A MORTE DO FAZENDEIRO SEBASTIÃO LOURO DE LIMA

A MORTE DO FAZENDEIRO SEBASTIÃO LOURO DE LIMA E SEU EMPREGADO NIVALDO AVENTURA...

(Atualizada por Elias Alves Aranha – DRT/MT 001016 em 25/04/2019)

“Raimundo mandou sequestrar, torturar, dopar, capar, cortar a língua, furar os olhos, matar, queimar, enterrar e passar a máquina de esteira por cima.”

Após as comemorações de 07 de setembro de 1980 com a participação de autoridades estaduais e regionais nos desfiles com a presença maciça da população, entusiasmos e aplausos, logo que os aviões levantaram voo a caravana de Raimundo Costa Filho foi à fazenda do Louro para executar o plano sinistro de sequestro e assassinato e assim ocorreu. Os policiais deram voz de prisão ao fazendeiro alegando ser ordem do Delegado e conduziram sob a mira de armas para o massacre, Louro e seu empregado Nivaldo Aventura (Mutum). Felizmente que seu filho Urandi da Silva Lima havia saído para fazer uma ceva de caça e ao retornar observou tudo que ocorria escondendo como se pode. Os trabalhadores chegaram para trabalhar encontrou tudo parado e sem ninguém, imaginaram o ocorrido e a noticia correu a passos galopantes e a conclusão intuitiva, de que, Raimundo era o suspeito principal. Posteriormente (todas as saídas vigiadas) Urandi viajou disfarçado e escondido como se pode para Cuiabá onde denunciou tudo com muita inspiração e sabedoria.

A denúncia do desaparecimento do líder, fazendeiro e seu empregado tornaram-se matérias nas Tribunas da Assembleia Estadual, Câmara Federal e Senado Federal e principais manchetes de órgãos da imprensa do país, principalmente pela Bancada do Partido Popular - PP.

PRONUNCIAMENTOS:

Sr. Presidente, Srs. Senadores:

Há poucos dias tive a oportunidade de pessoalmente junto com três deputados Federais de Mato Grosso, bem como dois Estaduais falar com o Sr. Ministro da Justiça quanto a um grave acontecimento ocorrido naquele Estado, ou seja o sequestro, no dia 7 de setembro último, do Sr. Sebastião Louro de Lima, fazendeiro chefe de família e um dos líderes do Munícipio de Colíder.

O Sr. Deputado Estadual Osvaldo Roberto Sobrinho, 1º Secretario da Assembleia Legislativa, o mais votado da cidade e município de Colíder, representante de fato e de direito da área, da Tribuna da Assembleia Legislativa alertou o Governo Estadual no sentido de dinamizar, agilizar enfim, de fato procurar descobrir o porque do sequestro do fazendeiro Louro e de Nivaldo, aliás ato visto pelo filho do Louro. Sumiram exalaram-se como por encanto o fazendeiro com o empregado e o seu carro. A Polícia do Governo de Mato Grosso nada fez energicamente no sentido de deslindar o mistério, afirma o Deputado Osvaldo Sobrinho.

Daí, Senhor Presidente, Senhores Senadores, apelar-se para o Ministro da Justiça, afim de interpelar o Governo do Estado e, se for o caso tomar a frente das investigações. Sei que o Sr. Ministro da Justiça é um homem assoberbado de obrigações e talvez tenha esquecido o nosso apelo, o que não seria nada de maior gravidade. Lembro e apelo, portanto neste instante agora desta tribuna, ao Senhor Ministro visando a motiva-lo determinar pelos órgãos competentes as necessárias providencias que o caso requer.

Trancrevo, Sr Presidente, Sres. Senadores, trecho do pronunciamento do Sr. Deputado Sobrinho, da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, bem como suas declarações à imprensa cuiabana. Tenho certeza de que o Sr, Ministro, sendo lembrado do assunto tomará as providencias cabíveis na espécie.

Pag. 09 (Boletim informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

Eis as palavras do Deputado Osvaldo Sobrinho e cópias de suas declarações à imprensa:

Com a palavra o nobre Deputado Osvaldo Sobrinho. (19/09/1980).

O SR. OSVALDO ROBERTO SOBRINHO - Sr Presidente, Sres. Deputados! Parece-me que este mês de setembro não está sendo muito bom para Mato Grosso ou os homens, neste mês de setembro endureceram ainda mais os seus corações.

Casos difíceis de entender vêm acontecendo neste estado durante este mês. Primeiro o sequestro do Louro, na sede de sua fazenda, no dia da Independência, dia 7 de setembro. Segundo...

Mas vamos primeiramente, Senhor Presidente, Senhores Deputados, nos referir ao primeiro episódio. Quanto a denuncia que fizemos ontem, aqui nesta Casa, do sequestro de Louro no Munícipio de Colíder até agora não se tem uma nota oficial do Governo dando esclarecimento ao povo do fato ocorrido.

As investigações andam como anda uma tartaruga, a todo vapor como quem está parado. Parece até que alguma coisa atrás disso existe, parece que existe algum interesse maior em encobrir o problema, parece até que não existe interesse nenhum em se aclarar os fatos.

Mas o que se sabe é que o fato ocorreu, o que se sabe é que por estes momentos a vida de Louro já poderá ter sido ceifada. O que parece é que ninguém está ligando para os fatos. O que parece é que uma vida humana não vale nada em Mato Grosso. Parece-me que para as autoridades o silêncio vale mais que a ação.

É lamentável no século XX na década de 80, esses fatos venham acontecer. É lamentável que o Governo que se instalou em Mato Grosso, dizendo que iria trazer a fé, a coragem e a perseverança, adentre por esse campo de omissão. É lamentável que um governo que se diz querer prática a justiça, diversas injustiças estão sendo praticadas aos seus olhos, sendo que as providencias seguem aos trancos anormais. É lamentável que isso venha acontecer. E a vida desse cidadão? E a vida daquele trabalhador?

O Sr. Louro que, em 1973 adentrou aquela floresta da região de Colíder para desbravar, para lutar, para trabalhar e fazer ali um grande celeiro de que valeu? De que valeu esse trabalho? De que valeu essa luta? De que valeu o sacrifício dessa família? De nada valeu.

Srs. Deputados, porque após tanto trabalho, após tanta luta, a vida talvez foi tirada e encarada como se fosse um cão morto na avenida principal de Cuiabá.

É isso que acontece hoje em MT. Esse caso está mais difícil de desvendar do que o caso Watergate, quando o Presidente Nixon foi obrigado a renunciara nos EUA. Esse caso está mais difícil de desvendar do que o problema do “Esquadrão da Morte”.

Pag10 (Boletim informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

Existe uma omissão séria neste caso e nós não iremos para de falar mesmo que a nossa vida corra risco a todo o momento.

