Minha vida nas drogas

Depois de mencionar em outras oportunidades sobre meu passado nas drogas, isto chamou a atenção de algumas pessoas que me procuraram para saber mais sobre este mundo, sobre o porquê entrei nesta vida mas principalmente sobre como superei está guerra.

Em primeiro momento, minha gratidão a Deus por me permitir viver está experiência, superar e hoje poder narrar a mesma, sem Ele nada somos.

Quando as drogas entram em uma vida, não é somente o usuário que ela afeta, mas sim a todos aqueles que convivem com ele. Geralmente a família pensa que isto jamais ocorreria na sua casa, é um fato do qual não se está preparado para vivenciar e decorrente deste pensamento, muitas vezes a primeira ação é esconder o problema por achar que possa comprometer a imagem do usuário e da família. O problema não sai sozinho e como geralmente não estamos preparados para isto, é necessário ajuda externa para uma possível superação.

Entendam que não sou estudioso deste assunto e tão pouco alguém coberto de verdades e razões, mas vejo que minha história pode sim fazer bem a algumas pessoas e este é o intuito de compartilhar com vocês. Muitas pessoas que me veem hoje não sabem o que a vida já me proporcionou e as drogas, foi algo diferenciado na qual nem todos que entram consegue sair, principalmente se não tiverem ajuda, se não forem amparados de forma correta.

Considero que o primeiro momento em um caso de drogas na família, é entender que ninguém entra nas drogas por que quer, houve motivos para que isto acontecesse. Ainda que o usuário diga que quer, que gosta ou que tem controle sobre aquilo houve algo que foi o gatilho para o ingresso e descobrir este gatilho pode ajudar muito. Existem “N” fatores que podem ser eventuais gatilhos e muitas vezes isto, não está no usuário mas sim nas pessoas que o rodeiam.

Ao meu ver, são 3 os motivos facilitadores para entrar nas drogas. A curiosidade, companhias e problemas familiares. Uma vez identificando os potenciais facilitadores podemos suprir esta necessidade de forma correta, acolhendo e mostrando que o usuário não está sozinho, não adianta isolar, repudiar ou penalizar e estas são as primeiras atitudes que muitas famílias tomam e que acabam por cavar mais algumas pás ao invés de estenderem a mão.

Conquistar a confiança é fundamental, o dependente saber que não está sozinho ajuda a fortalecer o desejo em não querer causar mais desconforto aos seus próximos. Fazer com que ele possa se abrir sem ser rejeitado, sem ser tratado com alguém errado a este mundo faz com que ele se torne acessível a possíveis orientações. Quando ele não confia e se sente perseguido ou rejeitado, o índice de revolta, o estresse, a raiva são predominantes e se destacam, fazendo com que se torne inacessível a conversas e feche-se as orientações necessárias.

No meu caso não foi diferente, meus pais por não terem experiência com o assunto no primeiro momento tentaram me acolher, não me viraram as costas, porém de certa forma procuraram abafar o caso da sociedade. Permitiram eu criar uma imagem que ofuscasse a real situação que eu vivia. Em minha adolescência e em meio às drogas tive o privilégio de ter uma pequena moto-peças, tive a oportunidade de ter uma lanchonete, estudei em bons colégios, tive roupas de marcas famosas, mas “não” tive o auxílio para achar o gatilho que me levou as drogas. Amo meus pais por não desistirem de mim e sempre procurarem me ajudar, hoje sei que naquele momento eles fizeram o melhor possível e me foi uma lição para a vida.

O vício é sim uma doença, um problema que por muitos não é entendido. Varias pessoas tratam o dependente como um criminoso, um vagabundo, uma pessoa errada. Mas entenda que errado pode ser esta tratativa, realmente no vicio a pessoa comete atitudes que não são as melhores como roubar, assaltar, prejudicar outras pessoas e tudo isto é decorrente do vício sim, mas antes disto devemos entender que ele é um doente que precisa de ajuda para sair desta vida, sim pagar pelos seus erros decorrentes das drogas e poder ser reinserido na sociedade. Tudo isto é possível, pois deu certo em minha vida e hoje estou aqui, dividindo com vocês está minha história.

Existem inúmeras formas de libertação, desde acompanhamento psicológico, psiquiátrico, terapêutico, religiosos entre outros. Para ter uma assertividade maior, não imponha algo nada, permita o dependente conhecer todos, equilibrar em todos e ele partir para aquele que melhor lhe satisfaz, no meu caso o relógio pois me sinto liberto por Deus. As medicinas são muito necessárias neste processo, até porque as drogas deixam muitas sequelas e devem trabalhar em conjunto na libertação. Aja vista que biblicamente um dos discípulos de Jesus era considerado médico. Frisando que é necessário o dependente se sentir seguro, amparado e não rejeitado especialmente pelas pessoas de seu convívio.

Como disse anteriormente, não sou conhecedor técnico, estudioso deste assunto ou o dono da verdade, meu intuito é compartilhar a minha vivência nas drogas como uma pessoa dependente química que “SOU”. Isto mesmo, que “SOU”, a meu ver uma vez “liberto” o dependente aprende a viver em separado das drogas, mas esta é uma doença sem cura. Ele descobre que pode ficar longe delas porem dentro do organismo os gatilhos estão prontos para atirar e se não superarmos estes desafios diários, além de recair, o estrago torna-se muito maior. O dependente não se cura, ele aprende a viver superando seu gigante a todo o momento e se vacilar as armadilhas da vida ceifam sua pessoa sem dó.

Nesta parte após a superação da crise, é importante o dependente continuar sendo aparado, as pessoas do convívio lembrar que os gatilhos estão armados e que não devemos dar espaço para que recaiam. O amor, respeito, valorização das conquistas e superações são sempre necessários, o dependente se sentir importante para as pessoas quando está vencendo o motiva a querer permanecer limpo, ajudar ele a mudar seu ambiente, suas companhias e fazer com que o mesmo seja rodeado de pessoas com boas intenções, no meu caso os grupo de jovens da igreja foram fundamentais, mas existem outras instituições que podem oferecer o mesmo amparo lembrando que este amparo começa no lar.

Hoje vejo a vida de outra forma, sinto-me consequência de uma ajuda e me coloco na condição de ajudar. Não compete a minha pessoa dizer o que é melhor ou não, mas sim dividir o que deu certo em minha vida e desta forma auxiliar aqueles que ainda procuram um caminho para este fundo de poço. Não são somente dependentes que precisam de ajuda, mas pessoas que o rodeiam também pois nem sempre sabem como agir e se nós que enfrentamos estes períodos turbulentos não colaborar, não será sozinho o caminho mais fácil para sair.

Coloco-me a disposição para dividir ainda mais minha historia caso queira conhecer mais.

Grande abraço a todos

Eron

ERON ROSA
Enviado por ERON ROSA em 19/08/2019
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