Tripalium só na História (Modelo Enem)
Etimologicamente o termo trabalho originou-se da palavra latina "tripalium", que era um instrumento de tortura utilizado na Roma Antiga com a finalidade de punir escravos rebeldes. Na contemporaneidade, houve a inversão de sua semântica e uma supervalorização que vai além do reconhecimento das limitações biológicas do indivíduo. Para tanto, medidas devem ser tomadas a fim de mitigar os efeitos dessa elevação exacerbada.
Outrossim, na Grécia Antiga em Atenas, a noção dos negócios era vista de forma pejorativa, pois nessa pólis era exaltado o ócio, que designava o tempo para atividades estimuladoras do intelecto. Já na atualidade, tal enaltecimento é visto como improdutivo, e quem dita as regras na vida coletiva é o mercado, totalmente dinâmico e, por vezes, invasivo, pois exige total assiduidade de quem está inserido nesse meio, e deprecia rigorosamente quem não faz parte da população economicamente ativa. Por exemplo, na era Vargas o trabalhador era exaltado até nas marchas de carnaval, enquanto que quem não trabalhava era visto como "malandro", totalmente repudiado por esse governo. Apesar das mudanças ao longo dos anos, ainda existe essa visão pejorativa de quem não ocupa um ofício, independente se a pessoa está estudando (aplicando seu ócio produtivo). É importante a valorização do tempo livre, pois a constituição do cidadão como ser pensante depende disso.
Ademais, o excesso de vigília exercendo determinada função é um desrespeito às limitações naturais de um organismo vivo. Fato que corrobora isso é o surgimento de transtornos mentais decorrentes do estresse excessivo gerado por uma rotina desgastante, como, por exemplo, a Síndrome de Burnout, que leva à quadros extremos, em que o acometido chega a não querer levantar para trabalhar, ou apresentar quadros depressivos, dentre outras doenças psicossomáticas. É deplorável notar que o trabalhador, em muitos casos, necessite viver conectado com seu ofício, visto que muitas empresas criam grupos em aplicativos como o WhatsApp para ampliar sua participação (invasiva) na vida de seus funcionários.
Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado intervir por intermédio do Ministério da Economia, através da Secretaria do Trabalho, na criação de campanhas publicitárias acerca da importância de respeitar os limites do trabalhador. Isso deve ser feito através de mídias de grande reverberação, como a Internet e a Televisão, para se obter o maior impacto na população. Além disso, delega-se também para tal secretaria, a criação de um canal de denúncias anônimas, para que o indivíduo em situação de exploração e invasão de sua privacidade, denuncie os abusos. Apenas assim a questão poderá ser atenuada, para que o termo "tripalium" permaneça na consciência histórica, servindo de fomento para que o trabalho não ultrapasse os limites biológicos do indivíduo.