O Sr. Isaías Rezende – V. Exª me permite um aparte?

O Sr. Osvaldo Sobrinho – com todo prazer nobre Deputado.

O Sr. Isaías Rezende – Nobre deputado, nós ficamos sensibilizados pelo fato de até o momento ainda não ter partido do Governo de MT a apuração do fato ocorrido com esse fazendeiro.

Eu acredito Deputado, como todo povo mato-grossense hoje acredita ser um caso muito além do caso Nixon, porque se trata de um desrespeito ao ser humano, esse sequestro de dois seres viventes, o fazendeiro e o seu administrador, e que inclusive foi presenciado pelo seu filho, ou seja, o sequestro, repito.

Nós haveremos de falar nisso aqui todos os dias Deputado, haveremos de pedir e exigir desse Governo uma tomada de posição séria, com justiça, para o bem da população mato-grossense e para garantia e segurança de nossas famílias.

E nos lamentamos que esse plenário continue vazio, sem a presença dos representantes desse Governo e sem nenhum manifesto por parte desses homens que representam o governo nessa Casa, para prestar um esclarecimento. Nós que pedimos prestação de contas e muito mais ainda o povo e os familiares desse senhor.

Continuamos Deputado, firme, e no propósito de todo dia aqui ocupar a Tribuna e pedir que o Governo preste conta do ocorrido. Muito obrigado, nobre Deputado.

O SR, OSVALDO SOBRINHO – Agradeço o aparte de V. Exª e o incorporo ao meu pronunciamento.

Mas, Sr. Presidente, Sres. Deputados, esses são os fatos que ocorreram naquele município. Não são possível senhores Deputados, que com tantas provas, com tantas pistas deixadas não se chegue ao consenso do fato acontecido. Ora, foram levados dois carros, esses elementos que foram ouvidos são policiais, sobre o sequestro, não é possível que não tenham nomes. Não é possível que o Delegado de Colíder, o Sr. Joaquim, não tenha conhecimento do fato. Não é possível que o Sr. Louro exalasse como o éter. Não é possível que continue a calmaria na nau governamental. Não é possível que esse fato fique sem esclarecimento por toda vida. Já faz 13 dias que o fato aconteceu, não é possível que a vida de Louro e seu empregado não valham nada para o Governo!

Pàg 11 (Boletim Informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

Não é possível que um fato desses para ser apurado seja perguntado para o Zezinho da esquina: Foi você José? – Não, não fui eu. Foi você Manoel? - Não, não fui eu. Foi você Justino? - Não, não fui. Ah! Não foi ninguém, nem aconteceu com ninguém. Não é possível que seja feito assim. É preciso que haja seriedade. É preciso realmente, que se procurem os donos do fato. É preciso que se procure levar às barras da Justiça os implicados no caso, doa a quem doer. É preciso que o Governo de Mato Grosso seja mais responsável na função que exerce.

A Sra. Sarita Baracat – V.Exª permite-me um aparte?

O Sr. OSVALDO ROBERTO SOBRINHO – com muita honra.

A Sra. Sarita Baracat – É preciso que a Mesa Diretora da Assembleia tome providencias, porque já é o segundo ou terceiro deputado que se vê ameaçado por estar pregando o programa de Governo do seu Partido, do Partido da Oposição. Nós não podemos concordar que este parlamento, quando se ameaça a vida de Parlamentares tanto estaduais quanto municipais, continue calado, sem emitir uma nota de apoio e solidariedade àqueles que estão arriscando a vida para defender intransigentemente os interesses do povo.

O SR. OSVALDO ROBERTO SOBRINHO – Muito obrigado, realmente esse fato é bastante sério, temos certeza absoluta...

O SR. PRESIDENTE – a Presidência comunica o plenário, a líder do Partido Popular e aos nobre deputado Osvaldo Sobrinho, 1º Secretário deste Poder, componente da Mesa Diretora, de que ao tomar conhecimento, através de notícia veiculada pelo jornal e agora pelas palavras de V.Sxª, que a presidência assim confia e acredita, sem dúvida alguma, fará nas próximas horas uma reunião da Mesa Diretora para que providencias sejam tomadas em função das afirmativas de V. Exª neste parlamento.

O SR, OSVALDO SOBRINHO – Muito obrigado nobre Deputado, nós confiamos na solidariedade dos nossos companheiros, porque realmente o caso é bastante grave. E o que é mais grave ainda é esse envolvimento, essa omissão por parte do Governo em não querer esclarecer o fato. É por isso que nós, ontem, através desta Tribuna e através dos meios de comunicação desta capital, pedimos segurança. E através desta Tribuna, aqui e agora, nós pedimos ao Poder Legislativo que procure nos ajudar no sentido de oferecer segurança a este Deputado, por que eu tenho certeza absoluta que com esses esclarecimentos que estamos dando aqui e com os possíveis elementos que deverão estar arrolados nesse crime, nós corremos sério risco de vida, não só nós como a nossa família também. Nós não estamos falando com demagogia ou fazendo denúncias frias, mas são fatos que nós temos certeza que poderão acontecer. E, portanto, agradeço a Presidência desta Casa por esse apoio que está dando a esse Deputado. E nós temos certeza e com a união de todos os deputados nós poderemos fazer com que as autoridades competentes possam levar este caso ao seu termo e, consequentemente, trazer às barras da Justiça, os responsáveis por este fato. Não é possível que tamanho crime que tamanho ato de barbarismo e terrorismo seja perpetuado no silencio, para a vergonha de todos nós mato-grossense, de todos nós elementos humanos.

Eu agradeço de coração e aguardo desta Tribuna, desta Casa do povo, desta trincheira, que é a trincheira dos reclamos populares, as medidas que por certo deverão ser tomadas pelas autoridades, competentes do Estado de Mato Grosso e aguardo também por aparte de V. Exª a medida necessária para nossa segurança pessoal. Muito obrigado.

Era o que eu tinha a dizer. (Muito bem.)

DOCUMENTO A QUE SE REFERE O SR. GASTÃO MÜLLER EM SEU DISCURSO:

DEPUTADO DENUNCIA SEQUESTRO E DIZ CORRER RISCO DE VIDA

PG. 13

O Deputado Osvaldo Sobrinho ocupou a Tribuna, sessão de ontem, para denunciar o sequestro do Louro, ocorrido no dia sete de setembro, na fazenda de sua propriedade, situada no município de Colíder e que foi presenciado por um dos seus filhos. Segundo o Parlamentar, juntamente com Louro foi sequestrado um empregado da fazenda e, conforme depoimento do filho do fazendeiro participou do sequestro três policiais fardados e mais três elementos, dos quais descreveu um, afirmando ser este de estatura média, entre 35 anos, forte e careca. O Parlamentar afirmou só ter denunciado estes agora na Assembleia Legislativa, por estar procurando informações sobre o caso junto às autoridades competentes e solicitando providencias. Em seu pronunciamento disse estar correndo perigo de vida ao dar estas declarações e responsabilizou o Governo do Estado e o Secretário de Segurança Pública, Paulo Santa Rita, por qualquer coisa que lhe acontecer, salientando que as medidas tomadas para elucidar o sequestro estão ocorrendo de maneira lenta.

