a dor da senhora
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Dona Maria nasceu a mais de meio Século, tinha um lar, uma família que a amava, não lhe faltava conforto e nem carinho.
Houve a separação de seus pais e tudo mudou. Sua mãe lhe deu um padrasto, outra família surgiu, afetos direcionados às crianças que surgiriam. O conforto já era diferente, antes seu mimo era exclusivo, agora é outra realidade.
Anos passaram, havia sofrimento em ambos os lados. Na casa de seu pai existia uma madrada, com um ciúme enorme e portanto não deixava seu pai ser atencioso como antes o era.
Maria crescera com uma simpatia por conversar, estudar e ouvir música. Sua mãe não tinha tempo para ela, havia uma nova família para cuidar, alimentar e amar. Ela já mocinha não aparentava a necessidade de cuidados.
Grande erro da mãe de Maria, o companheiro dela estava com péssimos pensamentos: queria ter a Maria em seus braços, beijá-la e acariciá-la. Tadinha da Maria, tão esquecida pela Mãe.
Houve uma tentativa de estupro, que homem ignóbio, transgressivo, sem pudor, sem qualidades. Como sua mãe poderia ter se apaixonado por um canalha desse?
Ela conseguiu escapar das garras desse crápula, foi morar com seu pai, lá outra catástrofe que marcou sua vida, a madrasta feito louca queria matar a mocinha, corria com uma faca nas mãos, ela escapava, indo dormir na casa de uma amiga.
Conheceu um jovem o Tião, outro que fugia de uma paranóica, a mãe Zeza uma ignorante da época da ditadura.
Tião decidiu casar com Maria. Ela pensou que seria um conto de fadas, pelo contrário, conheceu outros problemas que a faria ter depressão: traição, fome, contas a pagar e falta de amor.
Nasceu o primeiro filho do casal, pensou que algo iria melhorar, pelo contrário, nem o dinheiro do aluguel ele trazia. Ela tinha que trabalhar em dobro, sendo mãe, mulher de um péssimo provisor.
Houve um dia que ele bateu em sua face, ela saiu de casa, voltando para a casa de sua mãe.
Descobriu que estava grávida e retornou para o marido Tião. Nasceu a criança , a cara do pai, um bom motivo para ter depressão.
Houve traições e ela já não era feliz como esperava. Decidiu divorciar-se, recebia pensão alimentícia, estava mais garantido a sobrevivência das crianças.
Tião por estratégia retorna ao lar, assim não teria um terço de seu salário direcionado a outros.
O tempo passa e os filhos já cresceram, cada um foi viver sua vida. A Maria não precisava mais enganar a si mesmo que era feliz por passar pela bodas de prata. A coragem apareceu depois da última traição. Chega de mostrar pra sociedade algo fictício, utópico, falso.
Ela agora vive só, junto à duas cachorras, não recebe visitas nem de seus filhos. As vezes paira no tempo e lembra quando deixava de comer para que seus filhos se alimentassem. Hoje eles viajam para o exterior, nem lembram de dar bom dia para sua mãe Maria. Imagina como se sente essa senhora.