Redação Formato ENEM /A qualidade no acesso à cultura no Brasil
Historicamente o Brasil é um país que marginaliza as culturas periféricas. Fato que corrobora a fragilidade na valorização da pluralidade existente no país, em detrimento de traços de uma aristocracia de valores polarizadores.
Outrossim, é possível explanar o estranhamento pejorativo de grupos marginalizados no próprio choque entre classes, que é bem ilustrado por Chico Buarque na música "As Caravanas", em que a elite carioca utiliza o poder legal da violência do Estado (polícia, por exemplo) para não ter os habitantes de regiões suburbanas em locais que a nata social frequenta, que no exemplo é a praia. É deplorável notar que essa depreciação ainda exista em pleno século XXI.
Ademais, a prenoção do que é aceito ainda é muito esparso na sociedade; a análise etimológica do termo cultura "colere", significa cultivar algo. Nesse caso o objeto cultivado é o ser humano, e em perspectiva sociológica, toda criação deste em contexto social, tem valor cultural. Então, é leviano considerar a polarização de hábitos e valores específicos como sendo verdadeiros, originais ou únicos, afinal, quaisquer segmentos possuem semântica identitária, independente da esfera econômica à qual pertencem.
Infere-se, portanto, que em virtude dos fatos supracitados, cabe ao Estado por meio da parceria interministerial (Cultura e Educação) a elaboração de campanhas de esclarecimento populacional, tal como os preceitos kantianos ilustram na frase "O homem é aquilo que a educação faz dele", através de mídias virtuais, para abarcar a população mais antenada, e também pela publicidade televisiva, para reverberar ao máximo de pessoas possível. Dessa forma, estima-se que em curto prazo a consciência de que todo ato humano é cultural, servirá de fomento para que em longo período a disparidade entre culturas hegemônicas e periféricas seja substancialmente reduzida, a fim de dar lugar à pluralidade como via de respeito e alteridade.