No dia do sequestro, conforme declarou o Deputado Osvaldo Sobrinho, apoiado no depoimento prestado pelo filho do sequestrado, este último havia deixado seu pai e um empregado da fazenda na sede desta para armar arapucas no mato. O filho de Louro, 18 anos, se encontrava há mais ou menos uns trezentos metros da casa da fazenda, quando ouviu dois tiros. Alarmado ele correu para a sede, protegido pelo mato, avistou seis homens (três fardados de policiais) em volta de dois Fiat, identificando um dos veículos como de propriedade de seu pai. Mas não viu nem o pai nem o empregado, percebendo apenas que os seis homens entravam nos dois veículos (presume ele ser um destes de propriedade da Colonizadora Colíder), retirando-se da sede da fazenda. Após os homens terem se retirado, o filho de Louro aproximou-se da sede da fazenda e constatou que além do Fiat, também foram levados vários pertences, duas espingardas e toda a documentação do fazendeiro. O rapaz então se deslocou para Cuiabá, onde relatou os fatos à justiça, prestando depoimento na Delegacia Regional de Cuiabá.

Segundo Osvaldo Sobrinho, ao ser informado dos fatos, procurou o Secretário de Segurança Paulo Santa Rita, pedindo lhe que tomasse todas as providencia cabíveis para desvendar o sequestro e este lhe informou que havia determinado ao delegado especial de Sinop para se dirigir à Colíder e abrir inquérito e detectar os responsáveis pela ocorrência. Conta ainda o Parlamentar que no dia seguinte, o Dr. Eudácio, Delegado de Cuiabá, se deslocou para a região, onde por um erro do piloto, o avião desceu na “Fazenda Jap - da Viúva”, que é vizinha da fazenda do sequestrado. Conforme ouviu do Delegado Eudácio, na “Fazenda da Viúva”, este obteve informações de que os moradores haviam visto um Fiat da propriedade da Colonizadora Colíder, passando cheio de gente no dia da ocorrência. Após ter ido até a Colíder onde nada detectou e deu instruções ao delegado especial que cuidasse do caso, regressou à Capital do Estado o Delegado Eudácio.

Disse o Parlamentar que, com a volta do Delegado Eudácio, novamente voltou a procurar o Secretário Santa Rita, pedindo-lhe que mandasse um maior número de investigadores para Colíder, com a finalidade de esclarecerem o caso, ouvindo do secretário que isso seria feito. Mas, nesta última quarta-feira, conforme disse Osvaldo Sobrinho, chegaram informações dando conta de que o delegado responsável pelo inquérito havia recebido ordens de cuidar de outros fatos em Alta Floresta e que o Delegado Geral de Polícia de Mato Grosso, Major Zuzi, havia se deslocado para Colider acompanhado de um escrivão para apurar os fatos.

Informações provenientes da região dão conta de que o fazendeiro sequestrado, Sebastião Louro de Lima, por razões pessoais e políticas, tinha uma “rixa” com o dono da Colonizadora Colíder, Raimundo Costa Filho, Outro homem identificado pelo filho de Louro, que segundo ele participou do sequestro, trata-se do pistoleiro “Paulo de Zé Belo”.

Pg 14 (Boletim Informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

SOBRINHO TEME POR SUA VIDA

“Notamos que as averiguações estão andando em marcha muito lenta e desencontrada e que não está havendo interesses na elucidação dos fatos por parte do Governo do Estado, porque poderá vir à tona, com estes esclarecimentos, à baila de nomes de elementos ligados ao partido oficial naquela região.” – disse o parlamentar, salientando que as investigações podem começar de dentro da própria Assembleia Legislativa de Mato Grosso, além de declarar que toda a Bancada do PP está atenta aos fatos e teme por sua vida, em vista da seriedade das denúncias que fez em plenário.

Afirmou o Parlamentar que, tendo em vista a lentidão das investigações, a Bancada o PP, após ter reunido e discutido as medidas a tomar, procurou a Polícia Federal com a finalidade de pedir ajuda para a elucidação do referido sequestro, que parece indicar uma conotação politica. Declarou que o diretor da Policia Federal informou que o fato é de competência da Polícia Estadual e somente pode interferir no caso com autorização expressa do Ministro da Justiça, Ibrahim Abi-Ackel. Segundo o Parlamentar, já foram tomadas providencias neste sentido, através de relato feito pelo Senador pepeísta, Gastão Müller, que está tentando entrar em contato com Ministro em Brasília, praça conseguir esta autorização.

Portanto, a Bancada do PP aguarda e espera que os Governos de Mato Grosso, através de seus órgãos responsáveis, tomem providencias mais rigorosas, porque cabe somente a ele a responsabilidade de apurar estes fatos. Ao dar estas declarações estamos correndo perigo de vida e a Bancada do PP, tanto na área federal, quanto na estadual, responsabilizará o Governo do Estado e o Secretário de Segurança, por qualquer ato danoso que venha nos acontecer, principalmente à minha pesão. Caso aconteça alguém coisa o partido saberá por onde começar para levar a irresponsabilidade dos responsáveis acobertadores deste fato ao domínio público. O PP só vai se calar quando forem mostrados ao povo de mato grosso os verdadeiros culpados por estes atos terroristas. Mas acreditamos que ainda existe justiça, mesmo que haja elementos que não queiram aplica-la. Confiamos no Poder Judiciário para que o mesmo pressione as autoridades policiais para que tão negro crime seja desvendado e para que os responsáveis sejam punidos pela Lei, disse ele, salientando que pedirá segurança de vida e solicitará apoio à imprensa para ajudar a descobrir os culpados pelo sequestro.

O Social Democrata, domingo, 21 de setembro de 1980. Pg. 15 (Boletim Informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

OSVALDO SOBRINHO

PP não acredita na eficiência da SSP

O Deputado Osvaldo, em encontro com a imprensa logo após seu pronunciamento da Tribuna, afirmou que vinha sofrendo ameaças de vida, por ter se empenhado pessoalmente para o deslinde do delito. Afirmou que as investigações policiais transcorrem pachorrentamente bem como desencontradas. Assegurou que existia uma rixa antiga entre o sequestrado e o Sr. Raimundo dono da falida Colonizadora Colíder, que inclusive teve os seus direitos de comercialização cassados pelo INCRA em 1974. As desavenças entre o dono da Colonizadora e a vitima refere-se a problema de terra. Disse mais o Deputado. Que o elemento suspeito do sequestro tem um verdadeiro exército de pistoleiros, semeando o terror na localidade.

