O Congresso e os ministérios

O CONGRESSO E OS MINISTÉRIOS

Miguel Carqueija

Desde os tempos de Figueiredo parece que começou uma coceira de mexer em ministérios, criando, descriando, fundindo, acrescentando e suprimindo.

Figueiredo queria desburocratizar o país e para tanto criou o Ministério da Desburocratização, um paradoxo. O Brasil continua burocratizado.

Sarney chegou a criar a pasta da Irrigação, isso mais parecia uma irrisão.

A febre continuou pelos anos afora, Dima chegou a manter 39 ministérios, dizem que só não chegou a 40 para não ser chamada de Dilma Babá...

Eram pastas com nomes cada vez mais sofisticados, o pessoal tinha imaginação. Temer reduziu para 29 e ainda era muito.

Sempre me pareceu que ministério é assunto do Poder Executivo e nunca soube que o Congresso interferisse em todo esse festival ministerial dos diversos presidentes das últimas décadas.

Agora vem Bolsonaro, numa medida moralizadora (afinal, inflação de ministério é cabide de emprego) e reduz para 22. De repente o Congresso se mete no assunto, e até mesmo na arrumação interna das pastas (caso da Coaf, que querem tirar do Moro, por que será?).

Por que os congressistas nunca implicaram com os presidentes anteriores em tal assunto — eles mexeram como quiseram nas pastas ministeriais — e agora têm que implicar com o Bolsonaro?

Confesso que eu prefiro que o Sr. Rodrigo Maia — homem de olhar vago e discurso anódino — deixe a presidência da Câmara. Não me parece a pessoa adequada.

Pode ser que me escape alguma razão que justifique a interferência do Legislativo. Se for assim, que me esclareçam. Mas em princípio fica aqui a minha estranheza.

Rio de Janeiro, 2 de junho de 2019.