a mudança de dinâmica na assertividade de Lester. Outro exemplo são as cenas em que Jane e Ricky filmam o outro. Ricky filma Jane da janela de seu quarto enquanto ela tira seu sutiã, e a imagem é depois invertida para uma similarmente "voyeurista e exibicionista" em que Jane filma Ricky em momento vulnerável no quarto.
As fantasias de Lester são enfatizadas por câmeras lentas e planos em movimento; Mendes usou cortes retroativos duplos e triplos em várias sequências, e a trilha sonora se altera para deixar claro ao público que ele está entrando em uma fantasia. Enquanto as líderes de torcida fazem seu espetáculo de intervalo ao som de "On Broadway", Lester fica cada vez mais fixado em Angela. O tempo diminui de velocidade para representar sua "hipnóse voyeurista", e Lester começa a fantasiar que Angela está dançando apenas para ele. "On Broadway" – que proporciona uma trilha convencional para a ação em cena – é substituída por uma música percussiva e dissonante que não possui melodia nem progressão. A trilha não-diegética é importante para criar uma estase narrativa na sequência; ela transmite um momento que para Lester é estendido indeterminadamente. O efeito é um que o professor Stan Link compara ao conceito de "tempo vertical", descrito pelo compositor e teórico musical Jonathan Kramer como música que confere "um único presente estendido em uma duração enorme, um 'agora' potencialmente infinito que mesmo assim parece apenas um instante". A música é usada como uma deixa visual para que Lester e a trilha olhem para Angela. A sequência se encerra com a volta repentina de "On Broadway" e o tempo normal.
De acordo com Drew Miller, a trilha sonora dá as psiques das personagens uma "voz inconsciente" e complementa o subtexto. O uso mais óbvio da música popular "acompanha e dá contexto as" tentativas de Lester para realcançar sua juventude; reminiscente de como a contracultura da década de 1960 combateu a repressão norte-americana através das drogas e da música, Lester começa a fumar maconha e escutar rock. As escolhas de música de Mendes "progridem pela história da música popular americana". Miller discute que apesar de algumas serem muito familiares, há um elemento de paródia funcionando, "fazendo um bem para o encorajamento para que o público olhe bem de perto". Ao final do filme, a trilha original de Thomas Newman aparece mais proeminentemente, criando um "andamento perturbador" que combina com a tensão dos visuais. A exceção é "Don't Let It Bring You Down", que toca durante a sedução de Lester por Angela. Inicialmente apropriada, seu tom entra em conflito quando a sedução pára. A letra, que fala de "castelos queimando", pode ser vista como uma metáfora para a visão que Lester tem de Angela – "o exterior rosado e movido pela fantasia" – enquanto queima para revelar "a tímida garota que, como sua esposa, intencionalmente desenvolveu um falso eu público".