Diante da inoperância da Polícia Estadual, o Deputado e seus companheiros de bancada procuraram o Delegado da Polícia Federal de Cuiabá, no sentido deles assumirem as investigações, dada gravidade do ato, pois que, além do problema de rixa, há como afirmou o Deputado, problema de ordem política. O Parlamentar inclusive considera a ação do sequestro um verdadeiro ato de terrorismo e se dirigirá ao Ministro da Justiça, objetivando conseguir sua autorização para que a Polícia Federal assuma a responsabilidade para apuração do caso.

A descrença foi semana atrasada, manifestada por vigoroso discurso pronunciado pelo Deputado pepeísta Osvaldo Sobrinho e endossado pela liderança do seu partido, bem como do PMDB. O objetivo do pronunciamento deveu-se a um delito cometido no Município de Colíder, onde supostamente foi sequestrado o Sr. Louro em sua fazenda na localidade de Nova Canaã. O desaparecimento do supracitado foi testemunhado por seu filho, que se encontrava armando armadilha para pássaros nas imediações da sede da fazenda.

Em seu depoimento a Policia, segundo o Deputado Osvaldo, O rapaz fez referencia à presença de um veículo Fiat e homens armados, inclusive usando indumentária policial-militar. Observou o rapaz que existiam elementos paisanos, inclusive um careca, de estatura média e meia idade. Segundo ele seu pai e um empregado foram obrigados a saírem da fazenda, escoltados pelos elementos raptores e até hoje seu paradeiro é desconhecido.

PG. 15 e 16 (Boletim informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

VIOLENCIA E MORTE, APÓS SEQUESTRO

VIOLENCIA E MORTE, APÓS SEQUESTRO

Senhor Presidente, Senhores Senadores!

Faz poucos dias em pronunciamento feito desta mesma Tribuna, solicitei ao Sr. Ministro da Justiça providencias relativa ao caso do fazendeiro Louro e seu empregador que, inexplicavelmente tinha desaparecido de Colíder, novo município de Mato Grosso.

Alertei parca a suposição de um sequestro depois assassinato dos referidos cidadãos. O Deputado Estadual Osvaldo Sobrinho já tinha denunciado o fato da Tribuna da Assembleia Legislativa do nosso Estado.

Agora Sr. Presidente Srs. Senadores, chega-nos a noticia que foram encontrados os cadáveres do fazendeiro Louro e seu empregado. Como se aventou desde o princípio, supunha-se que policiais militares estavam envolvidos no sequestro e os fatos vieram provar que se estava com a razão, pois, o próprio comandante da Polícia Militar, informa que quatro policiais já estão presos, envolvidos na violência, tendo sido aberto inquérito.

O Deputado Osvaldo Sobrinho, pela Tribuna da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, completa a denuncia citando, diretamente, os responsáveis principais pelo sequestro e depois pelo assassinato dos cidadãos citados.

É preciso, Sr, Presidente, Senhores Sanadores, que se contenha, em Mato Grosso e de um modo geral no Brasil inteiro, a violência dos que deveriam defender os interesses do povo.

Em vários Estados, e no caso específico em Mato Grosso, tem notado uma tendência cada vês maior das Polícias Militares e Civis de faltarem com os mais elementares direitos humanos.

No caso de Colíder, Sr, Presidente, Senhores Sanadores, os Policiais Militares n, teriam praticado o sequestro com as desculpas de levar os já falecidos cidadãos citados a deporem na Delegacia de Plicai. Com a conveniência, portanto, da polícia Militar e Civil, na pessoa do Delegado de Polícia, pelo que se ouve falar, foram o fazendeiro e seu empregado trucidados por um pistoleiro profissional. Se eles foram presos e levados à Delegacia teriam que está sob a proteção da Policia e não esta dar cobertura, pelo menos é o que se informa, aos mandantes e assassinos.

Há algo errado, Sr, Presidente, Senhores Sanadores, nas organizações de segurança que precisa ser sanado. As Polícias Militares e Civis devem ser não só de direito, mas de fato, entidades mantenedoras da segurança individual e coletiva, e não fatores de insegurança.

Era o que tinha a dizer.

(pronunciamento na sessão do Senado Federal, de 02/10/1980).

Pg. 19 (Boletim Informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

SEQUESTRO E MORTE EM MATO GROSSO

Senhor Presidente, Senhores Senadores!

No dia 02 do corrente assinalei, em rápido pronunciamento, o fato de terem sido sequestrado e mortos dois cidadãos na cidade de Colíder, em Mato Grosso.

Naquela oportunidade destaquei a violência ato e as implicações da Polícia Militar e Civil. O Globo, daquele dia, ou seja, dia 1º de outubro, publica notícia de Cuiabá, afirmando que pessoas de alta posição na comunidade de Colíder estão implicadas naquele brutal acontecimento.

Transcrevo Senhor Presidente, Senhores Senadores, a notícia de O Globo, apelando para o Governo Estadual e a Justiça de Mato Grosso que usem de toda energia a fim de evitar violência desse jaez.

Leio Senhor Presidente, Senhores Senadores, a nota intitulada “Sequestro e Morte em Mato Grosso”.

“LÍDER POLÍTICO, MÉDICO E POLICIAIS SÃO CULPADOS”.

Cuiabá (O Globo) – o Delegado de Polícia Joaquim Florentino Pereira, o médico Heron Corrêa, o líder político do PDS Orlando Carlos Vieira (todos da região de Colíder) e o investigador Permínio Pinto de Magalhães (do Distrito de Canaã) foram acareados ontem com os soldados da PM, Adalberto Dutra Ribeiro e João Soares, comprovando-se o envolvimento de todos eles no sequestro e assassinato do fazendeiro Sebastião Louro de Lima e um dos seus empregados, no último dia 7.

Os envolvidos já estão presos em Cuiabá, à disposição da justiça, que ontem mesmo decretou a prisão preventiva do dono da Colonizadora Colíder, Raimundo Costa Filho, apontado como o mandante do crime, e de seu pistoleiro “Paulo do Zé Belo”, que segundo um dos PMs presos “deu 2 ou 3 tiros em Louro e seu empregado, logo depois que o doutor Heron aplicou neles uma injeção”.

