Entoando o hino nacional a plenos pulmões!?
O hino nacional foi criado com a finalidade de desenvolver nos cidadãos brasileiros o amor e o respeito pela pátria, além de ressaltar as grandezas, que dizia-se ser: mãe e gentil. Nas décadas passadas, as escolas tinham o costume de organizarem os alunos em filas, e hastearem a bandeira, e cantarem o hino nacional pelo menos uma vez por semana, a fim de ensinarem os alunos a terem respeito por esse e outros símbolos nacionais. Além disso, eram ministradas aulas enfadonhas de moral cívica, mas boa parte dos alunos apenas balbuciavam algumas palavras erroneamente, pois não sabiam nem ao menos os significados de tais vocábulos.
Entretanto, quando qualquer brasileiro escuta os seguintes versos: “prepara, que agora é hora do show das poderosas” tanto sua intérprete quanto o restante da música são extremamente conhecidas, enquanto que o hino nacional e seu compositor são quase que seres de outro planeta, causando estranhamento e até mesmo sentimento de vergonha, horror e repúdio, pois leva a sociedade brasileira a refletir criticamente sobre quão belo e grandioso poderia ser sua terra natal, que já foi tão enaltecida e amada por tantos músicos e poetas, como na Canção do Exílio, de Gonçalves Dias: “minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; as aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá...”, mas que hoje causa tanta vergonha e desolação.
Infelizmente, o sentimento de patriotismo só é visto nas ruas e nas casas dos brasileiros durante a época da Copa do Mundo e se o Brasil estiver na frente do placar. Caso contrário, a camiseta já é retirada do corpo e a bandeira é deixada de lado. Não se pode culpar os meninos e meninas de hoje, pois o Brasil fora colônia de exploração durante anos a fio de Portugal, onde o interesse era puramente lucrativo, não havia a preocupação de instaurar o amor pela pátria e tão menos de preservar a história dessa nação.
A tentativa de restaurar o sentimento de patriotismo que foi iniciada em 2009, através de uma lei Federal que determinava que o hino nacional fosse executado semanalmente em escolas de ensino fundamental, públicas e privadas e ratificada pelo atual presidente, deixando claro o desespero dos governantes para demonstrar às pessoas de que existe um real interesse de que o senso de civismo e patriotismo seja restituído através da entoação do cântico nacional, com palavras que são tão arcaicas e utópicas quanto a maneira de governar dos políticos brasileiros.
É difícil exigir dos adolescentes “um brado heroico e retumbante”, quando em casa não se tem o que comer ou o que vestir, é tortuoso pensar num “sol de liberdade, em raios fulgidos”, quando os políticos cometem todos os tipos imagináveis de crimes e continuam soltos ou acreditar “num sonho vívido” quando muitas crianças não chegam nem a fase adulta. O simples fato de ensinarem as crianças a cantarem o hino nacional nunca foi e nunca será sinônimo de civismo ou patriotismo. Antes de tudo é necessário suprir as deficiências básicas, tais como: saúde, moradia, lazer e educação para depois construir o orgulho nacional. Isso só será possível quando o interesse dos governantes for o povo, priorizando uma educação igualitária; quando a mídia não manipular os dados em benefício próprio; quando as Instituições não forem corrompidas, chegará o tempo de a sociedade entoar o hino nacional a plenos pulmões.