Os corpos das vítimas foram localizados nas imediações da Itaúba, carbonizados dentro de um carro Fiat. Hoje, serão removidos para Cuiabá, onde serão submetidos à autópsia no Instituto Médico Legal. Toda a Polícia de Mato Grosso está mobilizada para prender Raimundo Costa Filho, que, entretanto teria fugido para Terra Roxa, no Paraná, e daí para o Paraguai. A caça é escandida também para o pistoleiro “Paulo do Zé Belo”, que estaria escondido em casa de parente na região de Rondonópolis.

O Crime

O Soldado Dutra Ribeiro acabou revelando ontem os detalhes do sequestro e morte do fazendeiro e seu empregado. O PM, por ter 15 anos de serviços prestados à corporação, foi escolhido para comandar o destacamento de Colíder, enquanto o oficial titular fazia um curso em Cuiabá. No dia 7 de setembro, foi procurado pelo Delegado Joaquim Florentino Pereira, que lhe solicitou – a prisão de Sebastião Louro.

Os dois soldados partiram passando antes por Canaã, onde Raimundo Costa Filho e seu administrador, Orlando de Tal, lhes emprestaram um carro Fiat para buscar o fazendeiro. E receberam uma ordem final do delegado: “Se houver resistência, podem matar, que o Raimundo é homem do governo e não vai haver problema para ninguém”.

Presos o fazendeiro e seu empregado – ainda não identificado – na frente de criança, filho de Louro, os soldados voltaram e, no caminho, se encontraram com o dono da Colíder, seu administrador e o Delegado, num Passat. Os presos foram então levados para a Fazenda de Costa Filho.

Ali, o médico Heron os aguardava e aplicou uma injeção nos sequestrados. Os dois soldados afirmaram que se retiraram da área, por que estavam com medo. E ouviram então “Paulo do Zé Belo” gritar: “essas caras a gente mata é assim”. “Em seguida, dois ou três estampidos.”

Era o que eu tinha a dizer.

(Pronunciamento na Sessão do Senado Federal, de 06/10/1980) pág 23 e 24 (Boletim Informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

INDEPNEDENCIA DO JUDICIÁRIO

Sr, Presidente, Senhores Sanadores!

Recebi da Deputada Sarita Baracat , da Bancada do Parti do Popular, da Assembleia Legislativa , de Mato Grosso, um telex participando-me que o Tribunal de Justiça de Mato Grosso houve por bem negar Habeas corpus aos assassinos do Louro de Lima , chefe político no Município de Colíder naquele Estado e de seu empregado.

No refervido Telex a Líder da Bancada do Partido Popular, afirma: “Solicitamos levar conhecimento Ministro da Justiça a fim que ação enérgica daquele Ministério continue até final processo, evitando outras tentativas escusas fins soltura assassinos”.

Aliás, Sr, Presidente, Senhores Sanadores, tem-se que aplaudir o comportamento do Senhor Ministro da Justiça que agiu com energia, quando denunciamos o fato e continua a agir, permitindo que os trucidadores da Colíder sejam punidos.

Transcrevo para terminar, a mensagem que me foi enviada pela dinâmica Deputada Sarita Baracat.

Sanado Federal

Senador GASTÃO MÜLER

Levamos conhecimento prezado companheiro Poder Judiciário negou Habeas Corpus favor assassinos nosso líder Colíder Sebastião Louro de Lima vg razão nosso euforismo constatar independência nosso judiciário fugindo pressões integrantes Governo que de todas as formas tentaram conduzir o processo de tal sorte a favorecer famigerados matadores Colíder pt Solicitamos levar conhecimento Ministro Justiça a fim que ação enérgica aquele ministério continue até final processo evitando outras tentativas escusas fins soltura assassinos pt

Sarita Baracat – Deputada Estadual

Era o que tinha a dizer.

Pg. 27 (Boletim Informativo da Bancada do Partido Popular – PP).

Airton Reis

Deputado Federal

O JULGAMENTO DE FRINÉIA

Sr. Presidente, Srs.

Congressistas,

Frinéia mulher pecadora, corrupta e corruptora, estigmatizada pela sociedade, foi levada as barras dos tribunais pelos crimes de que era então acusada e pela própria conscientização da opinião pública, devia e certamente tinha que ser condenada, recebendo o castigo – segundo a dosimetria penal da época – correspondente a sua própria perversão moral. “A morte, clamava a sociedade!” – “O Tribunal é isento, mas a pena de morte é a única que se pode aplicar à acusada”, respondiam e informavam os juízes. Mas, surpresa das surpresas: o patrono de Frinéia, ante a ingrata e infrutífera tarefa de em seu favor convencer os julgadores, apelou pela gratificante beleza física da ré, em plena sessão de julgamento, desnudou-a de suas vestes, exibindo seus dotes harmoniosos de pura graça e rara estética, aos agora apalermados juízes, dos quais indagou: “senhores, poderiam uma mulher com estes atributos, ser considerada culpada?” Evidentemente que não! E Frinéia foi absolvida...

Neste Brasil de quase cinco séculos, em que se conhece, com os predicamentos que lhe são próprios, a isenção e a pureza cristalina de nossos mecanismos judiciários, forçoso, no entanto é reconhecer, à custa de reiterados e dolorosos exemplos, quase sempre despreparados para o combate eficiente à criminalidade e à prestação da garantia constitucional de paz aos cidadãos, cujos direitos inalienáveis à vida e à dignidade são infelizmente como se sabe, muitas vezes, postergados, atropelados, conturbados, agredidos justamente por aqueles que têm a obrigação e o dever de os fazer respeitar.

Ainda a própria sociedade se debate, em sua escada ascensional de aperfeiçoamento comunitário, segundo os ditames da civilização e adaptando seu arcabouço jurídico á evolução da própria ciência do direito, para extirpar de seu seio, os germes nocivos que medram alimentados pela impunidade paternalista propiciada pelos governantes do momento! Esse, Sr, Presidente, Senhores congressistas, o quadro geral em nosso País, em nosso amado Brasil: apesar da abertura falada, proclamada, prometida ou jurada – ou talvez até por causa dela, se alguns não a querem – se praticam atentados, se jogam bombas, se incendeiam bancas, se sequestram pessoas e se matam, deixando-se atrás dos inocentes “justiçados”, a grande legião das viúvas e dos órfãos de maridos e de pais ‘desaparecidos”, sacrificados pelos organismos oficiais de repressão,, torturados pelas “polícias paramilitares” ou vítimas, tão somente, de criminosos com uns que, num e noutro caso, quase nunca são descobertos e punidos.

Em Mato Grosso, em nosso torrão natal, não poderia ser diferente embora ali não atenhamos, graças a Deus, movimento reivindicatórios propagados com força de argumentos esquerdizantes de algumas remições do País. De vocação e tradição eminentemente agrícola, Mato Grosso se debate ainda, com zona pioneira de ocupação, com os grandes problemas de domínio e posse de terra, envolvendo zelosos e honestos colonizadores com pacatos lavradores e inescrupulosos capitalistas, grileiros profissionais com os mesmos lavradores humildes que, de todos os recantos do Brasil, para ali vão esperando realizar seu sonho de adquirir um pedaço de terra e torna-la produtiva para mais facilmente criar sua família.

O Distrito é hoje município de Colíder, no extremo norte de nosso Estado, ganha hoje manchete e nacionais. Ali um inescrupuloso e matreiro “colonizador” Raimundo Costa Filho, implantou uma cidade ardilosamente edificada sobre a boa fé de incautos colonos; tantas e tais fizeram e realizaram o Sr. Raimundo Costa Filho, para amealhar a sua fortuna pessoal, que se tornou conhecido não só por sua rapinagem como também por suas “excelsas” qualidades de líder político na região, havendo trabalhado ativamente no último pleito de 1978, o que lhe valeu o reconhecimento oficial do atual governo mato-grossense para, como antigo “coronel” do sertão, ali nomear seu apaniguados e prover todos os cargos públicos do feudo, galardoado, ainda, com o pomposo título de Presidente do Diretório local do Partido do Governo. Sentindo-se assim forte e prestigiado, partiu o Sr. Raimundo Costa Filho para mais uma empreitada criminosa, fazendo sequestrar e matar, com a conivência e participação assalariada de elementos da própria polícia estadual, dois honrados cidadãos e chefes de família, Sebastião Louro de Lima e Nivaldo Aventura, crimes perpetrados no último dia 7 de setembro. O sequestro testemunhado pelo filho de uma das vítimas, foi desde logo denunciado à opinião pública e as autoridades pelo zeloso e eficiente Deputado Estadual Osvaldo Roberto Sobrinho que, pelo seu destemor, pelo seu cuidado em querer esclarecer o fato criminoso, foi e está sendo ameaçado em sua integridade física.

A Bancada do Partido Popular no Congresso Nacional, hipotecando a irrestrita solidariedade ao Deputado Osvaldo Sobrinho, aqui se comunicou com o Exmo. Sr. Ministro de Justiça e, a partir do interesse demonstrado e pela diligencia determinada por S. Ex.ª, são finalmente descobertas peças do hediondo crime de Colíder, são presos seus autores materiais e decretados por autoridade judicial as prisões dos executores e seus mandantes, sendo que estes últimos, Raimundo Costa Filho e seu gerente Orlando de Tal estão atualmente foragidos e quiçá fora do país.

A nossa intensão Sr. Presidente, é demonstrar nossa confiança na honrada Polícia Militar de Mato Grosso, cujo todo não pode e nem deve ser comprometido por numa parcela má e cancerígena, já detectada, custodiada e em vias de expurgo e, acima de tudo demonstrar nossa confiança no Poder Judiciário de nosso Estado que não haverá de na aplicação da Lei, se deixar levar pelos argumentos do patrono do assassino Raimundo Costa Filho, o PDS de Mato Grosso, que procurará, a exemplo de Frinéia, demonstrar toa a beleza intrínseca de seu constituinte, de resto já prestigiada e reconhecida pelos governantes que hoje infelicitam nosso Estado.

No caso, Sr. Presidente, não se há de repetir em Mato Grosso, o “Julgamento de Frinéia”!

É o que tinha a dizer.

(Pronunciamento na Sessão Conjunta, de 03/10/1980.)

Pág. 35, (Boletim Informativo do Partido Popular de Mato Grosso Edição n° 6)

Louremberg Ribeiro Nunes Rocha

Deputado Federal

SEQUESTRADOS, DOBAPOS E...MORTOS!...

É HORA DA JUSTIÇA.

Sr. Presidente, Srs. Deputados.

Desgraçadamente temos que voltar à Tribuna desta Casa para mais uma vez denunciar à Nação o estado de arbítrio e desrespeito à vida humana ora ocorrendo em meu Estado de Mato grosso.

Desta vez, duas pessoas foram raptadas e mortas com auxilio da Polícia Militar, a mando e paga dos Srs. Proprietários da firma Colíder, no local de mesmo nome.

Os fatos são de estarrecer. Vejamos:

No dia 7 de setembro corrente Louro e seu empregado foram raptados na sua fazenda por três policiais da PM de Mato Grosso, sob a alegação de que o Delegado queria falar com eles. A meio da estrada foram interrompidos pelo proprietário da firma Colíder. Ali, depois de serem dopados pelo médico, foram friamente assassinados pelos capangas da firma.

Estas são declarações oficiais dos três policiais que participaram de toda a trama e que recebera cada um, Cr$50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros) e agora devolveram e está no processo, quase todo o dinheiro recebido.

Formado o processo, os autos estão em Juízo para decretação da prisão preventiva dos participantes neste macabro acontecimento.

Mas, Sr. Presidente, certamente estarão perguntam do os nobres parlamentares como isso ocorre em pleno ano 1980;de abertura, de reiteradas declarações de apoio dos direitos da pçessoa humana.

Ocorreu, Srs. Parlamentares. Porque o Sr. Raimundo, dono da Colíder, firma já cassada pelo INCRA, cujo passado de arbítrio e prepotência contra pobres colonos é sabido e ressabido em Mato Grosso, que “grila” até terra da própria União, que não respeita o INCRA, ocorre Srs. Parlamentares, porque hoje o Sr. Raimundo é o Presidente do PDS de Colíder, aparece em fotos públicas abraçado com Sr. Governador do Estado e, aberração das aberrações, da ele e seus gerentes declarações publicas na sede regional do PDS da Capital do Estado.

Sente-se ele impune e glorioso. No início deste ano o Sr. Presidente da República precisamente a 12 de março de 1980, desapropriou vasta área em Mato Grosso, abrangendo a Colíder, para fins de reforma agraria, para assim acertar a situação de milhares de humildes e pobres colonos lesado pela firma e sofrendo toadas as arbitrariedades naqueles sertões.

Mas o que o INCRA de Mato Grosso fez até hoje? Nada. nada vezes nada.

O coordenador do INCRA de Mato Grosso também é do PDS. Da comissão Provisória de Cuiabá. E, por isso nada fez até hoje para dar cumprimento ao Decreto do Sr. Presidente da República.

Foi certamente Srs Deputados, esse clima de impunidade que levou a mais esse crime hediondo.

Na semana passada aqui em Sr. Ministro da Justiça os fatos que estavam ocorrendo.

Já no ano passado, em companhia do bispo de Diamantino e do Dep. Osvaldo estivemos no INCRA, aqui em Brasília, para pedir solução.

O Dep. Osvaldo Sobrinho, em Cuiabá, está com sua casa cheia de líderes da região amedrontados com as ameaças que partem da firma contra os que falarem. O próprio Dep. e sua mulher, grávida de 7 meses, também estão ameaçados.

Este o quadro terrível de Mato Grosso Sr. Presidente.

Urge que os culpados paguem pelos seus crimes.

É hora de fazer justiça. Os órgãos federais conhecem os fatos e seus antecedentes. É hora da ação. O povo amedrontado e ameaçado já não tem a quem apelar, frente à insensibilidade do Governo do Estado.

(pronunciamento na Sessão da Câmara Federal, de 29/09/1980.)

Pág 42 (Boletim Informativo do Partido Popular de Mato Grosso Edição n° 6)

QUEM ARMOU A MÃO DO ASSASSINO?

TODO MUNDO SABE!...

Pronunciamento do Deputado Federal Milton Figueiredo na sessão da Câmara Federal, de 30/09/1980, com aparte dos Deputados: Louremberg Ribeiro Nunes Rocha, Gilson de Barros, Del Bosco Amaral e Élquisson Soares. Sobre o crime da Colíder. Conforme Boletim Informativo do Partido Popular – PP.. . Págs. 47, 48, 49, 50, 51 e 52. Documentos VIA Telex foram enviados para os Deputados aliados, sendo eles: Sarita Baracat, João Bosco, Estêvão Torquato, José Amando, Izaias Rezende Paulo Nogueira. Vereadores: Amadeu Mello, Moisés Martins- Dr. Guilherme Garcia e Jerônimo Teixeira.

TV Centro América, TV. Brasil-Oeste, Diário de Cuiabá, JPM Publicidade e INCRA em Brasília e Dr. Paulo Yokota.

DECRETO DE PRISÃO

PREVENTIVA

PODER JUDICIÁRIA DO ESTADO DE MATO GROSSO

Vistos etc.,

A autoridade policial incumbida de presidir o inquérito representa no sentido da decretação da prisão preventiva dos imputados Raimundo Costa Filho, Paulo Barros, vulgo Paulo do Zé Belo, do Bel. Joaquim Florentino Ferreira, Delegado de Polícia de Colíder, do médico Heron Correia Mochotó, de Orlando de Tal, Hermínio Pinto de Magalhães, bem como dos milicianos João Soares e Alberto Dutra Ribeiro, visto como todos eles são aqui apontados como autores de sequestro e homicídio levados à efeito na Colíder contra as indigitadas vítimas Sebastião Louro de Lima e Nivaldo Aventura.

E, com efeito, compulsando os autos, verifica-se que Raimundo Costa Filho na disputa possessória havida contra o seu adverso Sebastião Louro de Lima, foi muito além de simples pilhagem de terras, mas tramou e ma, digo, posto que tramou e mandou executar a morte deste, servindo-se do apoio e colaboração dos indivíduos acima indicados.

Gozando de destacado prestígio na região, fácil lhe foi angariar a simpatia e anuência da própria autoridade policial, cujo destacamento se serviu, para a consecução da empresa funesta e fatal.

E a seu serviço se colocou também o médico da localidade, conhecido por Heron, Heron Correa Mochotó, conforme esclareceu o Conselho Regional de Medicina.

Pois os autos esclarecem em que consistiu a performance deste indiciado que não teve o menor escrúpulo em colocar sua profissão a serviço do crime.

Paulo Barros o celerado que atirou e matou; o investigador Permínio Pinto de Magalhães e os milicianos João Soares e Adalberto Dutra Ribeiro, todos de vem ser compelidos ao carcer ad custodiem para que melhor se esclareça e hediondez do crime em exame para que se não perca, disperse ou dificulte a produção de provas, como imperativo e conveniência da própria instrução criminal, bem como para aplicação de lei penal, pois que se não ignora a evasão do distrito da culpa e alguns dos indiciados, notadamente de: Raimundo e de Orlando, os quais pelo que se assoalha, homiziaram-se em outra unidade da federação, tangidos pelo receio de caírem nas malhas da lei.

Dessa maneira estando comprovada a existência do crime, bem como indícios suficientes de autoria dele, não tendo dúvida em determinar o recolhimento ao cárcere dos infratores: Raimundo Costa Filho, Paulo Barros, Joaquim Florentino Ferreira, Heron Correia Mochotó, Orlando de Tal, Permínio Pinto de Magalhães, João Soares e Adalberto Dutra Ribeiro, pelos motivos acima alinhavados, e com fundamentos nos art. 311, 312 e 315do C. Pr. Penal, nova redação dada pela Lei nº 5.349 de 03/11/1967.

EXPEÇA-SE, pois, os devidos mandados de prisão, remetendo-o à POLÍNTER para as diligencias de captura.

Indefiro o pedido de devolução do inquérito policial, e determino se prossiga nele, em autos complementares que deverão ser anexados nestes, oportunamente.

CUMOPRRA-SE, e, em seguida, vista dos autos ao M.P.

Cuiabá, 27 de setembro de 1980 – Benedito Pompeu de Campos Filho – Juiz de Direito da 1ª Vara Criminal.

Pág. 66 (Boletim Informativo do Partido Popular de Mato Grosso Edição n° 6)

“CARTA À FAMILIA ENLUTADA NA CIDADE COLÍDER”

A abertura política, o retempero democrático, a liberdade de pensamento e de expressão, a manifestação contrária aos interesses do Governo a trincheira de luta e de resistência da oposição, não sido aceitas e praticadas pelos mandantes do poder no Brasil e em Mato Grosso, resultando reações de toda natureza, contrárias a que o povo escolha seus caminhos e possa se libertar das amarras a que tem sido submetido.

Nas instituições defensoras da liberdade e do direito, nas empresas, nas bancas de jornal e em outros esteios dessa sonhada liberdade democrática, as bombas estouram, incendeiam e matam inocentes almas humanas, para amedrontar, deitar medo, pavor e pânico no seio da família brasileira, cansada de tanta pressão e opressão, diante dos desencantos e descrenças nos atos do Governo.

Prova de que no país se alastra essa onda de terror e de crimes, aí está o dramático e brutal sanguinário e impiedoso crime de Colíder, onde a babarei e a sanha assassina liquidaram cruelmente Sebastião Louro de Lima e seu Empregado Nivaldo Aventura, por mando e prática dos asseclas do partido governista, acobertados pelo PDS de Colíder.

Crime eminentemente político, somente veio a ser investigado pelo Governo do Estado, após interferência direta e energética do Ministro da Justiça, por solicitação da Bancada federal do PP em Brasília, que levou os fatos criminosos ao conhecimento daquela autoridade e denunciou o descaso do Governo de Mato Grosso, até mesmo a suspensão da investigação iniciada pela Secretaria de Segurança do Estado, quando os rumos indicavam participação de políticos governistas, mancomunada com as autoridades policiais da Colíder.

Presos uns e foragidos outros, toda a podridão veio a publico, ficando provado que a denúncia do Dep. Osvaldo Sobrinho e dos seus companheiros deputados membros do Partido Popular da Assembleia Legislativa, estava fundamentada a na mais dura realidade, que o grupo governista envolvido buscara esconder e tumultuar.

Antes mesmo que o Juiz de Direito decretasse a prisão preventiva dos implicados no bárbaro crime, o advogado Ben-Hur de Marimon, ligado ao grupo dominador da Colíder, atualmente bem aquinhoado e protegido com um cargo de assessor jurídico da Assembleia Legislativa, a serviços do líder do Governo naquela Casa, apressou-se a requerer cópia dos autos e depoimentos prestados por testemunhas na Polícia, para instruir o habeas corpus preventivo do mandante e dos praticantes do horrendo crime, o que mostra que o advogado sabujo e súdito governista já sabia dos culpados pela chacinar impiedosa.

Nitidfamente politico, o crime que roubou a vida de Louro e seu empregado significa que em Mato Grosso não pode haver opositores ao governo e ao Governador, que a Oposição tem que ser destruída, enterrada, sepultando com ele a voz do povo, seus reclamos e seus sofrimentos.

Os sacrificados eram vozes discordantes, opositores a todo esse estado de prepotências, desumanidade, de exploração e de escravidão branca, regime imposto na Colíder pelo seu senhor único e impçerador Raimundo, indiciado mandante e pagante do crime, que se encontra foragido, conforme corajosa denúncia e detalhado noticiário trazido a público pelo Correio da Imprensa.

Louro discordante e opositor aos desmandos e à prepotência de Raimundo, o dono da Colíder, protegido mandão daquele império de injustiça e de crueldade, fixou-se no PP em oposição ao PDS do potentado.

Este, o quadro sinistro da Colíder que culminou com o sacrifício de um chefe de família , ordeiro e trabalhador, que não trocou sua independência e idoneidade com a sanha assassina dos mandantes do abominável crime que ceifou a vida de Louro.

Estamos denunciando as autoridades e ao povo mato-grossense, como ao Brasil todo, que a força do crime em Mato Grosso está a serviço do governo e do seu partido. Denunciaremos à Nação a falta de segurança com que luta a oposição para implantar seus propósitos e o seu programa político, neste Estado.

Diremos ao Governo que, se não é possível aos seus cupinchas convencerem ao povo, através da palavra e do trabalho, não será com pistoleiros e sanguinários que haverá de conseguir simpatia e adeptos para o PDS.

Aos familiares dos falecidos companheiros, vítimas da sanha assassina de um satanás do Oeste Brasileiro, os sentimentos de pesar dos membros e dirigentes do Partido Popular em Mato Grosso, enlutado também, como toda a família da Colíder, pela onda criminosa de brutalidade, de espancamentos e de assassínios, que mancha o brio da sociedade e dos habitantes dessa região.

Acompanharemos em todas as suas fases o processo criminal contra os culpados e não permitiremos que os criminosos sejam protegidos pelos seus mentores e padrinhos políticos, engajados na podridão governamental. Nossos mortos serão vingados, pela justiça e pela Lei! Louro e Nivaldo são vítimas imolados à democracia, como os Tiradentes destes tempos, na luta que travavam pela decência e pela dignidade do povo de Colíder, povo que não quer, não aceita e nem participa do regime de opressão e de vida escrava que lhe impingia o tirano mandante do brutal assassinato.

Os tempos são mudados e outras mudanças virão, pela paz, pela felicidade e pelo bem-estar geral da família mato-grossense.

Cuiabá, 04 de outubro de 1980. – Deputado Bento Lobo – Presidente do Partido Popular, em Mato Grosso.

Publicado no “Boletim Informativo”, órgão de divulgação do Partido Popular de Mato Grosso – Edição nº 6 – 04-10-1980.

Pág. 77 (Boletim Informativo do Partido Popular de Mato Grosso Edição n° 6)

Relata ainda o livro Colonização e Massacre que a polícia conseguiu chegar aos assassinos a partir do depoimento dos dois meninos (Urandi e José Alves), e aos corpos, dentro de um Fiat, queimados, através de uma denúncia feita por Bonifácio Pereira Mendes que deparou vários dias posterirormente a uns 150 metros mata à dentro em uma fazenda próximo ao Rio Parado.

Foto: Urandi - fiat 147 de Louro

Por que do ocorrido? Eram terras devolutas e indígenas, surgiram os grilos, como se originou o litígio entre Raimundo e Louro (sócios). Nas medições sobrou grande área de terra na região da Gleba Nova Canaã, surgiu então a sociedade entre: Raimundo, Dr. Wilson e Louro, 2 mil alqueires cada, a Colonizadora obteve a documentação da área mas em nome de Louro. Louro por sua vez ficou responsável pela demarcação, documentação, abertura de estradas e bueiros e executou a obra. Raimundo não concordou em pagar a parte que lhe tocava e vendeu sua parte sem pagar a conta. Daí em diante foram 24 meses de rixa.

JULGADOS, ABSOLVIDOS E CONDENADOS: - Foram arrolados aproximadamente 50 pessoas no processo judicial que teve inicio na capital de Mato Grosso em 1980 e se encerrou no Fórum da Comarca de Colíder em 1991, 11 anos depois. Os envolvidos no crime pagaram suas dívidas à Sociedade e à Justiça. Orlando Carlos Vieira in memoriam e Heron Correia Mochotó apresentaram testemunhas ao Tribunal do Júri. (competente para julgar os crimes dolosos contra a vida). Provaram sua inocência no episódio. O corpo de jurados votaram pela absolvição do Orlandinho que foi absolvido de todas as imputações que lhes foram feitas no processo.

Raimundo Costa Filho e Paulo Belo (Paulo do Zé Belo), foram condenados e encontram-se em local ignorado.

Sob ameaças, e á força, realizou uma formidável operação, à moda faroeste americano, na sede da fazenda da vítima uma espécie de guerrilhas urbanas, posto que só terroristas profissionais seriam capazes de empreender o cerco e render os inimigos , de forma tão segura e eficiente , em tão curto espaço de tempo como aconteceu. Subjugadas as vitimas facilitada ficou a tarefa dos denunciados em, recolhê-las aos veículos. Um deles, por sinal, ironicamente de propriedade de Sebastião Louro de Lima.

Fica um questionamento. Passaram-se 38 anos, o que fazem e onde estão os condenados não encontrados? (Atualizada por Elias Alves Aranha – DRT/MT 001016 em 25/04/2019)

Elias Aranha
Enviado por Elias Aranha em 29/04/2019
Reeditado em 07/04/2024
Código do texto: T6635267
Classificação de conteúdo: seguro